1. A Escrava

79 17 17
                                    

Sigyn acordou quando a carroça parou rapidamente, fazendo-a cair no chão gelado de metal. Uma lona preta cobria toda a parte gradeada, escondendo todas as jovens dos olhos curiosos. O mercado de escravos era extremamente conhecido, mas ao mesmo tempo proibido. De modo que se algum soldado visse as jovens, deduziria que era para lá que estariam indo e interceptariam a carruagem e tudo estaria perdido.

Os olhos arderam imensamente quando o tecido escuro foi retirado e a luz invadiu, violentamente, o lugar. Perceberam não estarem mais em nenhuma parte conhecida, principalmente quando os sequestradores as tiraram de dentro da cela e as arrastaram até um lugar na enorme arena redonda. Havia centenas de homens e mulheres ali, sendo que a população feminina era quase escassa. Muitas delas usavam trapos e estavam tão magras que pareciam esqueletos ambulantes.

— Em que reino estamos? — perguntou Sigyn quando viu um homem de pele azul passar por ela.

— No inferno — respondeu aquele que a conduzia. A empurrou, bruscamente, para perto das outras moças. O mesmo sujeito virou-se para um homem de estatura baixa e o cumprimentou. — Cinco virgens. Jovens e cheia de energia. Garanto que não terá dificuldade em vendê-las.

— Zia, examine-as — mandou o comprador e uma das jovens magras aproximou-se. — Quero ter certeza se realmente são virgens — concluiu. A escrava sorriu levemente para as cinco meninas e as indicou um quarto pequeno e com uma cama imunda.

— Não se preocupem, não lhes farei mal — ela pediu com a voz tão baixa que foi difícil ouvi-la. — Me ajudem apenas. Se eu não fizer, ele vai me bater. Por favor. — Olhou para Eyra, uma bela mulher de pele escura, e indicou o lugar. — Deite-se com as pernas abertas, para eu possa examiná-la.

As meninas concordaram, não queriam que a jovem de voz mansa, fosse agredida por causa delas. Uma a uma foi examinada e realmente constatou-se que nunca haviam estado com um homem antes. Foram levadas de volta para fora e a menina confirmou para o comprador que, de fato, o homem falava a verdade. O dono daquele lugar sorriu e a pegou à força, pelo braço, e beijou-lhe os lábios com violência. A empurrou rudemente para o lado e seguiu até uma escrivaninha. De dentro de uma gaveta tirou cinco sacos.

— Aqui está o combinado. Oitocentas e cinquenta peças de ouro. — Colocou os sacos nas mãos do sujeito. — Cento e setenta por cada uma delas. É o maior preço do mercado.

— Estou vendo. Foi um prazer fazer negócio com você — agradeceu o brutamontes e deu as costas.

— Já sabe, se tiver outro achado precioso como esse, pode trazer diretamente a mim. — O dono do lugar virou-se para olhar as jovens e aproximou-se devagar. Analisou cada uma delas e se afastou novamente. — Eu iria escolher uma de vocês para ser minha... — sorriu para Sigyn e apontou para ela. A garota tremeu de medo. Não podia se imaginar sendo tocada por aquele homem doente e nojento. Imediatamente sentiu seu estomago embrulhar e uma vontade de vomitar surgiu imediatamente, mas ela não o fez. —... provavelmente você, mas seria um prejuízo sem tamanho. São a minha mina de ouro. Acreditem, tem homens que pagam uma fortuna para ser o primeiro de uma deusa virgem. Traz boa sorte, é o que dizem.

— Não para elas — comentou Sigyn ficando ainda mais séria e o homem aproximou-se rapidamente.

— Estou vendo que talvez teremos problemas com você e essa sua língua. — Segurou na bochecha da jovem com força, ao ponto de doer. — Então mantenha-se calada ou arranco-lhe ela fora e te vendo pela metade do preço. — Os olhos roxos olhavam a expressão de medo no rosto da deusa.

— Senhor, os clientes chegaram — informou Zia. Quando percebeu que Sigyn estava com problemas, correu rápido para acudi-la, mas recebeu uma tapa forte no rosto ao fazê-lo.

Almas Perdidas (Loki)Onde histórias criam vida. Descubra agora