⊶⊷⊶⊷⊶⊷
Changkyun teve de cuidar do ateliê sozinho durante alguns dias. Yeojoo ficou em observação no hospital e retornou para seu apartamento, mas ainda assim sentia-se abalada demais para encarar o amigo enquanto trabalhavam. Ela era boa com desculpas, então claramente se fez compreendida quando disse que precisava de um tempo sozinha, recuperando não apenas a saúde de seu corpo, mas também de sua mente.
Eu estava preocupado com ela, claro, mas as idas até seu apartamento e as breves conversas me fizeram entender que ela estava bem com tudo o que havia acontecido.
O que mais me preocupava era não saber onde Minhyuk estava, nem quando poderia aparecer. Se iria aparecer para procurar Changkyun, como ele parecia ter feito o tempo todo até o acidente com a minha irmã.
Tive essa confirmação naquela tarde, quando saí do escritório meia hora mais cedo, certo de que Changkyun não se importaria de fechar o ateliê antes para irmos para casa preparar um jantar especial que teria a participação de Yeojoo. Nós tínhamos combinado na noite anterior, depois de ele me contar que sentia que as coisas estavam sendo renovadas.
Dobrei a rua e estacionei um pouco longe, por conta da falta de vagas, e saí do carro caminhando tranquilamente quando vi a porta principal do prédio do ateliê ser escancarada. Minhyuk saiu visivelmente furioso e parou na calçada, olhando para cima, para o segundo andar, esperando que Changkyun o estivesse assistindo dali. Ele não estava, a janela parecia mostrar um ambiente vazio.
Minhyuk tirou o celular do bolso e apertou a tela furiosamente, colocou o aparelho próximo à orelha e depois o abaixando, quase como se fosse arremessá-lo contra a parede. Algumas pessoas o estavam assistindo, assim como eu, e imaginei se alguma delas se recordaria dele e o culparia pelo que havia acontecido dias antes, da nossa briga e do atropelamento, mas ninguém pareceu relacionar os dois casos.
A cena se estendeu e ele repetiu a ligação que fazia, sem sucesso. Ficou mais algum tempo ali, andando de um lado para outro como se estivesse maquinando alguma coisa e então parou. Fitou o prédio e eu pude ver sua expressão chorosa e, ao mesmo tempo, cheia de ódio.
O homem que não desistia finalmente pareceu se render ao fracasso. Guardou o celular de volta ao bolso e passou uma das mãos pelos cabelos. Deu as costas ao prédio, o que, para mim, significava que ele estava dando as costas à Changkyun, afinal.
Depois de alguns passos, ele repentinamente chutou de forma violenta uma lata de lixo, como se descontasse sua raiva ao sujar aquele espaço. E foi embora, caminhando como se o mundo o tivesse expulsado.
Não sei ao certo o que senti, queria classificar como sendo alívio, mas passava apenas tangencialmente por isso. Respirei fundo e corri para o prédio, subindo as escadas em direção ao ateliê, encontrando a porta trancada. Bati algumas vezes, chamando pelo nome de Changkyun e ele então abriu a porta, aparecendo com os olhos vermelhos e assustados. Abraçou-me antes de dizer qualquer coisa e eu o acolhi, pois era a coisa mais importante que eu deveria fazer no momento.
— Você está bem? – perguntei. – Vi Minhyuk sair daqui agora a pouco, ele te machucou?
— Não – ele respondeu. – Kihyun, eu... eu descobri uma coisa terrível...
E então ele desatou a chorar e nós entramos no grande salão, sentando-nos num sofá preto onde antes só eram postos tecidos. Quis continuar com o abraço, mas ele precisava de certa distância para poder falar.
— Minhyuk me disse muitas coisas e eu fiquei realmente confuso – ele explicou –, e eu sei que a culpa é toda minha...
Eu não podia mais fingir que não entendia.
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Eyes Wide Open | ChangKi
FanfictionUm acidente apaga a memória de Changkyun e Kihyun se esforça em reapresentar o mundo ao marido, escondendo dele todos os erros do passado. [changki | changhyuk | traição]