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"Eu deveria saber que você era um problema
Desde o primeiro beijo
Estava com os olhos bem abertos
Por que estavam abertos?"
— Foram as duas semanas mais longas da minha vida – Yeojoo reclamou me dando um abraço apertado. Virou-se para Changkyun com os braços bem abertos e os dois se cumprimentaram, matando as saudades.
O aeroporto estava cheio e demoramos até encontrar um táxi disponível. Eles conversaram a viagem toda sobre o ateliê e sobre como o litoral ficava bonito naquela época do ano, talvez a melhor para se viajar como havíamos feito.
Pouco me importava ter de retornar ao escritório no dia seguinte, afinal, eu estava em dia com as novidades do trabalho – que nunca tinha ido tão bem, por sinal —, e estava relaxado o suficiente para encarar a rotina novamente.
Fazia três meses desde a nossa primeira grande e sincera conversa, na qual os segredos criados antes do acidente que tirara a memória de meu marido tinham sido postos à mesa. Ainda podia me lembrar de termos decidido ficar um tempo longe um do outro, o que durou pouco mais de uma semana.
Fiquei hospedado no apartamento de Yeojoo, indo até o corredor de madrugada para evitar o encontro com Changkyun, mas morrendo de vontade de colocar a chave na porta e acolhê-lo em meus braços. Yeojoo conversava com ele todos os dias e depois me deixava a par da situação, mas nunca era o bastante.
Era naquele momento que eu mais precisava de Changkyun perto de mim, não por ter medo de que ele escolhesse se separar de mim para sempre, mas sim por medo do que ele estava sentindo com relação a si mesmo.
Eu o perdoei. Perdoei no instante em que acordou no hospital há mais de um ano e não se lembrava de quem eu era. Perdoei quando me contou que se lembrava do que havia acontecido no táxi e que estava voltando para mim.
Ele perdeu tanto por mim, assim como eu por ele.
Quando Changgie finalmente bateu na porta do apartamento de Yeojoo e fitou meus olhos como se tivesse uma decisão já tomada, ele me pediu desculpas mais uma vez e eu não tive coragem de dizer palavra alguma. Eu o tomei em meus braços, jurando que jamais deixaria que nada e nem ninguém nos atrapalhasse.
Fora difícil nos acostumar novamente um com o outro agora que dividíamos as verdades do passado, mas o tempo desempenhou um papel grandioso e veloz. E as duas semanas que passamos no litoral, sozinhos e criando novos segredos que seriam apenas nossos, foram as duas semanas mais intensas e sinceras de nossas vidas.
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Nunca mais eu o vi caminhar até a janela como ele costumava fazer. A última vez fora antes da viagem, numa noite de clima ameno. Nossas malas estavam arrumadas e postas num canto do quarto, o despertador já estava programado, as passagens estavam esperando sob um livro na bancada da cozinha. Abri meus olhos e lá estava Changkyun, a brisa dando movimento aos seus cabelos, os olhos perdidos e iluminados pela luz da lua, o casaco apertado contra o corpo.
Embora ele tenha me escolhido, sei que ainda pensava em Minhyuk.
E foi isto o que me atordoou durante a noite inteira, mesmo quando ele retornou ao meu lado, acariciando meu rosto ao achar que eu realmente dormia. Esperei por mais de uma hora e quando tive certeza de que ele havia adormecido, foi a minha vez de ir até a janela. Queria saber qual era a sensação, o que tanto lhe chamava a atenção daquela vista. Não havia nada além do imenso céu, alguns prédios ao fundo, o parque ao longe, a rua deserta e bem iluminada.
E o vento, o vento era aconchegante apesar de frio.
Era como se minha alma tivesse furos.
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A secretária abriu a porta devagar naquela manhã. Era meu terceiro dia depois da quinzena de férias e eu já estava atolado em projetos. Meu novo colega começaria a trabalhar na semana seguinte e eu queria adiantar parte do serviço para que ele se acostumasse mais facilmente.
