PRÓLOGO

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Taehyung



Tento me mover ou abrir meus olhos, mas me sinto fraco demais para tal ato.

O que é isso? O que está acontecendo?

Sinto um peso a mais sobre meu corpo. Tenho dificuldade em sentir o cheiro ao meu redor. Porém, com mais esforço, consigo identificar o odor de bebida e cigarro, misturado ao cheiro de grama. Um alfa.

— Você é tão bonito — a voz soou um pouco distorcida, mas consegui compreender as palavras ditas.

Não conseguia distinguir de quem era aquela voz, mas o cheiro já havia sentido antes. Um dos amigos alfas nojentos de meu pai. Um deles tem cheiro de grama recém-cortada.

— Ande logo com isso, você não é o único — outra pessoa se fez presente. Aguço ainda mais meu olfato e consigo identificar cheiro de terra molhada. Cheiro esse que sei muito bem a quem pertence.

Consigo, lentamente, abrir os olhos e a cena com a qual me deparo é repulsiva. O homem, este qual eu não sabia o nome, encontrava-se com o tronco nu, desafivelando o cinto de sua calça. Distraído demais para notar que estou consciente.

Olho ao meu redor, estou em meu quarto. Quando paro o olhar na porta, meu coração parece parar. Meu pai, encostado no batente da porta, contado notas de dinheiro.

Não! Você não pode ter feito isso! Eu sou seu filho!

Queria gritar, me mexer e sair correndo dali. Mas tudo o que senti foi uma lágrima escorrendo por minha bochecha.

Fui drogado?

— Ah, você está acordado — olhei para o homem sobre mim após essas palavras. O sorriso grotesco me dava arrepios. — Será mais divertido dessa maneira — meu lobo parecia estar despertando após as palavras em conjunto com o olhar medonho.

Voltou a olhar para a porta, suplicando com o olhar.

— Deveria estar feliz ômega imprestável. Pela primeira vez na sua vida está sendo útil para alguma coisa — cuspiu as palavras balançando o maço de dinheiro. — Culpe a cadela da sua mãe por ir embora e te deixado comigo — disse saiu fechando a porta, me deixando sozinho com seu amigo.

— Não se preocupe, querido. Vou cuidar bem de você — sinto lábios em meu pescoço e me encolho, tentando fugir desse toque. A seguir uma inalação profunda. — Que cheiro — e outra inalada.

O lobo em mim está assustado e isso é bom. A adrenalina do medo fez com que a sensação de dormência e anestesia em meu corpo passasse mais rápido.

Vasculho próximo a mim, desesperado, qualquer coisa para usar como arma quando senti mãos por meu corpo, indo direto para o meio de minhas pernas.

Peguei a jarra de vidro que sempre deixo com água ao lado da cama e sem pensar duas vezes bato contra a cabeça do mais velho que cai ao meu lado com a mão onde foi ferido.

— Seu filho da puta! — esbravejou. Os olhos adquirindo um tom cintilante de dourado. O alfa rosnou, deixando a mim e meu lobo assustado.

— Fique longe de mim — cambaleio para longe da cama, segurando um pedaço grande de vidro. Sentindo-me tonto por levantar rápido e com as pernas um pouco fracas.

— Eu vou acabar com você — sibilou intensificando seu cheiro. Meu lobo se encolhia.

A forma como se levantou mostrou que ele estava tonto. Poderia ser pela pancada ou por conta da bebida que ele exalava. Eu tinha uma chance. Uma pequena chance de conseguir escapar. Afinal de contas, mesmo nesse estado, ele ainda é um alfa.

— Ajoelhe-se — ordenou.

— Não! — falei firme.

— Ajoelhe-se — repetiu usando sua voz autoritária de alfa.

Sinto meu corpo se contrair querendo seguir sua ordem, mas eu não vou fazer isso. Não vou me submeter a isso. O ômega, não se submeterá a isso.

— Não! — respondo. Tom alto e claro.

O homem avança em minha direção, mas consigo me abaixar e desviar de sua pegada. Levantando-me rápido, enfiando o pedaço de vidro em seu ombro esquerdo. O mesmo grunhe de dor.

Corro para a porta e quando consigo colocar a mão na maçaneta sou puxado com força para trás. Perco o equilíbrio e caio batendo com força a cabeça no chão. Foi tão forte que minha vista fica turva.

— Sai de cima de mim, seu nojento. — me debato. — Filho da puta! Me solta! — tento de todas as formas me desvencilhar daquele canalha, mas nada adianta. Ele é muito mais forte.

Sua resposta foi agarrar meu cabelo, erguendo minha cabeça e voltando-a ao chão com brutalidade repetidas vezes. Seu ódio é palpável.

Mal conseguia manter meus olhos abertos.

— Eu vou foder você por inteiro — falou em meu ouvido após me virar de bruços.

Estava tentado o impossível para me manter acordado, para tentar fugir. Mas as pancadas foram fortes demais. Minhas pálpebras estavam pesadas.

No entanto, ouvi um estrondo. Em seguida cheiros fortes. Cacau, café, hortelã. Alfas.

Pêssego, banana, mel. Ômegas e um beta. Cheiros conhecidos.

— 'Tá tudo bem agora, meu bebê. Você está em segurança — uma voz doce e angelical sussurrou em meu ouvido, envolvendo seus braços em mim, aconchegando-me. Jimin. — Vou levá-lo para casa. Vou cuidar de você — olhei para seu rosto, mas está tudo um borrão. Mesmo assim, o alívio que me invadiu foi glorioso.

Suspirei tentando me manter acordado, ouvindo o que está se passando ao meu redor. Mas parece que todo o som foi abafado.

Não ouvia nada. Não via nada. Tudo o que conseguia fazer era sentir os cheiros. Desconhecidos e conhecidos. Conseguia sentir o carinho de meu melhor amigo em meu rosto e cabelo. Era impossível confundir a macies de suas mãos.

Fiquei o máximo possível assim. Mas em determinado momento, não sentia absolutamente nada.

Blood Painting  | jjk+kthOnde histórias criam vida. Descubra agora