Capítulo Vinte e Três: "Como vidro quebrado"

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- Ai... Ai... AI! – Shuri fechava meu vestido na força do ódio.

- Desculpa, é que eu não gosto de coisas acinturadas... – Ela deu um puxão. - ... e apertadas!

- Mas princesa, meu vestido nem é tão acinturado! – Olhei desesperada para Natasha, que entrava com uma coroa de flores brancas nas mãos.

- Pelo menos você está linda! – Pepper arrumava a cauda do vestido que, segundo Wanda, era estilo cottage... Não que eu saiba com toda a certeza desse mundo o que significa isso.

Estava calor, e embora estivesse de alcinha, sentia uma temperatura alta percorrendo meu corpo. Talvez estivesse ansiosa para a festa, claro. Bucky e eu só estamos fazendo isso porque nossos amigos, que são família, querem

- Mas ela precisa estar viva! – Nat ajeitava a coroa. – Arrasa, garota.

Me sentia feliz, isso não posso negar. Todas me ajudando, e os homens ajudando Barnes. Os bruxos esperando ansiosos, arrumando tudo com mágica.

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Casar em Wakanda é algo mágico. Além de ser um lugar lindo, nos sentimos em casa.

Posso dizer que tudo ocorreu maravilhosamente bem e que Bucky sabe disfarçar o choro, embora eu saiba que a origem disso seja triste.

A festa foi maravilhosa também. Nos divertimos muito.

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- Olha esse quarto! – Me joguei no colchão macio da cama de casal. – Olha! Olha!

Bucky fechava a porta rindo!

- Ai, quase perdi a coroa! – Tentei me levantar segurando-a, mas o vestido longo e cheio de camadas não deixava. Desisti e fiquei deitada ali.

- Você sabe que já dormiu aqui, né? – Barnes deitou de lado, me observando lutar para manter a coroa no lugar.

- Mas tudo que eu faço pela primeira vez, estou desacordada! – Eu ria. – Então preciso viver tudo como se fosse inusitado!

Bucky ajeitou a coroa.

- Não se preocupa, uma rainha não perde isso nunca. – Ele deu uma piscadinha. – Tivemos uma boa celebração.

- Foi ótima!! – Me levantei em um pulo, ficando de frente para ele. – Adoro festas! Você se divertiu?

- Claro, querida! – Virei de costas. Barnes já sabia o que eu queria. Segurei meu cabelo e ele começou a abrir o zíper do vestido. – Acho que nunca me... nossa, tem esses cordões trançados também... diverti tanto! De verdade!

- Você quer ir tomar banho primeiro? Tenho que colocar isso no cabide, colocar a coroa em algum lugar e tirar a maquiagem...

- Claro! Quer ajuda para desfazer o penteado depois?

- Sim, adoraria!

Bucky foi até o banheiro, tirando o paletó.

Me curvei frente um espelho e tirei meus brincos. Minha cabeça começou a doer.

Continuei, até que sentei na cama com meu camisão de dormir, e a dor piorou.

- Hmmm... amor? – Barnes já estava fora do banho. Saindo do banheiro, na verdade. – Minha cabeça está doendo muito! Você pode me dar alguma coisa?

- Deve ser vasodilatação, por causa do Sol. – Ele pegou um copo de água gelado. – Coloque na testa, vai te ajudar querida.

Pressionava aquele vidro congelante contra minha pele quente. Bucky acariciava minhas costas enquanto me observava. O colchão estava afundado para o lado em que ele estava sentado, o que facilitava apoiar meu corpo no dele.

- Hmmm... Acho melhor você segurar. – Dei o copo para ele e deitei em seu colo. – Acho que estou com insolação... Meu corpo está muito quente... Tudo dói.

Barnes checava a temperatura com as costas da mão. Com a outra, afagava meu cabelo.

- Vem, acho melhor dormir. – Ele me ajudou a levantar, mas cai de joelhos.

- LENA! – A porta do quarto abriu e Marcus Flint entrou. – Com você também?

Nós o encarávamos, confusos.

- É que... Oliver e Cedric estão gemendo no chão. – Ele olhou para o corredor. – Agora os Weasleys também!

- Querida... – Bucky tentava segurar meu rosto virado para o dele, mas meu corpo se curvava e a única coisa que conseguia encarar era o chão.

Ouvia burburinhos, a voz de Barnes, Flint agonizando e muitos passos apressados.

Sentia a mão de Bucky tentando me acordar de um transe.

Não sei como, mas minha varinha surgiu em minhas mãos, e lágrimas escorreram dos meus olhos.

Uma tontura tomou conta de meus sentidos e eu não sentia mais nada.

Um apagão.

Tudo preto e uma voz interna gritando, se esperneando. Uma dor dilaceradora tomou conta de mim, mas não era totalmente física. Embora eu achasse que ela poderia, literalmente, partir meu coração. Mais do que ele estava naquele momento. 

A Feiticeira DesconhecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora