𝐏𝐨𝐨𝐫 𝐎𝐦𝐞𝐠𝐚 •𝐍𝐨𝐬𝐡 ✓

Fourth ✓

Noah e a mulher que o guiava passaram por uma grande cozinha que estava cheia de pessoas mexendo nos fogões e andando de um lado para o outro, provavelmente preparando o almoço.  Seguiram até um corredor que tinha algumas portas, ela parou na frente de uma das últimas e sorriu apressada para si.

— Este é o seu quarto, as outras portas são os quartos de alguns poucos funcionários que também moram aqui. Meu nome é Liza, se precisar de alguma coisa pode perguntar para mim ou qualquer outro empregado. - ela voltou rapidamente por onde tinham vindo, sem esperar por uma resposta e ainda carregando uma pilha de toalhas.

Noah ficou parado por alguns segundos, incerto, antes de abrir a porta, entrando em seu novo quarto.

Uma cama estava posicionada em um canto, ao lado tinha uma janela de persianas fechadas e um pequeno criado mudo com um abajur sobre ele, logo abaixo.

Na outra parede do quarto estava mais uma porta, que descobriu ser o banheiro ao curiosamente abri-la e um guarda roupa mais afastado.

Não era muito grande, mas era melhor do que tinha imaginado. Sua mala estava sobre a cama, que provou ser macia ao se sentar sobre ela.

Era tudo tão diferente do que estava acostumado. Normalmente não saía de sua antiga casa, e só durante a metade desse dia já tinha visto mais pessoas do que em sua vida inteira.

Reprimiu a vontade de chorar. Estava assustado, não sabia o que fazer e nem como devia agir. Se amaldiçoou por ter nascido a droga de um ômega que não tinha nem mesmo onde cair morto. Só queria que as coisas fossem diferentes e que não tivesse sido vendido como um pedaço de carne.

Ao menos Josh não aparentou ser um completo cretino.

Por enquanto.

Não queria criar falsas esperanças.

Respirou fundo, se levantando e levando a mala até o guarda roupa. Gastou alguns minutos ajeitando suas coisinhas ali dentro, tentando se distrair, não pensar nas coisas ruins que vinham em sua mente.

Tinha acabado de guarda tudo quando ouviu alguém bater na porta. Se levantou, batendo as mãos nos joelhos para limpar qualquer sujeira e abriu a porta. Um homem estava do lado de fora.

— A Senhora Beauchamp pediu que me acompanhasse, ela deseja que comece a trabalhar agora. - ele disse em tom neutro, mas seu rosto era simpático.

Parecia ser um beta, assim como Liza. Não sentiu cheiro algum em nenhum dos dois, assim como não sentia em seu pai e ele tinha sido o único beta que tinha conhecido até hoje.

— Meu nome é Noah. - disse enquanto saía e fechava a porta do quarto para fazer o que quer que fosse.

— Thomas. - sorriu. - Te mostrarei a sala onde guardamos produtos de limpeza, vassouras e coisas do tipo. Lhe darei um uniforme como o meu, e depois me foi dito para levá-lo até o escritório do Senhor Beauchamp, é lá onde você deve limpar.

Noah concordou e fez tudo como ele tinha dito, escutando atentamente todas as instruções que o beta gentil tinha para dar.

∆∆

Os olhos de Josh já ardiam de tanto olhar para a tela do notebook, lendo e-mails infindáveis, quando batidas na porta chamaram sua atenção.

— Entre.

Se sentiu um pouco aliviado por não ser nenhum de seus pais, mas sim Noah quem timidamente entrou no cômodo.

Ele estava vestido como os outros empregados da casa, com uma camiseta de botões branca e calça bege.

— O Senhor está trabalhando agora? A Senhora Beuachamp pediu para que eu limpasse aqui, mas posso voltar quando terminar, não quero atrapalhar. - ele disse de cabeça baixa, segurando um balde com algumas coisas dentro e uma vassoura.

— Você não atrapalha Noah. - sorriu se encostando na cadeira. - Além disso, não vou terminar tão cedo, fique a vontade.

— Sim, senhor. - ele disse antes de fechar a porta, olhou em volta por um momento, evitando seus olhos. Foi até uma das duas estantes de livros que ficam no escritório, deixando seus utensílios próximos no chão.

Tentou voltar a prestar no e-mail que lia antes, mas pegou a si mesmo desviando os olhos para olhar o ômega, que tirava os livros do lugar e os empilhava no chão.

Aquelas estantes estavam uma bagunça, sempre pegava algum livro mas não os voltava ao lugar correto, então ele provavelmente estava organizando.

Tentou ficar quieto, mas não teve sucesso.

— Você gosta de ler, Noah? - perguntou e ele olhou rapidamente para si.

— Sim. - a resposta veio baixa.

— Se quiser, pode pegar um desses livros quando quiser.

Ele o olhou novamente, surpreso, franzindo o cenho. Estranhou a própria atitude também, não gostava que qualquer um tocasse em suas coisas.

— O-obrigado pelo oferta, mas não acho que conseguiria lê-los.

— E por que não? - confusão o atingiu.

— Eles parecem ser complicados, com bastante palavras difíceis. - abriu um dos livros, tocando as páginas delicadamente.

— Você tem dezessete anos. Estudou até o terceiro ano, não é?

O ômega abaixou a cabeça de novo, e como Josh odiava quando ele fazia isso.

Seu rosto ficava escondido demais.

— Eu nunca estudei, Senhor Beauchamp. - ele se abaixou, pegando um espanador para tirar o pó da prateleira sem livros. - Tudo o que sei é o básico do que meus pais me ensinaram em casa.

Notou as bochechas e orelhas avermelhadas dele quando uma mecha do cabelo foi posta para trás.

Deus, como era idiota! Conseguiu constranger o ômega, mesmo sem intenção.

— Desculpe, não queria ofender.

— O senhor não precisa pedir desculpas para mim, sou só um empregado. - agora ele voltava os livros na prateleira, tomando cuidado para estarem no devido lugar. Depois disso começou a repetir o processo em outra.

— Você é humano, Noah.

Ele parou novamente, para o olhar.

— Por que está fazendo isso?

— O quê?

— Sendo gentil.

Isso surpreendeu o alfa.

— Bem... Você foi tirado de sua casa, trago para cá e agora tem que trabalhar, e ao menos será pago por isso, já que foi vendido para mim. - coçou a nuca. - É o mínimo que posso fazer, não serei um idiota com você.

Os olhos verdes piscaram de um modo que fez Josh para de falar, apreciando a visão do pequeno sorriso contido do ômega.

— Obrigado...

Depois disso Noah continuou seu trabalho, e Josh tentou seu máximo para continuar lendo os e-mails sem perturbar mais o outro.