Noivo de aluguel [Changki]

07 - O amor turbulento de um ex viajante

Foi extremamente difícil me resolver com Hyungwon, nem acho que nos resolvemos cem por cento. Mas, por Hyunwoo ter me contado que ele é apaixonado por dança - e faz dupla com um dos funcionários na arte de dança de rua -, conseguimos avançar pelo menos um pouco. Eu disse que ajudaria quando ele precisasse sair mais cedo para praticar ou se apresentar. Claro que eu também precisei assegurar de que cobrirei ele em um dia inteiro, por ele ter feito isso para mim anteriormente. É justo. Sabe o que é mais estranho nisso tudo? Eu percebi que ele é um cara legal, não importa que ele mesmo tenha confessado que é como uma bomba relógio às vezes. Mas quem não é, né?

Após o agitado dia que tivemos no hotel - para nós, adestradores, é claro -, prontifico-me a esperar Kihyun sair de seu escritório, à pedido dele, para me levar para casa. Segundo ele, somos a notícia quente do momento e os sites de fofoca estão absurdamente fora de controle. Todos querem me entrevistar e conseguir fotos exclusivas do "casal do ano". Eu já passei por isso uma vez e, sinceramente, não estou nada feliz por passar novamente.

-- Esperou muito?

Sua voz distrai meus pensamentos e apenas nego com a cabeça, antes que ele indique o caminho com o queixo. Eu o sigo, sequer falamos. Acho que ninguém sabe o que dizer no momento. É uma situação nova para mim, que nunca precisei fingir compromisso com alguém antes, muito pelo contrário. A mãe do Kohyosu e eu tinhamos um lance escondido, foi tudo muito meticuloso até certo ponto. Com Kihyun é diferente. Por conveniência, óbvio, ele faz questão de me mostrar ao mundo. Eu não sei lidar com isso, nem com o fato de que o que nós mostramos é puro disfarce.

-- Changkyun? Tudo bem?

-- O quê?

-- Estou falando com você faz um tempo. No que está pensando?

Não tinha percebido estar tão imerso assim. Dizem que é algo que faço com frequência.

-- Estava pensando em nós, digo, na nossa situação.

-- Era sobre a "nossa situação" - fez as aspas com as mãos - que eu estava tentando falar com você.

-- Certo, aconteceu mais alguma coisa?

Ele concordou silenciosamente, antes de suspirar e desatar a falar.

-- Eu não queria entrar nesse tópico, mas receio que precisamos mesmo ser sinceros um com o outro. Preciso saber no que estou me metendo aqui. - ele faz uma pausa, como se me esperasse falar algo, o que não acontece, então ele segue com seu raciocínio - Você sabe, as notícias estão em toda parte e o foco principal é você, alguém, até então, desconhecido. Mas... Quando vi repetidamente o seu nome associado ao de Nana Komatsu, entendi que não é a primeira vez que você é assunto midiático. É tudo muito superficial, mas você ainda está lá. Eu sei o que é apagar rastros e me parece que tentaram fazer isso com vocês dois. Eles estão te chamando de muita coisa, eu preciso saber até que ponto estão certos sobre você. Gostaria de saber de você quem você é, quem você não é.

-- Eu te conto tudo quando estivermos fora daqui.

Isso foi tudo o que consegui dizer depois de todas as suas palavras. Kihyun está confuso sobre mim, não sabe o que esperar, eu entendo. É complicado não saber se pode ou não confiar em alguém cujo seu relacionamento agora será frequente. Por isso irei realmente falar com ele sobre a mulher que apenas falo à minha psicóloga.

Nós fomos em silêncio durante todo o percurso, mas o trânsito estava tranquilo hoje, por isso conseguimos chegar à minha casa em pouco tempo.

-- Vamos entrar? - pergunto, quebrando o gelo entre a gente. Ele me olha como se estivesse ponderando e não responde. Confesso que isso me deixa um pouco aflito, afinal eu não esperava que ele fosse reagir assim quando sequer conversamos devidamente ainda - Kihyun...?