Claudia olhava o cartão de Victória em sua mão, gostaria de ser uma dessas pessoas desinibidas, e ligar aceitando o convite. Sorriu amargamente, e iria fazer o quê? Iria para a praia, com uma blusa de manga? Passou o polegar nas cicatrizes dos braços, e as lágrimas molharam o cartão.
- Claudia? - Chamou Marcelo, assustando-a. - Está tudo bem?
- Estou sim. E como foi na casa dos meus pais? - Perguntou afastando o foco de si.
- Graças a Deus tudo bem. Eles ficaram sentidos porque você não foi. - Disse sentando ao seu lado.
- Eu imagino! Eles estão bem? - Perguntou preocupada.
- Estão sim! Não se preocupe, apenas não fique muito tempo sem visita-los. Meus pais costumam dizer que os filhos que moram longe, visitam eles mais que os que moram na mesma cidade. E isso é muito triste.
- Eu não vou abandona-los. - Disse sorrindo. - Até porque pra mim, é difícil também estar sozinha, sem os dois.
- E como foi na escola? - Perguntou mudando radicalmente de assunto.
- Foi tudo bem. Mas você lembra daqueles dois, ontem na pizzaria? - Perguntou receosa.
- Como não lembrar? - Perguntou sarcástico.
- Pois é, os dois trabalham na escola. - Marcelo arregalou os olhos.
- Oh, Deus! Querida eles fizeram alguma coisa contra você? - Perguntou preocupado.
- Não! O Artur até que se comportou, e disse que vai me deixar em paz; eu acredito que sim, é o ambiente de trabalho dele, então, vamos esperar.
- Sei não! Ele não me pareceu o tipo de pessoa que respeita algum lugar, ou alguma coisa. Mas você tem razão, vamos esperar, só Deus sabe todas as coisas. E o amigo dele?
- O amigo dele? Bem... - Ela ficou corada, enquanto pensava em como falar sobre o Michael, sem parecer uma boba.
Marcelo começou a sorrir, em segundos estava gargalhando, e a prima escarlate de tanta vergonha.
- Você achou o bonitão interessante, então alguma coisa aconteceu!
- Marcelo por favor! - Pediu desesperada, e ele parou de rir.
- Ei! O que foi? É otimo que você o ache interessante, algum dia, isso iria acontecer. É natural, você é uma mulher jovem e saudável, e merece conhecer alguém e permitir que este alguém te conheça.
- E quem disse que ele quer me conhecer? E você está equivocado, eu não sou saudável, olha para mim! Sempre coberta demais, sempre esquisita... - Ele colocou o indicador na boca dela, para que se calasse.
- Sabe o que eu vejo? Uma mulher linda, carinhosa, inteligente; e feliz do homem que conquistar esse coraçãozinho. - Disse carinhoso.
- Você é meu primo-irmão e me ama, é claro que você vê o que seu coração quer mostrar. - Disse triste.
Ele secou a lágrima que descia pelo rosto dela e sorriu.
- Me conta o que aconteceu, para que ele despertasse a sua curiosidade?
Timidamente, ela disse do momento em que os viu na sala de reunião; do medo que se apoderou dela, se não fosse a colega leva-la até a cadeira, o mais provável seria que ela virasse as costas e saisse correndo; de Victória, do quanto é simpática e gentil; de quando foi falar com o Artur, que estava tão temerosa que estava pronta para pedir demissão antes mesmo de começar; falou da reunião estranha com a diretora depois, e do quanto ela estava diferente das outras vezes em que a vira, inclusive momentos antes na reunião com todos.
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Deus também estava lá.
Lãng mạnClaudia é uma jovem traumatizada, protegida pelos pais, e descrente. Ela decide morar sozinha e trabalhar, e quer ser livre e independente. Mas a mãe dela contrata Luciana para trabalhar na casa dela e o primo Marcelo vai passar uns dias com ela, e...