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O silêncio no bosque reinava, quase insuportável, enquanto nos entreolhávamos chocados. Hécate estava lá. Uma deusa veio para nos ajudar.
E que, ainda por cima, era a mãe de Ramona.
Era a primeira vez que eu conhecia uma divindade fisicamente. O mais perto disso tinha sido a voz de Cronos em meus sonhos. Nem meu pai, Apolo, havia dignado-se a aparecer para mim, nem mesmo em uma simples visão.
Minha mãe costumava contar que éramos muito parecidos na aparência; que eu poderia me olhar no espelho e enxergá-lo lá. Eu nunca fiz isso, nunca consegui, porque não fazia sentido.
Eu só queria saber como ele é. Se ele é tão bonito, divertido e charmoso quanto minha mãe dizia.
Senti uma pontada de inveja de Ramona. Ela teria um tempo com a mãe, mesmo que fosse mínimo.
Falando nela, minha irmã tinha uma feição de pavor com um toque de raiva. Eu a conhecia bem o suficiente pra saber que, aquele momento ser o qual ela ansiava por anos, ela estava com ódio da mãe por tê-la abandonado, por ter demorado tanto para se manifestar e aparecer.
Eu estava curiosa para ouvir a desculpa de Hécate.
— Acho que deixei vocês chocados. — o rosto dela tremeluzia entre três faces diferentes — Não se preocupem, estou do lado dos titãs, do lado de Cronos.
A deusa tirou os olhos de Ramona e nos avaliou um por um. Quando ela olhou para mim, ainda no colo de Luke, percebeu meus ferimentos e a necessidade de um atendimento médico.
— Este ferimento está bem ruim. — concluiu ela — Se segurem; metaforicamente, é claro. Vou nos levar para o navio.
Antes que alguém pudesse contestar, uma névoa escura, densa e fria nos envolveu, quando percebemos, estávamos de volta ao Princesa Andrômeda.
De volta para casa.
Foi impossível não sorrir com o pensamento, eu finalmente tinha um lar.
Pensamentos aleatórios, provavelmente causados pela perda de sangue, voltando ao presente, Luke se aproximara de Chris, tentando me passar para seu colo e me levar para a enfermaria.
— Deseja falar comigo, Hécate?
— Desejo sim, Luke, mas quero falar com Ramona primeiro. Eu devo isto a ela.
— É, deve mesmo. — resmunga a filha.
Luke desiste de me passar para o colo de Chris.
— Estarei na enfermaria com Verônica caso precisem de mim. Podem usar a sala de reuniões do primeiro andar para conversar.
Todos concordaram e seguiram seus caminhos.
Damon me olhou, preocupado, sob o ombro do Castellan, eu sabia que este olhar não era somente devido ao fato de eu estar sangrando no carpete.
— É só uma conversa, ela vai ficar bem. — tranquilizei-o.
O garoto só balançou a cabeça e continuou a nos seguir de cabeça baixa.
Ao chegar na enfermaria, Luke me colocou, delicadamente, sobre uma das camas, e começou a trabalhar em meus machucados. Damon o ajudava, alcançando uma coisa ou outra enquanto Chris havia, simplesmente, sumido.
A tensão na enfermaria era quase palpável. A de Damon era devido há mim e Ramona, mas Luke estava abalado de uma maneira muito grande. Estava sério e pensativo.
Será que a culpa era das vozes que escutamos dos Leucrotae no bosque?
Amigas muito queridas, ele disse. Deveriam ser muito importantes para ele para se igualar a voz de minha mãe.
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DYNASTY | Luke Castellan
Fiksi PenggemarDINASTIA || Verônica Callow era apenas uma semideusa dentre os milhares nesse mundo e, como muitos, fora abandonada, esquecida e subestimada pela vida e pelos deuses. Sua vida muda após conhecer Luke Castellan, um semideus com as mesmas experiência...