Capítulo 1 : O casamento

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Fanfic feita em co autoria com a Jenny.

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A infância de Alec é muito provavelmente o período de sua vida em que ele foi mais feliz. Sua mãe Maryse era uma alfa gentil e bondosa, passavam juntos horas e horas discutindo sobre a natureza, a sociedade e sobre coisas simples que deixavam ele fascinado.

O pai era um ômega comerciante e viajava constantemente oferecendo as mercadorias e os negócios iam bem, tinha uma fazenda grande com uma casa igualmente grande e Alec amava os momentos em que todos estavam juntos e o pai contava suas histórias da estrada e ele ria.

—Alec. — Dizia a mãe.— Aqui em casa, junto comigo e com seu pai, você está seguro mas o mundo não é assim, principalmente com ômegas, quando tiver idade seu corpo vai mudar e coisas que não entende vão acontecer e precisa estar atento.

Maryse estava tossindo muito. As vezes ela perdia o fôlego e Alec gostaria de ter prestado atenção nisso, talvez se houvesse avisado o pai...

—Eu não entendo mãe.— Sussurrou Alec. — Não entendo o que você está dizendo.

Ela tinha segurado seu rosto nas mãos, de maneira gentil.

—Ômegas precisam de proteção, no nosso mundo os ômegas precisam garantir sua segurança e eu não vou estar aqui para sempre, então precisa ter cuidado pequeno. — Dissera ela um pouco melancólica.

Agora, pensando naquela época, nos conselhos que ouviu e nas mudanças que iria passar, Alec se sentia culpado por não ter reparado que aquilo era uma espécie de despedida, um conselho antes de partir.

A doença dela chegou rápido e a levou igualmente rápido, quase como num piscar de olhos. Em um dia ela estava lá e no outro Robert, seu pai, estava voltando às pressas para casa porque a esposa não iria aguentar muito mais tempo e ela realmente não aguentou e Alec se obrigou a ser forte porque ainda tinha segurança, o pai cuidaria dele e os dois iriam ficar bem. Eles sempre ficavam bem.

Mas aquele pensamento infantil não estava correto, daquela vez só sua família não seria suficiente e precisavam de algo mais, de alguém de fora.

—Alec. — Disse Robert, quando chegaram do velório, a roupa preta pesando em seus corpos e a terra ainda sujando os sapatos. Robert segurou sua mão e o guiou até o sofá e sentaram um de frente para o outro. — Nossa vida vai mudar, a partir de hoje nossa vida não será mais a mesma, é preciso que seja forte.

Alec assentiu.

—Não entendo muito bem, mas vou ser. — Confessou Alec, com a esperança de dias melhores brilhando no peito.

—Nós dois somos ômegas e precisamos de um alfa em casa, mesmo que as pessoas saibam que eu já fui casado, alfas mal intencionados podem entrar aqui e...— Robert pareceu um pouco preocupado, provavelmente hesitando pela pouca idade do filho.— E tentar morar aqui conosco sem nossa permissão, por isso o papai precisa encontrar um bom, como a sua mãe.

—Mas não quero outra mamãe.— Disse Alec, eles poderiam ser felizes sozinhos e era só trancar as portas e janelas e não permitir a entrada de alfas ruins. — A gente consegue sozinho pai.

Robert negou e segurou sua mão.

—Está muito cedo e eu vou esperar mais um pouco, mas preciso de um alfa aqui antes que você comece a... Amadurecer demais.—Disse Robert e ele quis protestar, todos diziam sobre esse tal ''amadurecimento'' e não conseguia entender o que era isso ou quando começaria só parecia importante e perigoso.— Quando a hora chegar, vou precisar de um alfa e de uma nova marca e assim estaremos seguros.

—Mas a mamãe não deu a você a marca?— Perguntou Alec.

—Sim, mas quando o alfa responsável pela marca morre, ela some. — Disse ele e exibiu o pescoço liso, onde antes costumava ter a marca de sua mãe, agora nem um vestígio restava. — Eu sou um ômega sem marca agora, entende?

—Mamãe dizia que ômegas sem marca podem ser reclamados contra sua vontade e que eu deveria fazer o possível para evitar isso. — Comentou Alec e o pai sorriu.

