Cᥲρίtᥙᥣo 29

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Conversaram pouco dentro do carro a caminho de volta para casa. A única coisa perceptível aos ouvidos de Jisung era a respiração pesada de Minho e o som das buzinas dos carros. A cidade apresentava um grande tumulto especialmente naquela sexta-feira de dezembro, minutos próximos à meia-noite. Minho dirigia com o cenho franzido e bem marcado. Quando ia em linha reta ou o tráfego o parava à força, segurava o volante com apenas uma das mãos porque a outra era rapidamente envolvida pela de Jisung. Era quente e serena entre ambos. Cada uma de suas células conseguia relaxar quando estava perto das de Jisung.

- Foi uma pena que eu não tenha tido a chance de me despedir do Chan. - disse Jisung. O condutor de um dos carros vizinhos praguejou alto demais. Minho fechou os olhos, sentindo uma pontada nas suas têmporas por suas palavras chulas, e Jisung se apressou a fechar a janela de seu lado.

- Melhor assim - murmurou Minho. - Fui ao quarto dele antes da operação.

Jisung ficou em silêncio. Acariciou os nós dos dedos de Minho com o polegar e esperou pacientemente pelo resto da história.

- Ele percebeu. - confessou. Minho inalou rapidamente, como se o ar tivesse subitamente desaparecido de seus pulmões e continuou - Seungmin salvou minha pele. Chan tentou se defender. Nem eu sequer pude me despedir, porque ele percebeu.

Minho desligou o motor do carro. O tráfego parecia não ter intenção de guiá-los a qualquer lugar tão cedo. Jisung se inclinou sobre seu assento sentindo o cinto de segurança puxá-lo para trás tentando o manter imóvel. Superou seu obstáculo e segurou a bochecha esquerda de Minho com a palma da mão.

- Você foi forte. - soltou.

Minho não pareceu muito convencido disso e assentiu em descrença. Desviou o olhar para sua calça. Jisung ergueu seu queixo para fazê-lo olhar para si e então voltou para sua posição inicial em sua bochecha.

- Não consigo pensar em ninguém que teria resistido a isso melhor.

- Eu estava tremendo lá dentro - disse com a voz quebrada e o coração de Jisung se comprimiu. - E quando você fez o coração bater eu me senti tão aliviado...Sinto muito...Não deveria ter me sentido assim.

Jisung percebeu. O rosto de Minho estava pálido e cada um de seus poros emanava um sentimento de culpa. O cinto o puxou ainda mais. Jisung praguejou e o tirou para se aproximar o mais perto de Minho quanto a distância entre ambos permitisse.

- Você não se sentiu assim - lhe disse. Se acomodou o melhor possível e acrescentou ao tato de sua palma o toque de seus lábios. Suas palavras aqueceram a bochecha direita de Minho. - Te fizeram se sentir assim. Nenhum homem é livre nem totalmente responsável por seus atos quando se tem uma arma apontada para seu corpo. E você não teve apenas uma, Minho.

Este fechou os olhos e procurou por mais proximidade...Sua mão se acomodou atrás da cabeça de Jisung e tentou trazê-lo para mais perto a fim de encontrar mais calor em seus lábios. Jisung satisfez seus desejos e deixou alguns beijos perto de onde os dele estavam. Minho suspirou.

- Você sabe por que eu queria ver Bang Chan? - perguntou.

Sem força para pronunciar palavras, Minho negou. Jisung o olhou de perto...seus lábios volumosos, seu nariz esperando para ser beijado...Seus olhos estavam cansados, mas ainda brilhavam com a pequena faísca de esperança que havia emprestado a ele.

- Nunca pude agradecê-lo por juntar nossos destinos. - confessou. Minho sorriu e acariciou os cabelos de Jisung, procurando mais uma vez se aproximar de seus lábios.

A buzina do carro de atrás os fez se separar. Lhes anunciando que não havia mais veículos para obstruir o seu.

Jisung piscou para Minho e este sorriu.

𝐀𝐍𝐀𝐓𝐎𝐌𝐈𝐀 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora