O rascunho

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Ficamos assim por vários minutos, até que ela confessou com certa ironia, da qual, eu já estava sentindo falta:

— Acho que não tô nem um pouco a fim de estudar agora.

Eu ri, fazendo carinho em seu cabelo.

— Eu também não...

Ela levantou o rosto, me encarando ainda um pouco preocupada.

— Ainda está brava comigo?

— Não — respondi com sinceridade, me afastando um pouco, fitando-a nos olhos.
—, não é bem isso. Também gostaria de saber com quem você brigou antes de voltar para casa, não entendi isso ainda. — sua expressão se tornou apreensiva, até que eu complementei: — Mas não precisa ser hoje.

— Certo. — ela assentiu, e me esforcei para deixar sua preocupação exagerada com aquele assunto pra lá. Não aguentaria outra discussão, pelo menos, não agora. — Você quer ir pra casa?

— Quero. — confessei. Sadie assentiu. —

Você pode ir comigo...

Ela deu um risinho.

— Está pensando em assistir aquele filme, é?

Assenti com a cabeça, abrindo um pequeno sorriso de lado.

— Acho que você me deve essa.

Saímos da escola, a rua estava praticamente deserta. Chequei as horas no celular. 13h00. Guardei o aparelho novamente no bolso. Senti Sadie pegar minha mão, parecendo hesitante por termos acabado de fazer as pazes. Mas entrelacei nossos dedos, como um sinal de que estava tudo bem. De canto de olho percebi seu pequeno sorriso satisfeito.

Mal sabia Sadie, que eu também precisava de seu toque tanto quanto ela. Poderíamos discutir sobre o que  havia feito quando foi se encontrar com seus amigos amanhã, agora eu só precisava ficar com a minha ruiva. Sem discussões ou brigas.

Destranquei a porta da frente, dando espaço para ela  entrar. Fechei a porta e fui até a cozinha, para fazer algo para nós comermos, deixando minha mochila sobre o sofá.

Sentindo Sadie me seguindo até o outro cômodo, abri o armário, retirando dali um saco de pipoca.

Peguei uma panela, colocando sobre o fogão.

— No que está pensando? — perguntei, despejando o milho na panela, estranhando o silêncio da ruiva.

— No dia em que conheci sua mãe Sua expressão quando cheguei foi ilária. — provocou, e, em seguida, me abraçou por trás, me deixando arrepiada.

— Não tem graça. — respondi, apesar de estar rindo. — Minha mãe quase me fez ter um treco.

— Eu adoro a sua mãe. — sussurrou em meu ouvido, colocando meu cabelo sobre o outro ombro. — Tenho certeza que nunca teria ficado sabendo do sonho se ela não tivesse me dito.

— Não mesmo. — concordei, sentindo os pelos do meu pescoço completamente eriçados. Assim que o milho começou a estourar, me afastei do fogão, trazendo Sadie até a mesa pela mão, nos sentando.

— Me desculpa também. — falei subitamente.

Sadie pareceu sair de um transe, seus olhos focaram meu rosto e ela franziu a testa:

— O quê?

— No dia em que você veio, eu também errei. Não devia ter mentido para meus pais.

Sadie sorriu, dando de ombros.

— Relaxa, já passou. — seu sorriso aumentou, e eu já imaginei suas próximas palavras com seu tom convencido habitual.

— E eu sei que, no fundo, você adora o jeito diferencial da sua namorada.

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