O tabuleiro

197 45 7
                                    

O fim do ano trouxe novidades importantes para a longa e quase cansativa negociação entre a Dreyfus Group e a CDM/Calete.

Aparentemente, Christian Dreyfus aceleraria os planos e conseguiu convencer os outros acionistas a prosseguir com a proposta acordada com a construtora brasileira.

- Vou acender uma vela para Santa Dulce dos Pobres apenas por isso. – celebrou Rebeca, em reunião com os principais diretores da empresa.

Estavam presentes Daniel Vilas Bôas, CEO da Calete; Wilma Bacci, diretora de Gestão Ambiental; o diretor Estratégico Luis Raposo; Taciane Amorim, diretora da Rede de Iniciativas, e Samuel Queiroga, diretor Jurídico.

A única pessoa sem cargo de chefia na reunião era Henrique Vilas Bôas, um representante improvável do bilionário britânico.

- Qual foi o motivo dessa pressa toda, agora?

- Novidades na guarda da filha: minha cliente, Rosa Williams, pediu que o pai da criança ficasse por mais alguns meses cuidando da menina, já que ela e a banda farão uma turnê internacional.

- Uma banda, como assim? – Daniel ficou curioso.

- Rosa é vocalista de uma banda que mistura rock, pop e axé, chamada Day Riders. – o nome não soou estranho aos ouvidos do pai de Henrique. – Eles começaram acompanhando Rosa em alguns shows, tipo eles tocam sós um dia e no outro tocam com ela. Agora tocam e cantam todos juntos, são um sucesso.

- Day Riders não é a banda dos filhos dos membros dos Night Riders, antiga banda de Gerônimo? Januário tá tocando bateria, Isabel me contou. Morre de medo que o menino deixe os estudos.

- Tia Isabel é sempre exagerada na preocupação, mas são eles mesmos. Melhor minha tia se acalmar na proteção, porque eles vão longe.

- Como assim, Henrique, você conhece um dos membros da banda, além da cantora? – questionou Rebeca, bastante surpresa.

- Sim, Januário é filho de meus padrinhos, crescemos juntos praticamente.

- E eu sou padrinho de Raimundo, o mais velho, enquanto Flávia é madrinha de Lúcia, a caçula. – completou Daniel.

- Os padrinhos de Januário são amigos de tio Gerônimo e tia Isabel, não são conhecidos por você, Rebeca. – prosseguiu Henrique. – Mas vocês não querem saber sobre as conexões familiares de pessoas que nunca viram na vida, e sim novidades sobre Christian Dreyfus. Sim, ele vai aceitar a proposta, pelo que eu entendi. O objetivo dele é, no futuro, se mudar para a Bahia com a filha, mas existem alguns pormenores nesse objetivo porque a menina estuda balé e, bem, a criança tem muito talento. Mas... Está tudo encaminhado. Logo eles assinam a documentação e vocês podem prosseguir com a construção.

- Esperamos mesmo que essa construção comece. – observou Raposo. – É que ouvi boatos de que será construído um resort no Sítio do Conde que promete ser um arrasa-quarteirão.

- E quem vai construir? Não recebemos nenhuma prospectagem. – comentou Rebeca.

- Dizem que ele vai chamar uma empreiteira carioca pra isso, gringos, não sei.

- Ele quem?

- Enrico Gonzales, o magnata venezuelano.

Todos se olharam, em choque. Enrico Gonzales era dono de uma rede hoteleira de luxo que estava se espalhando pela América Latina, e era o principal rival de Dreyfus numa possível expansão da Gold Star no Brasil.

- Filho da mãe. – Daniel bebeu um copo d'água, surpreso. – Um contrato com Enrico Gonzales pode garantir a gratificação dos próximos dez natais para toda a empresa. Raposo, como a gente não vai ter esse contrato?

A ImplacávelOnde histórias criam vida. Descubra agora