A cela

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HARRY

Estive com meus pulsos presos por cordas durante todo o caminho até o castelo. Voltando para Theokya com Zayn ao meu lado, se controlando para não meter a porrada em meu pai e em Lion, que estavam um pouco mais à frente em outra carruagem.

O caminho até lá foi um silêncio total, tinha como castigo não trocar nenhuma palavra com Zayn, porque se caso fizesse, ficaria mais algumas horas preso no calabouço e eu queria evitar ao máximo ficar mais tempo naquele lugar.

Não podia dizer que estava arrependido do que fiz. Na verdade estava bem comigo mesmo por ter feito meu esposo gozar daquela forma, e ele parecia tão bem.

Logo que chegamos ao castelo, deixei com que os seguranças me levassem até o local subterrâneo onde ficavam os corredores de celas. Haviam muitos prisioneiros ali, todos surpresos conforme me viam caminhar pelos corredores com as mãos amarradas umas às outras. Não podia negar que estava morrendo de vergonha, com medo e com frio.

A escuridão do lugar era imensa, as paredes feitas com pedras eram úmidas e a única luz ali era a dos buracos sobre o teto e das poucas tochas de fogo nas paredes.

Fui guiado até uma cela especial que ficava mais afastada das convencionais, sem outras celas por perto, apenas a minha.

— Alteza terá direito à apenas uma refeição por dia até o dia de amanhã neste mesmo horário. Um guarda virá até aqui uma vez a cada três horas para certificar de que está tudo bem. — Um dos assistentes do meu pai diz enquanto abria o cadeado do portão de ferro da cela, me deixando entrar e desamarrando minhas mãos.

Apenas concordei com a cabeça e olhei em volta do cômodo quadrado, vendo que não havia nenhuma iluminação, a não ser por um buraco do teto que mostrava o céu azul do lado de fora. Ali havia uma cama, e ao lado dela uma pequena escrivaninha com cadeira e uma bacia com água no chão. Tudo muito sujo e com mal cheiro, era péssimo.

— Zayn poderá vir me ver? — Perguntei ao ver que o assistente do rei terminava de trancar o portão com o cadeado.

— Só é permitida uma visita por dia e ela terá apenas trinta e cinco minutos. — Faço um sinal positivo com a cabeça ao ouvi-lo falar e deixo com que o mesmo se afastasse para me deixar completamente sozinho ali.

Não achei que seria tão ruim, pois estive sozinho a minha vida toda, preso no meu quarto, esperando até o momento em que abririam as portas para que eu pudesse fazer pelo menos um passeio no jardim. Foi assim desde sempre, desde a infância em que aprendi a brincar sozinho e fazer amizades com meus amigos imaginários.

Meus irmãos tinham o direito de brincar uns com os outros e de irem para a escola, porque no meu reino, alfas e betas tinham esses privilégios, todos eles, menos eu.

Fiquei ali, sentado na cama, olhando para a blusa bordada que havia ganhado de presente de Zayn. Ela era linda e cabia perfeitamente no meu corpo, naquele momento eu só queria que ele estivesse ali comigo e parecia tão estranho querer tê-lo só para mim.

O tempo ia passando e meus olhos iam pesando conforme o tédio ia ficando maior, estava prestes a deitar e dormir, quando ouvi um barulho.

Abri os olhos na mesma hora e fiquei em silêncio absoluto por alguns segundos, até ouvir o mesmo barulho mais uma vez, como o som de soco no chão seguido de um gemido de dor.

Aqueles bagulhos vinham de baixo da cama.

Engoli em seco imaginado que talvez tivesse algum animal ali por baixo, então inclinei meu pescoço para observar melhor e ver que havia uma poça de água no chão, e mais um gemido de dor saindo lá de baixo.

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