Capítulo 3 - O Reencontro

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Quando eu atravessava aquela rua,
morria de medo
De ver o teu sorriso e começar
um velho sonho bom ♫*

Segunda feira

    Ela não dormiu quase nada, a noite foi regada de ansiedade e pensamentos imaginando como seria esse dia. Paula estava na cama deitada olhando para o teto pensando em como esse final de semana foi intenso. Sempre muito bom rever a família, adorou poder finalmente estar com eles, mesmo que em tempo curto. Mas quando não estava envolta nos braços da mãe, do pai ou do irmão, sua mente encontrava-se num outro lugar chamado Carol Rovira.

     Quando falou com ela ao telefone, tentou perceber como seu corpo reagia e concluiu que Carolina ainda mexia com ela; visto seus batimentos acelerados, o nervosismo e o calor em seu corpo após desligar a ligação. Não se arrependeu de dizer que sentiu saudades e queria vê-la. Mas não soube manter aquele clima — no qual ficou durante a breve trocas de palavras saudosas e cheias de vontade de se reencontrarem — que logo foi transformado em tom humorístico quando sugeriu que eram mais uma das graças de Carol. Paula sempre encontrava essa saída no humor apontadas quase sempre à Carol para a tirarem dos climas que se formavam.

Sempre optou por se resguardar, porque sabia que Carol não estava disponível para esse possível encontro — no sentido de trocas de desejos e paixões. Agora não poderia ser diferente, as redes sociais indicavam que Carol ainda estava com Roger, seu parceiro de anos e isso impedia qualquer possibilidade de Paula estar com Carol de outra maneira. Respirou fundo, e um certo receio tomou-lhe conta: o de não aguentar sentir demais ao ficar perto da morena mais uma vez.

Contudo, também sabia que não era mais a Paula de antigamente e sentia-se mais madura para enfrentar seus sentimentos, mesmo se perdendo nesse caminho. Afinal, "só se perdendo que a gente se acha", refletiu ela.

O toque do despertador lhe tirou dos pensamentos, marcava 7h da manhã. Revirou os olhos cansados de noite mal dormida e tratou de se espreguiçar. Sentou na cama, olhou para o quarto iluminado de raios solares que entravam pela brechas das cortinas e observou na parede de um azul desbotado pelo tempo, cada pôster de filmes e artistas devidamente mantidos por ali, assim como recortes de revistas onde detalhes de paisagens, pessoas e animais que ninguém percebia, estavam lá. Sorriu ao lembrar-se da menina atenta, curiosa e fascinada pela inúmeras possibilidades de criação que existiam no mundo, de alguma forma a fizeram ser a mulher que é hoje.

Emocionada com as recordações, deixou as lágrimas caírem em seu rosto e em seguida entrou no banheiro para tomar um banho e se molhar por inteira. Precisava estar renovada para enfrentar aquela segunda feira cheia de mistérios.

Não se prolongou muito no banho, tão logo já estava secando o cabelo com o secador. Em seguida passou hidratante no corpo bem devagar, deixando o creme penetrar na pele e o cheiro impregnar o corpo. Depois vestiu-se: calça jeans, uma blusa de manga comprida de cor marrom e uma jaqueta vermelha. Após calçar o tênis, olhou no grande espelho no centro de seu quarto, respirou fundo e disse para si mesma "fica tranquila Paula, é só uma reunião de trabalho". Saiu do quarto, fechou a porta e deixou aquelas palavras enganosas por ali trancadas.

Após um breve café da manhã — onde comeu pouco pela falta de fome —, despediu-se da mãe e do irmão em um abraço cheio de amor. Disse que tentaria voltar o mais breve possível assim que pudesse. Gonzalo fez menção de visita-la em algum dia desses e a avisaria. Paula adorava quando ele a visitava, aproveitavam bastante os passeios que faziam.

Agachou-se para pegar o mascote da família, tascou-lhe muitos beijos e mandou continuar vigiando a família. Nesse momento lembrou de suas gatas que ficaram em casa, não via a hora de ver como estavam. Havia pedido ajuda a uma amiga para que fosse lá algumas vezes alimentá-las e trocar a caixa de areia delas, só assim para viajar sossegada sabendo que suas filhas estariam sendo cuidadas. A sorte é que uma faz companhia a outra, brincam e dormem juntas. O que facilita a Paula na vida cotidiana a sair para trabalhar é saber que nenhuma vai sofrer tanto assim sem a mãe por perto.

Delicada Selvageria - PaurolOnde histórias criam vida. Descubra agora