Capítulo 4: Uma noite após o baile

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Alec ficou jogado na cama sabendo que estava sorrindo, nem mesmo a dor das presas de Magnus estavam sendo o suficiente para aplacar sua felicidade. Ninguém tinha avisado que doía ser marcado, só falavam que era legal ter um alfa, que a marca era uma união até que a morte os separasse e esses bla bla bla mas ninguém mencionava que queimava pra caramba depois mas ele não estava ligando para isso porque hoje era o dia de sentir dor.

Pelo menos aquele calor infernal tinha passado e a dor junto dele também. Aquela dorzinha chata no abdômen estava quase imperceptível e Alec tinha certeza de que ela passaria também.

Ele levantou e escondeu o terno entre as bagunças do porão, quem visse acharia que era apenas uma roupa a anos abandonada ali. Alec acendeu a vela e procurou entre as roupas um suéter com gola alta e vestiu, para não correr o risco de ser descoberto, precisaria agir com cautela, se o príncipe soubesse que havia marcado um ômega que mora num porão sujo, ele poderia ficar irritado com sua impertinência e definitivamente não queria ser rejeitado por ele.

Quando Jocelyn e Clary chegaram do baile Alec continuou imóvel, não queria que nada denunciasse sua escapada para o baile porque nem elas ou o alfa asqueroso poderiam estragar sua felicidade. Ah não poderiam, porque agora ele era de Magnus.

Conforme os dias passavam Alec manteve a coragem inalterada, mesmo que estivesse com uma tontura estranha e um enjoo matinal péssimo, só de pensar em comida seu estômago protestava e ameaçava devolver tudo. Talvez tivesse pego uma virose, seu pai havia alertado ele sobre beijos e tinha beijado Magnus um bocado, talvez devesse consultar um médico para não correr o risco de algo se agravar.

O cheiro de mofo ficava mais intenso a cada dia e incomodava seu nariz e deixava sua pele coçando e seu corpo inteiro parecia protestar quanto a isso mas precisava aguentar um pouco mais, até Jocelyn estar com a guarda baixa e poder fugir e procurar o príncipe e explicar sua série de infortúnios.

Alec desejou ser um ômega mais esperto, se entendesse sobre marcas ou cio talvez essas coisas não estivessem acontecendo, a dor no abdomen evoluiu para uma pequena protuberância, era quase imperceptível mas ele já podia notar que ali estava aumentando e inchaços nunca eram coisa boa, seu pai tinha dito que o primeiro sinal de inchaço no corpo ele deveria contar mas não poderia contar para ninguém e duvidava que Jocelyn fosse ligar para isso. Ele torcia para não ser nada muito grave.

***

Magnus estava desesperado, não existia outra palavra para descrever o que ele sentia, talvez ''pânico profundo'' fosse uma boa pedida. Nos primeiros dias procurando seu ômega, ele se sentia confiante, quer dizer, Alexander só usava uma máscara e tinha olhos azuis profundos, não seria difícil achar mas ele não encontrou e uma semana virou duas, evoluiu para três e agora já completava um mês da mais completa agonia. Na marca a única coisa que sentia era apreensão e cautela e não entendia o motivo.

Se Alexander fosse um ômega buscando um alfa ele teria ficado e não fugido pela janela, ele teria se mantido ali e assumido seu lugar como o ômega do príncipe Magnus Bane mas ele não fez isso e agora parecia que tinha virado poeira.

—Magnus, já faz um mês.— Disse Sebastian, ele estava na linha de frente para as buscas. — Talvez ele tenha desistido.

Magnus negou com a cabeça, ele não faria isso. Por Deus ele nem sabia como ômegas ganhavam a marca, ele não poderia ser esse tipo de homem.

—Não vou desistir dele Sebastian, eu preciso encontrá-lo e se ele não me quiser, vai ter que dizer isso para mim.— Disse Magnus,a marca era provisória já que ele tinha garantido que não estava no cio então queria encontrá-lo antes que a distância fosse tamanha e ela desbotasse na pele, desfazendo o laço dos dois.