—Eu não vou permitir, jamais, que um alfa ruim tente reclamar você.— Assegurou ele e Alec sentiu um pouco do medo diminuir. Ainda poderia ter um pouco de segurança no fim das contas.

***

Os anos se passaram e o pai continuou sozinho, Alec cresceu e viu mudanças expressivas acontecerem em si mesmo mas nada do tal 'amadurecimento'' porque seu pai insistia em dizer que isso não tinha acontecido ainda e que o primeiro poderia demorar e poderia ser mais intenso e ele só ignorava, sempre que pedia por maiores explicações o pai dizia que ele saberia na hora certa e como essa hora nunca chegava, Alec começou a achar que nunca chegaria e desistiu de especular.

Mas, numa tarde que tinha tudo para ser tranquila, um barulho de carruagem se fez presente e Alec correu para a janela e observou alguém chegando, seu pai só usava a carruagem grande quando tinham visitas.

Alec tirou um pouco da bagunça da sala e ficou apresentável para os estranhos chegando.

A porta abriu um pouco depois e o pai entrou acompanhado de outras três pessoas, a mulher alta e ruiva era uma alfa e ao seu lado estava outro alfa, os cabelos quase brancos e um pouco atrás escondida atrás de uma massa grande de cachos ruivos estava uma outra ômega. Alec sorriu para eles e parou quando seus olhos se encontraram com o loiro, ele não cheirava bem, era forte e impregnava no nariz de um jeito estranho.

—Oi, eu sou Alexander Lightwood. — Disse Alec e estendeu a mão para a mulher alfa. Ela segurou firme.

—Sou Jocelyn e esses são meus filhos, Sebastian Verlac que você deve conhecer como o braço direito do príncipe Magnus Bane e essa é minha filha, Clarissa.—Anunciou ela e Alec manteve o sorriso intacto, ainda que os olhos de cobra de Sebastian o deixasse meio zonzo. Alec observou o pai e notou nele um pouco de culpa e só então reparou na marca suave de presas no pescoço dele. Então essa alfa e os filhos eram...— Vamos ser uma boa família.

Sebastian deu um passo à frente e Alec recuou quase no mesmo instante. Ele nunca tinha estado perto de outros alfas antes, a última que tivera contato fora a mãe e ele não saia para o vilarejo, nunca.

—Deveria ter me dito que seu filho era tão agradável, Robert. — Anunciou Sebastian e sorriu. Alec não retribuiu.

Robert entrou entre os dois e Alec sentiu um cheiro estranho no ar, um cheiro de algo fora do ponto, errado.

—Alexander é muito reservado, ele não está na idade de conhecer outros alfas. — Disse o pai e Alec agradeceu por isso, mesmo que estivesse na idade, aquele alfa ali não iria querer conhecer. Agora venham, vou mostrar a casa.

Robert lançou a ele um olhar tranquilizador e saiu da sala com os três novos moradores e Alec se jogou no sofá, precisaria ter coragem.

Nas semanas seguintes começaram os preparativos para o casamento e Jocelyn exigiu tudo de melhor que o dinheiro deles poderia comprar mas Alec estava aliviado porque Sebastian tinha viajado para ajudar Magnus Bane com coisas importantes e era muito excitante ter um irmão adotivo que trabalhava com o príncipe, ele deveria ter sua idade, talvez um pouco mais e já se preparava para assumir o trono em alguns anos.

Depois de muito trabalho o casamento finalmente estava chegando e Alec mesmo não sendo o preferido da madrasta torcia para que o pai fosse feliz, a marca durava enquanto o alfa estivesse vivo e ele queria muito vê-lo sorrindo como sorria para sua mãe.

A cerimônia correu bem, Sebastian estava lá e Clary também. Alec tentou se aproximar da ômega, mas ela apenas se afastou e ignorou sua tentativa de conversar. Alec fingiu não ligar, era um pouco solitário mas não poderia reclamar.

A cerimónia terminou e Jocelyn sorriu. Ela observou todos com um olhar superior e depois sorriu.

Alec sentiu um arrepio longo na espinha e torceu para tudo dar certo, ele precisava que desse certo.

Mas assim como seu pensamento infantil sobre a mãe estar lá para sempre, essa esperança de um futuro melhor era tola e estava errada.

The Misterious Ômega - ABO MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora