26 - FINAL

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Ludmilla POV





O dia amanheceu cinza, porém não havia água em suas nuvens escuras.

Ventava fortemente neste dia, o cemitério lotado de parentes, amigos, familiares e curiosos. Todos haviam tirado um tempo em sua agenda para vir prestar a última solidariedade a grande mulher que havia sido Brunna Gonçalves, Fernanda Maciel Oliveira, Daiane Oliveira e Larissa Carvalho, os enterros dos corpos das vítimas do vôo Castro haviam sido feitos em caixão lacrado, A legista nos informou que pela forma que os corpos estavam, não seria apropriado ninguém vê-los.

O cerimonialista encarregado dos enterros havia acabado de falar e os caixões estavam sendo abaixado ao interior da terra, os 4 caixões ao lado um do outro.

Mais uma vez em menos de um ano eu havia voltado ao mesmo cemitério enterrar uma pessoa que eu amava, mas hoje, estaria enterrando 4 pessoas que amava.

Fernanda Maciel Oliveira, a esposa da minha melhor amiga, a baixinha invocada a brava quando queria justiça pelo país em que morava.

Daiane Oliveira, minha melhor amiga, passamos anos juntas entre zoações e amor, a minha parte de sempre a irritar pela jaqueta de couro preta que ela sempre usava mesmo em dias quentes.

Larissa Carvalho, o amor da vida de minha melhor amiga, a garota sem noção alguma que eu aprendi a amar, a inteligência de alguém jamais havia ultrapassado a dela, nem mesmo a minha.

Brunna Gonçalves, a mulher que eu amava, a dona dos olhos avelã mais hipnotizantes que eu já vi, a dona do meu coração e de minha alma.

Senti braços calorosos me envolverem enquanto eu chorava sem me importar em ter a atenção das pessoas ao meu redor.

Olhei para o lado e vi Patricia me apertar entre seus braços, as lágrimas nos olhos da negra mais linda que eu já vi, hoje ela também enterrava o amor de sua vida, mas não estava como eu. Patricia estava calma, estava em paz.

Olhei novamente para os caixões e vi os coveiros fecharem a cova com terra e grama por cima.

- Eu não posso ficar aqui. – Patricia murmurou em meu ouvido assim que viu as pessoas irem embora daquele cemitério.

- Tudo bem, nos encontramos em minha casa... – Respondi fracamente.

- Não Lud... Eu não posso ficar nesta cidade, eu estou indo embora. – Patricia disse me encarando.

- Não! Paty, não. Você não pode me deixar também. – Respondi entre lágrimas.

- Eu sinto muito. – Ela beijou minha testa – Eu voltarei Lud... Eu prometo.

Sem dizer mais nada Patricia se afastou.

Respirei fundo e me ajoelhei na grama, coloquei as mãos em meu rosto e voltei a chorar, chorei por toda a dor que sentia ao perder meus amigos e o amor de minha vida.

Chorei por não ter mais Brunna Gonçalves em minha vida, chorei por ter perdido o amor de minha vida.

Ergui minha cabeça e olhei para o céu, as lágrimas escorriam por meus olhos sem pausa, a dor de meu peito aumentou ainda mais.

O sentimento de perda me possuía, eu quero Brunna de volta, eu queria meus amigos de volta.

Me sentei sobre a grama e abracei meus joelhos, olhei para as lápides com os nomes deles.

Os ventos faziam meu cabelo balançar livremente por aquele local, folhas das árvores voavam de um lado ao outro.

Fechei os olhos apenas sentindo os ventos me tocarem, balançarem minhas roupas e meu cabelo.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2020 ⏰

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