Testes

Teste 17

-- ... Eu acho que eu gosto de você.

Oh, maldito o que fez com que aquela sala fizesse eco, porque o som refletido nas paredes até se esvair parecia estar zombando de si igualmente.

Foi uma boa escolha não o deixar entre si mesmo e a porta, mesmo que o método acabasse diferente.

Queria rir, queria mostrar que havia entendido e tirar um mínimo de satisfação em ver aquela carinha de expectativa virar confusão e então frustração que foi pego, mas... não conseguia, nem mesmo como um manifesto de auto piedade.

Ele sabia tão bem quanto o à sua frente que como um pretendente era uma bela merda, não só por ser a pessoa mais faca cega que tinha por lá, mas em termos de aparência e proximidade também. Tentava ao máximo parecer que não, sempre usando roupas longas e maquiagem, mas era provavelmente o menos agradável de se ver em um raio de quilômetros. Proximidade? Ora, demorou semanas para se acostumar a estarem se vendo pessoalmente.

Tinha aprendido do jeito difícil, quando ainda não entendia direito o que significava. Era mais fácil lidar com insultos gratuitos, os realmente cruéis eram os que fingiam se importar.

É apenas a mesma história de sempre, apenas mais uma piada cruel. Então por que não consegue?

... Porque dessa vez foi realmente idiota, em achar que seria diferente.
Por que achou que seria? Porque se conheceram primeiro à distância? Alguma ilusão inconsciente de que, se recebesse as suas palavras antes da sua imagem, algo verdadeiro poderia ocorrer? Que olharia com gentileza para a combinação de descuido e má sorte que você chama de rosto? No final, é sempre a mesma coisa velha. Só acaba sendo usado de novo, só se divertem às suas custas de novo...

Independente do que viesse agora, acaba sendo um idiota. Foi um idiota no momento que decidiu não cortar depois do primeiro "tchau".

É como se pedisse para ser feito de trouxa.

-- Quem me dera.
Foi tudo que deixou sair, antes de se retirar do lugar a passos pesados.