SILERCITY

1.2 - Toc Toc.

O tédio estava dominando o garoto que esperava do lado de fora da casa. Pela terceira vez seguida, Gaspar bateu na porta dos Winters esperando alguma resposta. Toc Toc.

Eu vou te esganar quando você sair aqui fora, Winters ― pensou com um leve gosto de fúria. Segundos depois a porta finalmente foi aberta por Catherine, a mãe do requisitado.

― Por Deus, me desculpe a demora ― começou ela com o discurso. ― Eu estava no banho. ― E realmente era perceptível, pois o cabelo da mulher ainda estava pouco úmido. ― O café está quase pronto.

Joseph, o amigo de Gaspar desceu as escadas enquanto colocava o último livro na mochila.

― Bom dia ― falou para todos ali embaixo. Gaspar já estava se fartando do pequeno pãozinho que Catherine havia comprado na padaria. ― Vamos logo, estamos atrasados.

― Não vai comer nada? ― perguntou a mãe.

― É. Não vai comer nada? ― o amigo questionou também, mas ele só estava preocupado em se fartar ainda mais.

― Não mãe, pode ficar tranquila. Eu me viro no colégio. Vamos, garoto! ― disse puxando o outro e rapidamente eles saíram.

― Eu devia matar você, sabia? ― confessou Gaspar.

― Eu sabia que você estava aqui embaixo ― respondeu Joseph parando no meio do caminho. ― Só estava testando a sua paciência. ― ele esclareceu dando risada da cara que o outro fizera.

O garoto Winters saiu correndo quando viu que tinha cutucado a onça com vara curta.

― Seu desgraçado! ― esbravejou o outro abrindo carreira atrás dele, e os dois trocaram mini socos até o ônibus parar para eles entrarem.

― Ora, ora se não é Tom e Jerry indo juntos para o colégio ― Morgan White, o que se considerava o valentão do colégio falou, assim como todos os dias. Os garotos claramente incomodados resolveram simplesmente ignorar e seguiram para o fundo do ônibus.

No meio do trajeto, por mais que fosse o menor até o assento deles, o brutamonte colocou o pé para que Gaspar tropeçasse, e foi o que literalmente aconteceu. O menino foi de cara ao chão causando uma enorme crise de risos em todos que estavam naquele veículo. Joseph não gostou nada e voltou para ajudar o amigo a se levantar.

― Você é muito idiota ― reclamou para Morgan que só ficou revirando os olhos e tornou a caçoar deles. Seguiram os dois para o fundo do ônibus e se sentaram colocando os fones de ouvido tentando isolar-se um pouco mais daquela realidade incondizente que eles viviam.