Capítulo 03

100 24 11
                                    

⊶⊷⊶⊷⊶⊷

Changkyun não sabia sobre minhas discussões com Yeojoo e eu fazia o possível para que ele também não desconfiasse que eu tinha conhecimento sobre qualquer coisa que envolvesse Minhyuk e não o nosso trabalho: deixava claro que ele era um colega de escritório, que estávamos ocupados com os novos projetos e que isso era tudo o que era necessário saber.

Ele não me questionava sobre meu colega, nunca o fizera, como se eu realmente tivesse posto fim aos sentimentos que eles cultivavam um pelo outro um ano antes. Isso me deixava confuso, principalmente quando Yeojoo comentava que estava saindo com Minhyuk durante boa parte da semana e que, agora, Changkyun e ela o tinham como assunto principal.

Minha irmã e eu passamos a ter apenas diálogos rápidos, evitando discussões maiores e insensatas.

A tempestade nos pegou de surpresa naquela noite, assim como o telefonema de Yeojoo, que pedia para que eu fosse vê-la o quanto antes. Quando desliguei, permaneci dentro do carro, no estacionamento do edifício, fitando os pilares de concreto e o teto baixo, os demais carros vazios e o portão fechado. Minhas mãos tremiam enquanto a cena que eu havia presenciado repetia-se em minha mente.

Esperei durante quase uma hora ali, com o rádio desligado, o celular no modo silencioso, a chuva amainando no lado de fora. Quando achei que era tempo suficiente, saí do carro, carregando minha maleta e subi com o elevador até o andar do apartamento de Yeojoo. Ela atendeu com os olhos vermelhos, os cabelos bagunçados e o vestido que usava mais cedo, quando dissera que sairia com Minhyuk.

Fingindo que eu tinha acabado de chegar – porque, ao telefone, eu dera a desculpa de que estava no trânsito, tentando voltar o quanto antes – perguntei o que havia acontecido e ela desatou a me pedir desculpas.

— Eu sou uma burra, Kihyun, eu... você me avisou e eu quis mudar tudo do meu jeito, mas isso... ai, Kihyun, por quê? – ela cobria o rosto com as mãos, talvez sentindo vergonha, achando que eu jogaria na cara dela que eu estive certo o tempo todo.

E mesmo que eu sentisse raiva por ela ter dado corda para Minhyuk, ela ainda era a minha irmã.

— Ele te fez alguma coisa? Ele te machucou? – eu quis saber e ela negou com um aceno de cabeça.

— Só por dentro, na verdade – ela respondeu. – Nós tivemos uma tarde ótima e então voltamos para cá quando a chuva começou... Eu estava preocupada com você, porque Minhyuk me disse que você estaria em uma reunião um pouco longe daqui...

Era verdade, mas tal reunião havia terminado bem antes do previsto. Não contei isso a ela, que continuou:

— Nós começamos a conversar e a beber e... eu não sei o que houve, eu estava consciente e de repente eu adormeci – ela disse, visivelmente assustada por não se lembrar. – Não sei o que ele fez, mas sei que não estava aqui quando despertei, e então ele apareceu e... onde ele poderia ter estado? Ele não saiu do prédio, Kihyun, isso quer dizer...

Yeojoo estava certa de que Minhyuk tinha ido ao meu apartamento à procura de Changkyun e ela não poderia estar mais correta.

Quando recebi o telefonema de minha irmã, eu já estava no prédio. Tinha acabado de descer para o estacionamento depois de ter subido pelas escadas até o andar onde eu morava com Changkyun. Eu mesmo havia visto Minhyuk em frente à porta do apartamento.

Num primeiro momento, cerrei os punhos tendo vontade de ir em direção a ele e acabar com tudo aquilo de uma vez por todas. Porém, decidi analisar a cena, escondendo-me para assistir a um Minhyuk de olhos marejados que tinha medo de tocar a campainha mesmo sabendo que Changkyun estava sozinho dentro de casa. Ele não o fez e retornou ao elevador com a aura derrotada, de certo voltando ao apartamento de Yeojoo .

Eyes Wide Open | ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora