Capítulo 9 - Acalanto

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Elas se encontram deitadas na cama, uma encarando a outra.

Estão prestes a se beijar.

E quando conseguem, fazem com gosto.

As línguas são entrelaçadas feito laços.

Entretanto, percebem que querem mais.

Então se jogam entre os lençóis.

Não há hesitações nem passos lentos.

O olhar direciona o querer de ambas.

O corpo mobiliza a ação.

O desejo sustenta.

Beijos e beijos pela pele dela.

Os toques pela mão atravessam o corpo

e deixam Luisita alucinada.

Tão alucinada e excitada que pretende

fazer melhor em Amelia.

Ambas saciando seus desejos.

Sempre na busca de um prazer.

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— E... corta!


As duas riram de nervoso ao término da finalização da cena. Era a última. Das outras vezes, Paula e Carol riam em alguns momentos. Com isso, foi preciso refazerem algumas tomadas.

Carol, antes de se levantar da cama, falou baixinho a Paula.

— Ainda bem que teremos uma oportunidade mais quente hoje a noite.

Paula corou. Pensar sobre a noite que viria deixava ela em pânico.

— Madre mia, Carol.

— Pois, sim. Só vai ser eu e você. Paula e Carol  — e levantou da cama, batendo palma para o feito da cena.

Uma preocupação de Paula já havia passado, da qual era gravar essa cena.

Agora a outra preocupação, começava a lhe tomar. Se chamava 'dormir' com Carol Rovira.


***

Molha eu
Seca eu
Deixa que eu seja o céu
E receba
O que seja seu
Anoiteça e amanheça eu 🎵*

Adentrou o pequeno apartamento de Carol um pouco nervosa, o coração estava na boca. Respirou fundo e sentiu um cheiro cítrico no ar, imaginou que fosse laranja. Observou o espaço cheio de cores, o que o tornava, de cara, bastante acolhedor. Havia vasos de plantas pelo piso e pendurados pela parede. Notou um violão acoplado num suporte de chão e um ukulele em pé na poltrona ao lado da estante. Os móveis estavam organizados perfeitamente em cada espaço que lhe cabia e havia quadros de filmes pendurados na parede da sala. O lar de Carol Rovira como tinha de ser.

Aquela era a segunda vez que visitava o lugar no qual a catalã morava. Na primeira vez, se reuniu com ela para ensaiarem alguns textos de Amar — não se passava nada mais do que duas atrizes discutindo e trabalhando suas personagens —, época em que estavam se conhecendo; a relação Luimelia estava prestes a nascer. Foi naquele dia onde Paula percebeu que poderia dar certo ter Carol como companheira de trabalho, pois tudo fluia muito bem e a sintonia era perfeita entre elas.

Nunca imaginou voltar ali, agora, se relacionando de outra forma com ela. Parou em frente a estante onde haviam várias fotos de Carol com amigos e familiares, porém uma chamou atenção: a das duas sentadas num banco, bem juntinhas. Lembrou dessa foto, tinha uma também. Sentiu um frio na barriga, mesmo sua pele toda em chamas. Escondeu o sorriso e fechou rapidamente os olhos, sentindo perder um pouco do chão ao perceber como as coisas haviam mudado demais.

Delicada Selvageria - PaurolOnde histórias criam vida. Descubra agora