Capítulo 7 - Mi Alfonsina

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Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada 🎵 *

Resolveram se encontrar logo no início da manhã da sexta feira para correrem pelo parque. Carol estava animada de poder revê-lo e deram um jeito de fazerem esse encontro acontecer de forma que não quebrasse a rotina da catalã onde toda a manhã depois da yoga, ela caminhava e corria no parque perto de seu apartamento. Como ele adorava exercícios físicos ao ar livre e somado à vontade de estar com ela, foi fácil aceitar o convite.

Após correrem por uns 20 minutos em torno do lugar lindamente arborizado, resolveram dar uma primeira pausa na corrida, antes de retornarem. Optaram por andar até um pequeno espaço ali perto onde haviam mesas e cadeiras, a fim de tomarem uma água e comerem algumas frutas que traziam em suas pequenas mochilas. Na caminhada até lá, Carol não resistiu e começou a brincar com ele — beliscou sua barriga e correu em seguida, fugindo. De repente pareciam duas crianças em jogo de pega e corre, um atrás do outro. No meio dessa diversão toda, o rapaz tropeçou em uma pedra e caiu no gramado, dando altas gargalhadas. Carol foi em direção a ele e se jogou ao seu lado, também em meio a risadas. Perguntou em catalão:

— Está tudo bem?

Ele ficou imovel por uns segundos.

— Te peguei!

E encheu Carol de cócegas, o que a fez lutar para se livrar de perto dele.

— Paraaaaa!

Ela conseguiu se levantar usando toda sua força, mesmo tendo a barriga doendo das cócegas e de tanto rir. Quase sempre é assim quando encontra Alfons Nieto, um de seus melhores amigos. Ele reside atualmente em Barcelona e estava por esses dias em Madrid para fazer um teste de elenco para uma série de tv. Carol e Alfons guardam uma amizade de anos, desde a época da formação em teatro que tiveram no Institut del Teatre em Barcelona. Quando ambos descobriram que eram conterrâneos da região de Catalunya, não se separaram mais.

Após se formarem, sempre se ajudaram nesse caminho árduo que era ganhar a vida através da profissão de atriz e ator. Quando Carol sabia de algum teste, logo encaminhava à ele as informações e ele fazia a mesma coisa à ela. Ao passar dos anos foram construindo, entre as inúmeras dificuldades, suas carreiras; percorriam entre Barcelona e Madrid em busca das melhores oportunidades e sempre podiam contar um com o outro nesse percurso. Em paralelo a esse apoio na vida profissional, a amizade entre eles aumentava. Carol sempre adorava poder estar  e contar com Alfons para coisas boas e ruins.

— Amiga, hoje você está com uma energia gritante! — disse se levantando da grama, ainda em risos.

Carol deu um sorriso grande ao amigo. Realmente, estava se sentindo muito bem, com inúmeros motivos maravilhosos para se sentir assim.

— Sim, Alfons, estou bem contente por esses dias.

— Nossa, então me conta! Seus olhos estão brilhando, essa sua cara de... — ele não continuou, analisou a feição dela e esperou ela responder.

A resposta dela veio com um sorriso sem graça, onde ela o tentou esconder. Olhou para as mãos sem saber o que falar mas já era tarde demais; seu amigo, que a conhece como ninguém, já entendeu o que se passava.

— Carolina Rovira Melich! Me conta tudo! Quero saber tudo, amiga! — disse dando um tapinha na bunda dela, o que fez ela rir. Mas Carol não sabia por onde começar...

— Bem... vou contar, mas te peço segredo.

— Claro, Carol!

Limpou a garganta. Fechou os olhos e viu ela em sua mente, sorriu boba, parecia uma adolescente.

Delicada Selvageria - PaurolOnde histórias criam vida. Descubra agora