O sumiço

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O sinal bateu tão depressa que eu não pude acreditar que nossos vinte minutos de intervalo tinham literalmente voado.
Não conseguia entender como Jack havia ido parar no meio daquele grupo de amigos que passavam a maior parte do tempo fazendo piadinhas maldosas dos outros alunos. Ele não tinha nada a ver com eles.
Noah nos fez parar um pouco para nos sentarmos e conversarmos, e Jack começou a falar de Star Wars. De Star Wars! Provavelmente foi isso que levou todo o restante do intervalo, sem nos darmos conta.

Meu melhor amigo e eu então ajudamos ele a guardar tudo antes de sairmos da biblioteca e voltarmos para a sala, com nossas risadas sendo abafadas com as vozes altas dos outros alunos no corredor movimentado.

Fomos para nossos lugares perto da mesa do professor enquanto o cacheado ficava na primeira fileira, do outro lado da sala. Foi difícil me concentrar na aula. Ainda sentia a eletrização da animação no intervalo e, claro, Noah notou:

— É... Perdi a atenção do meu cacheado. — sussurrou.

Abafei um riso irônico.

— Meu cacheado? — questionei. — Isso aí vai acabar é dando casamento... — falei, para provocá-lo. E as bochechas coradas de Noh não passaram despercebidas por mim.
Passamos duas aulas fazendo prova de matemática, do qual, Noah e eu passávamos cola para Romeo de uma questão ou outra.

E nas duas últimas, tivemos filosofia. Já que, segundo o professor, todo o nosso horário da semana havia mudado. Após passá-lo novamente, ele deu início à atividade, nos colocando em duplas. Noah acabou tendo que fazer com um garoto atrás dele, enquanto eu fiquei com Romeo.
A atividade era até bem simples. Tínhamos que interpretar a quinze pensamentos filosóficos. 
Foi uma aula até mesmo engraçada. Vários alunos liam as frases em voz alta, com um tom filosófico exagerado, que fazia uns aos outros rirem.

Sem nada para fazer depois de termos entregado a atividade, Romeo e eu  passamos o restante da aula conversando sobre sua vida na Flórida e o que perdeu desde que foi embora:

— Na Flórida, estávamos morando em um apartamento. Um ano depois, meu pai conseguiu subir de cargo na nova empresa, o que facilitou muito. E então ele comprou uma casa mais próxima da minha família.

Sorri com certa nostalgia.

— Você nunca gostou de apartamento. — comentei.

Romeo deu de ombros e continuou:
— Eu tinha feito algumas amizades na nova escola, mas — ele sorriu. — não se comparavam com as daqui. — comentou ele.

— Compreensível. Você passou sua infância inteira aqui. — falei, ficando um pouco ressentida. — Ainda me lembro do dia em que você me contou que ia embora...

— Eu não queria... — ele começou.

— E nem eu. — o cortei. Só havia percebido que uma lágrima havia caído do meu rosto, assim que Romeo a enxugou com os dedos.

— Eu estou aqui agora. — disse, em uma tentativa de me confortar. Mas já não era a mesma coisa. Estava emocionada com a lembrança e não porque aquilo ainda me doía. Havíamos amadurecido.

O sinal tocou, nos interrompendo.

— Muito bem, pessoal, as duplas que não conseguiram concluir a atividade, podem deixar para entregar na próxima aula. — disse o professor, arrumando suas coisas sobre a mesa.

Me levantei da cadeira e passei a arrumar minhas coisas. Assim que fitei Romeo, ele sorriu, abri a boca para me despedir dele, mas sou interrompida por braços  me enlaçando pela cintura. Sadie apoiou o queixo em meu ombro e curvou a cabeça, depositando um beijinho em meu pescoço, em uma clara tentativa de marcar território.

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