⊶⊷⊶⊷⊶⊷
Eu o vi parado perto da janela outra vez e, quando Changkyun voltou a se deitar ao meu lado na cama, fechei os olhos instantaneamente fingindo que dormia. Senti uma de suas mãos tocarem o meu rosto e sua voz saiu baixa e trêmula:
— Eu te amo, Kihyun.
Era a primeira vez depois de um longo ano ouvindo aquelas palavras. Uma resposta que eu esperei com tanta ansiedade vinda num momento como aquele, quando eu não deveria estar escutando. Era mais do que uma confidência, soava como uma nova confissão acompanhada do ar arrependido de se ter cometido alguma espécie de erro.
Changkyun então se ajeitou sob os lençóis e respirou fundo, entregando-se finalmente ao sono que lhe tomava.
Dois dias depois, porém, algo estranho aconteceu quando cheguei ao escritório e Minhyuk não estava lá. Sentei-me em minha mesa, colocando a pasta sobre ela, fitando o lugar vazio. Disquei um número para a secretária e perguntei se ela sabia de algo, mas apenas me disse que não recebera ligação ou aviso algum. Murmurando um obrigado, eu desliguei e voltei a prestar atenção à mesa alheia, enquanto meu computador era iniciado.
Sobre o centro e alguns papéis brancos, vi um guardanapo parecido com o do restaurante onde havíamos almoçado com os clientes japoneses do antiquário e uma lembrança atordoou a minha mente: o guardanapo que Changkyun segurava e que sumira de repente.
Não, não deveria ser o mesmo. Ainda que os guardanapos daquele restaurante fossem rosados nas pontas, Minhyuk poderia ter ido lá muitas outras vezes. Talvez tivesse encomendado o almoço do dia anterior e esquecido parte da desordem ali. Talvez a faxineira tivesse deixado lá por engano.
Enquanto tentava raciocinar, me vi levantar de minha cadeira e caminhar até o lado oposto da sala, meus olhos fixos na mesa, nos papéis. Olhei para a porta uma vez, para ter certeza de que estava fechada e que se alguém aparecesse eu ouviria o som da maçaneta, e então me curvei, pegando o guardanapo nas mãos. Desdobrei-o para encontrar algumas palavras escritas com a caligrafia de Changkyun, um tanto retorcidas por terem sido deixadas numa superfície tão fina e macia. "Não." era a primeira palavra, seguida por um ponto. Abaixo, como se se transformasse em outro parágrafo, estava escrito "pare de me procurar."
Se havia algo para me deixar confuso, ali estava. Porém, aquilo provava que Minhyuk havia tentado se aproximar. Mas Changkyun o recusara, como parecia ter feito quando tirou a mão do contato dele na cafeteria.
Ouvi a voz de Minhyuk quando ele cumprimentou a secretária na sala ao lado e devolvi o guardanapo ao lugar, voltando a me sentar depressa em minha mesa. Abri os primeiros arquivos que vi e fingi que estava preocupado com um projeto que já estava até mesmo finalizado.
Ele não percebeu e fez questão de não me dar bom dia, caminhando diretamente para sua mesa. Tive que olhá-lo e fui cordial.
— Está tudo bem? – perguntei. Minhyuk ergueu os olhos, mas tinha o semblante fechado que faria qualquer um pensar que estava apenas de mau humor. Pigarreou e depois disse:
— Acho que a resposta que você quer ouvir é um não, estou certo?
Ergui as duas sobrancelhas com essa fala, por também não ter entendido o que ele estava insinuando.
— Ah, não se faça de desentendido – ele emendou diante de meu silêncio. – Quanto você desembolsou para aquela palhaçada?
— Eu não sei do que você está falando...
— Não sabe? – ele deu uma gargalhada debochada. – Se eu estivesse no meu apartamento ontem à noite, certamente eu estaria quebrado, não é? Não foi pra isso que você contratou aqueles caras?
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Eyes Wide Open | ChangKi
FanfictionUm acidente apaga a memória de Changkyun e Kihyun se esforça em reapresentar o mundo ao marido, escondendo dele todos os erros do passado. [changki | changhyuk | traição]