—Magnus, eu já fiz o que podia e além.— Explicou o conselheiro. — Não temos mais onde procurar.

—Então não está fazendo bem feito, ele mora na cidade, eu sei disso, eu sinto. Ele está por aí e nós vamos encontrá-lo.— Disse Magnus e fez sinal para que ele saísse.

Sebastian era um conselheiro leal e seu amigo mais próximo e se ele não encontrava talvez o ômega realmente não pudesse ser encontrado, talvez ele não quisesse ser encontrado. Em algumas semanas ele poderia assumir o reino e precisava de um ômega ao seu lado, precisava garantir herdeiros, o povo necessitava de segurança mas como poderia escolher outro se já tinha marcado o seu.

No baile, quando colocou os olhos naquele ômega tímido Magnus soube, ele não tinha olhado para ninguém e tinha ficado próximo a mesa de bebidas e fazia careta toda vez que bebia champanhe, uma bebida suave. O que eles fizeram... Magnus tinha considerado passar a noite com um ômega daquela maneira, já tinha dormido com outras pessoas claro mas nunca como fora com Alexander. Pareceu tão certo tomar ele para si na sua cama, na suíte do príncipe e reclamá-lo como seu.

—Alexander...— Sussurrou Magnus para o universo. — Volta para mim.

E torceu para ser atendido mas algumas coisas não eram assim tão simples.

***

No segundo mês Alec estava começando a preocupar porque sua calça antes um pouco folgada estava começando a apertar e a comida que Jocelyn deixava para ele não era o suficiente para engordar ninguém, mas talvez fosse por isso que seus enjoos estavam mais frequentes, ele não conseguia colocar nada na boca durante a manhã sem vomitar tudo, sem contar no cansaço e na fadiga. Levantar da cama e andar até a porta era o suficiente para fazer sua respiração ficar entrecortada. Alec escondeu o ganho de peso com camisetas largas porque se estivesse mesmo doente Jocelyn poderia obrigá-lo a se consultar com médicos ruins e a última coisa que queria era ver doutores assustadores que iriam entupi-lo de remédios que não o salvariam.

Porém, conforme os dias passavam a certeza brilhava entre Alec, aquele desejo doido por Magnus, os calores que sentiu a uns meses e agora esse comportamento anormal do corpo, ele tinha certeza que isso era o famoso cio. Principalmente porque tinha lido o rótulo do remédio que Jocelyn dera e aquilo era um supressor de cio e como ele não estava tomando, o ganho de peso, os enjoos... Tudo isso só podia ser o tal cio. Estava durando mais de sete dias mas se fosse contar os anos que atrasou provavelmente agora estava sendo todo de uma vez, isso explicaria o tempo longo, o cansaço. O pai sempre se trancava no quarto quando entrava no cio e Alec ficava com a babá sendo estritamente proibido de sequer chegar perto do quarto dos pais, ele sempre teve medo de isso ser contagioso porque do jeito que todos alegavam que eles ficavam desesperados e fora de controle. Alec não se sentia fora de controle mas toda sua vida estava desregulada.

Ele sentou na cama e tirou o suéter que estava usando para esconder a cicatriz da marca. Magnus tinha dito que era provisória mas pelo jeito não era já que estava ali a quase dois meses e não parecia mais fraca ou desbotando. Ele passou a mão pelo pescoço e suspirou alto, não doía mais e a sensação era estranha, abafada, dali vinha uma profunda angústia e preocupação. Alec torcia para essa angústia não ser medo de ele retornar porque ele iria, só precisaria de mais um dias e aí fugiria, só precisava melhorar um pouco, parar de sentir os efeitos desse mal estar e procuraria seu alfa.

Alec escutou um barulho na porta e tentou colocar o suéter mas era tarde. Clary o encarou e o queixo dela caiu.

—Alec, você foi marcado?!— Ela praticamente gritou e Alec fechou os olhos.

Agora não ia dar para fugir.

The Misterious Ômega - ABO MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora