Teste da insônia de glicose elevada

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-- Ah, vai, P, não é necessário drama, vai ser legal.

-- Sim, sim. Não atasana, eu tenho que trocar as bandagens.

Se apressou para ir logo, antes que a moça o contivesse de novo. Fácil, fazia aquele caminho todos os dias. Era naquele banheiro que guardava os medicamentos.

Dentro e trancado. Não tiraria nada demais, mas se nem ele próprio que via todos os dias gostava... Não importa agora.
Tirou a blusa e levantou as barras da calça, expondo as partes onde estavam as bandagens. Já não estavam tão brancas então teria que trocar mesmo se não fosse sair, então começou a tirar as velhas e fazer um bolinho para ficar fácil.

Quem dera a parte que precisa abrir não fosse espelhada.
Já tinha mais de uma década que esse abençoado o fazia repetir como o seu "eu" criança pequena era imbecil de ter achado uma boa ideia brincar com soda cáustica.

Ainda não havia acostumado com aquilo e talvez nunca fosse: uma parte de seu rosto, tórax, abdômen braço e pernas ainda tinham as queimaduras, tão intactas quanto no dia. Ou melhor, nem tanto, já que a carne nas partes já não era mais vermelha e bizarramente quente, mas escura e quebradiça. Só um milagre explicava não ter apodrecido.

Sim, a pele das queimaduras nunca fechou, como se seu corpo se negasse a restaurar as perebas. Antes tivesse as cicatrizes, as partes próximas, também, eram secas e escuras, ameaçando soltar, e no meio a bendita carne exposta - não só à vista (repugnante), mas a todo tipo de imundice e infecção, a razão para ter que encharcar com remédios e usar bandagens. É claro que não sabia que o "probleminha" iria tão longe...
... Mas caralho, parecia um pedaço de um Freak Show. Até o cabelo tinha parado de crescer em algumas partes, embora essas sim tivessem cicatrizes. Porque não tinha cicatrizes no corpo inteiro? Por que ficar em carne não l viva, como um zumbi?

Não faz sentido, soda cáustica sequer tem propriedades para...

Alguém chamou de baixo.

É melhor terminar e ir ver.

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