— Com licença, Kihyun – a secretária pediu gentilmente e esticou um pequeno pacote enfeitado em minha direção. – Isto aqui chegou hoje cedo para você.
Eu agradeci e pedi que o deixasse sobre a minha mesa. Ela o fez e pediu licença novamente para sair.
Terminei de verificar uma papelada e voltei à minha poltrona, sentando-me de forma confortável. Tinha sido um dia e tanto e estava morrendo de vontade de voltar para casa. Sorri ao olhar para a nova fotografia sobre minha mesa, uma que Changkyun e eu tínhamos tirado durante a viagem, depois de despertarmos cedo demais no penúltimo dia. Fora maravilhoso e os sorrisos estampados em nossos rostos só confirmavam o quão importante aquilo tudo havia sido.
As palavras dele sendo ditas de forma tão sincera, sendo depositadas dentro de mim como a força que eu necessitava. Nós nos amávamos e essa era a única verdade a ser declarada.
Acabei me esquecendo do tempo quando um novo e-mail foi recebido e me envolvi nos detalhes de um projeto mais antigo que ainda estava em andamento. Quando me dei conta, alguns minutos já haviam se passado desde o término do expediente. Desliguei tudo, fechei as janelas e peguei meu casaco, pousando o olhar sobre o pequeno pacote que havia sido entregue e que eu havia ignorado, envolto em papel esverdeado e com um laço de fita da mesma cor. Eu o peguei e notei que era uma caixinha. Retirei a tampa e a primeira coisa que vi foi um bilhete.
Um bilhete que eu não deveria ter aberto.
"Alguma coisa errada? Olhe no fundo da caixa.
- Minhyuk."
Amassei o bilhete e tentei resistir à curiosidade, mas eu precisava saber que aquilo não passava de uma provocação. Tirei os pedaços de filtro cortado que camuflavam o interior da caixinha e encontrei uma pequena fotografia colada ao papelão: um imenso céu, alguns prédios ao fundo, o parque ao longe, a rua deserta e bem iluminada pela luz do dia.
Era a vista da janela.
Meu celular, que estava sobre a mesa, começou a tocar e li o nome de Changkyun no visor, sentindo meu corpo inteiro tremer por dentro, minhas mãos ficando repentinamente geladas. Ele certamente estava preocupado com o meu atraso.
Respirei fundo algumas vezes, sentindo meus olhos ficarem marejados, meu coração palpitando tão rápido que eu poderia ter um ataque a qualquer instante. E o nome dele continuava a me chamar.
Estiquei minha mão e peguei o aparelho. Atendi e tudo mudou quando ouvi a voz de Changkyun do outro lado da linha.
Se havia alguma coisa errada?
Eu decidi pensar que não.
Porque era assim que tinha de ser e eu manteria a minha promessa: eu passaria por qualquer sofrimento, eu morreria por ele... mesmo que ele não fizesse o mesmo por mim.
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NOTAS: Originalmente essa fanfic foi escrita com o EXO e tinha sido um request de uma amiga que me pediu pra escrever algo inspirado na música Grenade do Bruno Mars.
Eu acho que ela tem um ar meio Dom Casmurro ali no final, de "traiu ou não traiu?", mas deixei o final aberto e queria saber o que vocês acham: o Changgie continua vendo o Minhyuk ou o caso deles acabou de vez?
Espero que tenham gostado da história, mesmo ela não sendo feliz. Já tenho um projeto de uma long changki pro ano que vem e ela vai me ajudar a me redimir de todos os plots com final triste kkkkkkk Muito obrigada a quem leu! ♥
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Eyes Wide Open | ChangKi
FanfictionUm acidente apaga a memória de Changkyun e Kihyun se esforça em reapresentar o mundo ao marido, escondendo dele todos os erros do passado. [changki | changhyuk | traição]