Perdão

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(perdão também sou eu pedindo desculpas pela demora na entrega deste capítulo, mas é porque me encontro numa "Segredos de Família" Situation, o que provavelmente quem acompanhou alguma live que eu tenha feito no Instagram ou o que escrevi no final daquele livro vai saber do que eu tô falando.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo!)

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Jorge Campello ameaçou subir até o 30º andar, onde ficava a sala da presidência, mas algo o fez evitar aquele ato impulsivo e seguir até o RH: seu emprego.

Se ele se indispusesse com Rebeca Cavalcante de Menezes, a mulher mais rica do Brasil e uma das mais ricas do mundo, seria demitido por justa causa e ainda ficaria sem chance de arranjar emprego até de faxineiro de bordel.

"Respira fundo e espera a hora do almoço. Essa loucura vai ter solução."

"Tá, mas duvido que essa mulher almoce no refeitório junto com os empregados, eu vou lá no 30º andar dar uma de João sem braço e ver como fica."

Sentado em frente à secretária da presidência, que indicou a Jorge sobre a impossibilidade de falar com as pessoas da diretoria sem hora marcada, o engenheiro aguardou enquanto ficava no celular; até o momento que várias pessoas saíram da sala de reuniões conversando alto, e por último Rebeca, enviando alguma mensagem para alguém no celular.

Jorge levantou-se a fim de interpelá-la.

- Oi, precisamos conversar.

A executiva o olhou de cima a baixo e ignorou seu pedido.

- Rebeca, precisamos falar sobre Valéria. Valéria Abade, nossa antiga colega de escola que tá trabalhando de mensageira e moça do cafezinho.

Ela virou-se, fria, e apenas disse:

- Você tem dez minutos, Campello. Na sala de reuniões.

Dentro da sala, onde ele fizera sua entrevista de emprego, toda a coragem em defender a dignidade de uma velha amiga se esvanecera ao novamente encarar Rebeca em seu habitat natural – dominadora, firme, elegante como se aquele terno branco que usava não custasse mais do que o salário combinado dos operários que comandava no canteiro de obras.

- Eu não acredito, Rebeca, eu... Eu sei que aquela época foi horrível e Valéria foi cruel, mas... Ela... Trabalhando como a moça do cafezinho? Que loucura é essa? O que é isso, que tipo de vingança é essa?

A resposta dela foi um riso desdenhoso.

- A diferença entre mim e você, Campello, é que você é obtuso e toma decisões precipitadas, o que é um problema, considerando o alto grau de responsabilidade envolvendo o seu emprego. – Jorge engoliu em seco. – Valéria veio aqui pedir um emprego porque estava desesperada. Pediu, implorou, em nome de sua filha, Cristiana. – a informação o deixou lívido. – Valéria estava passando por dificuldades seríssimas e decidi ajudá-la.

- Com um emprego de mensageira...

- Porque ela não tem ensino superior. Pelo que soube, conseguiu uma vaga em um curso EAD de Administração.

- Mas... Ela podia ser secretária, ou recepcionista-

- A política da empresa é ligeiramente diferente de outros lugares onde você pode ter trabalhado, Campello. Minha secretária particular tem Mestrado, dona Ramona, a recepcionista, tem um MBA em Gestão. Os faxineiros da empresa são todos graduados; provavelmente aqueles operários cuja opinião você ignorou com arrogância estão se formando e garantindo uma gratificação. Valéria prossegue em seu emprego, garantindo os benefícios e o apoio de que ela necessita para criar a filha, mas precisa estudar e garantir seu espaço na CDM/Calete.

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