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Não. Não podia ser.

 Ele?

Foi realmente ele que falou aquilo? Tentei ao máximo manter a calma nos minutos que se seguiram.

Impossível, ele fez um lance de quinze mil dólares.

Quinze mil dólares...
Quinze mil dólares...
Quinze mil dólares!
 
Após perceber que ninguém mais iria tentar dar um lance, o vi se levantar com uma elegância extrema e caminhar calmamente na direção do palco. A cada passo que ele dava, meu coração saltava do peito três vezes mais rápido. O caminhar de Jimin era como se o mesmo estivesse desfilando numa passarela de moda milionária. Senti que estava prestes a desmaiar, mas o ambiente e a situação em que eu estava me lembrou que não era hora de dar um ataque de adolescente apaixonada.

“Puta que pariu, lá vem ele!” - pensei.

– Ora, ora, senhor Park... - Vincent começou – muito obrigada por contribuir de forma tão significativa com o nosso evento! - parabenizou. Ele estava disfarçando bem o olho grande por ouvir um lance tão alto.

– Vou encarar o silêncio de todos como forma de saber que eu ganhei, sim? - Park Jimin falou de forma natural.

– Pelo visto - Vincent argumentou – Ninguém quer arriscar contra o senhor, Sr. Park - Ele disse em tom divertido.

Eu olhava os dois e continuava muda sem saber o que fazer. Sabe quando você deseja algo por muito tempo e quando finalmente acontece, fica perdida sem saber por onde começar? Eu estava desse jeito entre os dois homens que conversavam em minha frente.

- Quando terei direito de desfrutar do meu prêmio? - O filho mãe me encarou quando fez a pergunta e eu não tive a mínima coragem de sustentar seu olhar por mais de um segundo, e também não consegui controlar meus pensamento sobre o que a palavra “desfrutar” queria dizer.

– Pode ser agora mesmo, preciso apenas encerrar o evento - Vincent justificou.

 – Tudo bem - Jimin se limitou a dizer.

Vincent saiu e foi ao centro do palco novamente

– Muito bem, obrigada a todos que participarem, espero ver todos aqui novamente no nosso próximo evento! - o homem fez o convite – agora, um shot de whiskey glenfiddich para todos, por conta da casa! - Vincent anunciou e logo as pessoas dentro da boate levantaram seus copos em saudação, enquanto o homem deixava o palco e vinha em nossa direção.

– Sr. Park, essa é Amara, sua dançarina essa noite - ele nos apresentou. O Park fez uma menção com a cabeça em cumprimento a mim e eu sorri. – Amara querida, use a sala treze. Agora preciso ir, o dever me chama! - Vincent nos deixou a sós, perto do palco em frente a porta que dava acesso ao corredor para as salas de apresentação particular.

Eu precisei respirar fundo várias vezes para criar coragem e me dirigir a ele diretamente pela primeira em mais de um ano, quando o vi pela primeira vez.

– Ahn.. uh, por aqui por favor - me embolei.

Dei as costas a ele antes que o mesmo percebesse que eu estava suando frio em sua frente! caralho ele tá’ bem aqui, atrás de mim, me seguindo para uma sala particular.

Eu quero comer vidro e morrer.

Não, eu quero gritar.

Puta merda eu vou dançar pra ele!

Durante o caminho, conseguia sentir seus olhos cravados em mim, mas não me atrevi olhar para trás, tive medo do que poderia ver.

O guiei pelo corredor iluminado por luzes sutís, deixava o ambiente com uma aura sensual. As paredes tinham um tom bordô, que contrastavam com detalhes em prata que esculpiam as bordas das paredes.

Durante o trajeto quis me mostrar confiante, então fiz questão de rebolar os quadris moderadamente enquanto caminhava, e de alguma forma surtiu efeito, ouvi murmúrio muito baixo para ser compreendido, e torci que tivesse sido algo bom.

Ao chegarmos em frente a sala treze, fiz questão de ser rápida e abri a porta, deixando-o passar primeiro. Ele disse “obrigado” de forma breve e logo entrou, indo se sentar na poltrona luxuosa disposta bem no centro da sala, de frente para um palco de médio porte com uma barra de pole no centro. Ao lado da poltrona havia uma mesinha onde jazia um copo, um mini balde de gelo e uma garrafa de uísque que devia ser caro. A sala tinha uma iluminação azul, sua intensidade era baixa, para deixar o clima mais atraente e convidativo.

Comecei a me sentir um pouco desconfortável com a quietude e silêncio do Park mas deixei os questionamentos de lado visto que realmente nunca havíamos nos falado e aquele era nosso primeiro “contato”. Quando vi que ele já estava “pronto”, fui em direção ao palco

E preparei para o momento que mais fantasiei na vida durante o último ano.

 
Programei a música fui me posicionar. Fiquei de costas para Jimin, segurando na barra de pole, com as pernas afastadas e empinando suavemente para trás. A música começou e acompanhando a batida e letra, iniciei a performance.

“Eyes Off You” do PRETTYMUCH, ecoava por todas caixas de som espalhadas pela sala, a todo momento, quando fazia contato visual com Jimin via sua expressão, continuava sério, mas me observava atentamente por todo momento, sem desviar nem uma única vez, me deixando excitada com a chance de saber que ele estava concentrado apenas em mim.

No refrão da música, quando virei de frente para ele e o olhei nos olhos um sorriso de canto contornava seus lábios cheios, mas logo sumiu quando ele viu que eu o olhava. Meu coração, que já esmagava minha caixa torácica teve um pico extra de adrenalina e quase explodiu. Dei uma volta completa na barra enquanto rebolava e sorri. Me senti feliz em saber que aquele sorriso, mesmo que contido e rápido, mostrava claramente que ele estava gostando do show.

Do meu show.
 
O show que eu estava dando a ele.
 
Quando a música acabou, terminei a performance na barra, estava de ponta à cabeça um movimento chamado de “Closed Inside Leg Hang”. Depois de alguns segundos, desci da barra e o olhei

Ele estava me olhando intensamente. Parecendo “acordar”, ele levantou da poltrona e se aproximou do palco

– Muito obrigada Srta. Holmes - Foi em direção a porta e saiu sem dizer mais nada.

Eu fiquei sem reação.

Não esperava que o momento pelo qual esperei tanto fosse acabar assim: ele indo embora e me deixando para trás, suada, ofegante e agora, chateada.

Mas meu choque se misturou a uma dúvida:

Como ele sabe meu sobrenome?

Dance For Me || PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora