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Jisoo's POV

- Você não acha que pegou pesado dessa vez? - Rosé me encara.

- Imagine se a situação fosse oposta, o que acha que teria acontecido? - me sento na cama dela.

- Você estaria morta.

- Exatamente. - balanço a cabeça - Me cansei de sempre ter que ficar me policiando para não fazer nada que Jennie possa ficar com ciúmes porque não quero que ela se sinta assim, sendo que ela não faz o mesmo por mim. Atingi meu limite, esquilo. Talvez seja hora de eu repensar o que quero e como quero meu futuro. - olho para minha mão.

- Ela está sofrendo, unnie.

- A deixe sofrer, ninguém morre de sofrer. Jennie precisa amadurecer.

- Você está sendo má. - a encaro por alguns segundos e desvio o olhar. 

- Não, pela primeira vez, tenho certeza que não reagi de maneira errada. Eu realmente atingi meu limite, Chaeng. É uma droga quando você faz tudo pela pessoa e percebe que ela não faz o mesmo por você. Estou cansada, vou aproveitar esse tempo para cuidar de mim e me divertir. - sorrio e pulo da cama dela. 

- O que vai fazer? - ela me olha preocupada e meu celular começa a tocar. Soojoo? 

- Parece que algumas sintonias não foram desfeitas depois de tanto tempo - sorrio ao deslizar o dedo na tela - Olá, Soojoo! - vejo Chaeyoung me olhar assustada e seguro o riso. 

(...)

O gerente me olha em dúvida pela 19833ª vez antes de me acompanhar até o espaço reservado para o jantar com Soojoo, ele acena com a cabeça e se afasta para que eu entre, fechando a porta em seguida. 

Estamos em um restaurante bem intimista que combina perfeitamente com ela, me sento ao lado dela e ela parece surpresa. Observo o cardápio enquanto sinto o olhar dela sobre mim. 

- Tire uma foto, vai durar mais tempo. - sorrio e me viro para ela. 

- Eu não achei que você realmente viria. - ela me observa com atenção. 

- Você já fez o pedido? - volto a olhar para o cardápio. 

- Sim. - ela tira o cardápio da minha mão e eu olho para ela. 

- O que foi? 

- O que você está fazendo aqui? 

- Você me convidou para jantar e eu estava com fome. - dou de ombros. 

- Por mais que não pareça sincero, sinto muito pelo o que aconteceu. - ela olha nos meus olhos. Mesmo que ela não cite o fato, sei do que ela está falando e sinto algo estranhamente familiar em meu peito, é como visitar sua antiga escola. As memórias antigas passam por sua mente e você sente aquele calor familiar. 

- Quais seus planos? 

- Vou ser modelo - ela ri e olho para ela surpresa. 

- Parabéns, eu acho? É que você nunca demonstrou interesse nesse mundo. 

- Eu sei, mas meus pais acharam que seria bom para mim e para a empresa, eu conheci algumas pessoas e acho que consigo fazer isso. 

- Você consegue fazer o que quiser, Soo, sabe disso. - sorrio para ela e me dou conta de que toda a mágoa que havia entre nós se dissipou. Talvez eu perdoe facilmente. 

- Eu estou com um pouco de medo. - ela desvia o olhar e suspira - Tenho medo de falhar ou de não ser boa o suficiente. 

- Ei - coloco a mão em seu queixo suavemente e levanto seu rosto em direção ao meu - Medo é normal, falhar também é normal, mas nunca pense que não é boa o suficiente, eu melhor do que ninguém sei que você pode ser fenomenal em tudo que quiser. - apoio a mão em sua bochecha e deslizo o polegar levemente, acariciando. 

- Você continua com o mesmo dom, sabendo exatamente o que dizer para acabar com minhas inseguranças - ela ri baixinho e vejo suas bochechas ficarem rosadas - Você continua tão gentil e doce e fico feliz por isso. Fico feliz que o que eu fiz não abalou uma das melhores coisas em você. - ela coloca a mão sob a minha. 

- As coisas entre nós não terminou de uma maneira bonita, foi doloroso - suspiro - Mas agora percebo que precisávamos disso para aprendermos e crescermos, se tivéssemos ficado juntas, não sei se teríamos evoluído tanto. - sorrio e aceno para o garçom que coloca os pratos na nossa frente. - Vamos comer? - ela aperta minha mão e se vira. 

O jantar corre bem e o clima leve entre nós me faz tão bem. Nós rimos e conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Estamos terminando a sobremesa quando ela parece se lembrar de algo e se vira para mim. 

- Eu chamei Seulgi, mas ela disse que estava ocupada. - ela faz beicinho. 

- Ela está sempre ocupada com Irene - reviro os olhos e aperto a bochecha dela - Mas se ela tivesse visto esse beicinho, tenho certeza que viria. 

- Irene me dá medo. - ela estremece e começo a rir. 

- Ela é brava porque é ciumenta, ela ama Seulgi. - balanço a cabeça - Mas ela também me dá um pouco de medo. 

- Vocês não tinham algo? - ela arqueia a sobrancelha. 

- Alguém andou se mantendo informada. - termino de comer a sobremesa e passo a língua em meus lábios. Percebo que ela está olhando para minha boca e parece em transe. Depois de tantos anos, parece que eu ainda tenho o mesmo efeito sobre ela. - Hong? - digo baixinho e me inclino em sua direção. 

- Desculpe. - ela balança a cabeça e desvia o olhar. 

- O que você estava olhando? - continuo a encarando, mas ela está olhando para baixo. 

- Nada, você quer ir? - ela está prestes a se levantar e eu a puxo para perto de mim. 

- Ir para onde? - sussurro e ela parece confusa. 

- E-eu n-nãao s-s-sei - ela gagueja e mordo meu lábio inferior. O perfume dela ainda é o mesmo. 

- Você não está mais tão confiante quanto antes. - aproximo nossos rostos e ela está respirando com dificuldade. 

- Jis... - ela começa a dizer e eu a beijo. Apoio uma mão em sua nuca e outra no chão, para sustentar meu peso enquanto as mãos dela estão em meu cabelo e Soojoo aprofunda o beijo. Ouço o gemido baixo que sai de sua boca quando deslizo a ponta da língua no céu da sua boca até ouvir uma batida na porta e nos afastamos, ofegantes. 

- Sim? - digo um pouco mais alto. 

- Podemos ir? - o gerente diz como se soubesse o que estávamos fazendo. Ele provavelmente sabe, apenas aceno com a cabeça. 

- Você veio de que? - me viro para ela que ainda parece desconectada desse mundo. 

- Vou pedir alguém para me buscar. - ela diz e pego sua mão. 

- De jeito nenhum, vou te deixar em sua casa. 

- Não, Sooya, não precisa, eu não quero te dar trabalho. - ela para de andar e eu reviro os olhos. 

- Não discuta! - aperto a mão dela e quando saímos, vejo os flashes disparando de vários ângulos. Dou um leve sorriso e puxo Soojoo para dentro da van. 

Afinal, o que define o limite?Onde histórias criam vida. Descubra agora