Nossa caminhada foi tranquila até o restaurante. Kihyun quis ir empurrando o carrinho com o Kohyosu dentro, foi praticamente todo o trajeto bajulando e sorrindo para ele. Que bom que eles se deram bem, caso contrário seria difícil seguir com o contrato de forma confortável. Bom, estamos esperando nosso pedido à mesa e está um pouco aconchegante demais para um primeiro jantar à três. Não sei, é que não sinto isso com frequência. Não está tão aquecido aqui dentro, nem tem música tocando ou lustres luxuosos ao teto, mas, mesmo assim, me sinto confortável. Não sei se meu padrão é baixo demais ou se a visão que tenho à frente é boa demais. Kohyosu está se divertindo com alguém além de mim ou da Lucy, não há olhares estranhos, comentários impertinentes e nem a famosa falsidade. De alguma forma, Kihyun me deixa à vontade com tudo isso que carrego.
-- Seus pedidos, senhores.
O garçom interrompe meu devaneio ao chegar com a nossa comida. O cheiro está ótimo, a comida daqui é muito boa. Faz tempo que não venho, embora não seja tão longe de onde moro. Motivo: poupar dinheiro é essencial desde que o Kohyosu entrou em minha vida. Por falar nele, ironia do destino ou não, começou a chorar nesse exato momento.
Kihyun está olhando para mim, sem saber o que fazer, com seus hashis em mãos e a boca cheia de comida, assemelha-se a um esquilo.
Ao puxar o carrinho um pouco mais para mim, vejo meu filho vermelho e trato de pegá-lo nos braços — nessas horas, ser pai não é muito legal —, acalentando seja lá por qual motivo. Será que está com fome?-- O que você tem? Está com fome? - pergunto em vão, eu sei, mas retiro uma das mamadeiras de leite do apoio do carrinho e observo a boca dele sugar o vento. É fome sim. Curiosidade sobre o Kohyosu: ele detesta chupetas, cospe todas no meu rosto quando tendo fazê-lo pegar, mas adora mamadeiras. Vai entender -
Amamentar meu filho é uma das melhores coisas que sei fazer. Foi difícil no início, mas agora entendo o time dele. Tem que ter muito cuidado para não sufocá-lo. Bebês requerem mesmo muita atenção em tudo. Se você quer ser pai — pai mesmo, não ajudante de mãe —, precisa saber que, definitivamente, não vai ser fácil.
-- Sabe, Changkyun... isso é muito estranho, mas agora eu entendi quando perguntou sobre eu me apaixonar por você. - Kihyun falou ao me encarar. Não sei há quanto tempo ele está assim, inerte, porque parece mesmo estar, com suas mãos apoiadas ao queixo e um sorriso estranho nos lábios. Se não entendesse nossa situação, poderia jurar que estamos em um jantar em família, cujo ele, Kihyun, está perdidamente sob meus encantos -
-- O que quer dizer com isso? Você não pode se apaixonar por mim em um dia. - rebato, fazendo ele sorrir ainda mais, mas logo desvio a atenção para o Kohyosu, a quem amamento agora. A mamadeira está quase vazia. Apenas o silêncio de Kihyun paira no ar - Kihyun...?
-- Estou apenas brincando, não estou apaixonado. É só que, te ver assim, cuidando dessa forma do seu filho, é muito bonito. Me faz querer continuar com você e até dividir esse cuidado. Estranho, eu sei, mas eu sinto. Vai ver estou achando em você algo que faltou em meu pai durante a minha infância, então achei, por míseros segundos, poder, um dia, me apaixonar.
-- Psicanálise agora?
-- Faz sentido, não faz?
-- Faz, você está certo.
Kohyosu terminou sua mamadeira, mas não posso colocá-lo em seu carrinho agora, pois pode ocasionar em um refluxo que, diga-se de passagem, é difícil demais de limpar sem querer seguir o exemplo.
-- Você quer que eu fique com ele agora?
A pergunta me faz olhar para o dono da voz. Só então percebo que ele já terminou seu prato.
-- Se não for incômodo, pode pegar ele.
-- Claro que não é incômodo, Changkyun. Eu pareço incomodado com essa coisa linda?
Devido ao seu enorme sorriso, suponho que não.
Depois que Kihyun me faz esse favor, finalmente posso comer a minha comida — que agora está fria —, enquanto observo os dois interagirem de forma fofa e quase barulhenta. Kohyosu parece gostar muito da companhia dele pelas risadas que dá. Não é fácil fazer com que ele ria assim. Com certeza Kihyun leva jeito com crianças.-- Cadê o papai, Kohy Kohy?
Ouvir isso me faz rir. Não sei onde Kihyun ouviu esse apelido, talvez eu já tenha usado na frente dele, mas é engraçado o jeito como ele continua falando, todo sorridente.
-- Onde ele está, Kohy? Cadê o papai?
-- Pa... Pa.
Nesse momento meu mundo está girando devagar, ele... falou? O meu filho me chamou! Espera...
-- Kohy! Olha pra mim, filho. Eu sou o papai. - tento chamar sua atenção, mas ele segue olhando o belo sorriso do meu belo chefe e noivo enquanto o chama de papai -
-- Olha, Changkyun! Ele está falando papai! - como se eu não estivesse vendo a cena com o maior sorriso do mundo em meu rosto - Ali, Kohy Kohy, seu papai está ali. - aponta para mim. Kohyosu apenas segue sorrindo para ele -
-- Acho que ele gosta mais de você do que de mim agora. - digo, finalizando meu prato -
-- Parece que terei que levá-lo comigo, nobre e esforçado Changkyun. Quer morar comigo, quer, coisa linda?
Pronto, do jeito que ele me trata, com todo esse amor por meu filho e esse sorriso enorme no rosto, difícil vai ser eu não me apaixonar ele. Espero que a psicanálise da paixão não me cegue de novo, porque terapia é muito caro e eu, que ainda nem resolvi minha última questão com a terapeuta, não quero ter que passar por isso mais uma vez.
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Noivo de aluguel [Changki]
FanficKihyun vê, em Changkyun, a oportunidade para sair de um casamento arranjado: um noivado de mentira, onde pode ter liberdade. ©2021