Uma semana já se passou desde o "atropelamento" do gatão Ryan, e por algum motivo não consigo esquecer aquele rosto bonito. Mas vida que segue, porque meus boletos não estão nem aí para minha, inexistente vida amorosa.
Andando pelos corredores do hospital San Peter, e meu estômago, que foi abandonado por mim durante esse plantão, começa protesta. Nas últimas oito horas não consegui ir ao banheiro nem uma vez, quem dirá parar para me alimentar corretamente.
E hoje é um dia daqueles, vários pacientes e cirurgias agendadas, que os internos estavam disputando nos tapas para ver quem iria participar. Eu tinha acabado de sair de uma Revascularização do Miocárdio, grata, obrigada!
Estava desejando ardentemente minha cama, mas ainda me restavam 3 horas de plantão.- Doutora Kim! - ouço alguém me chamar assim que viro o corredor. Era Jéssica, uma das enfermeiras mais antigas e experientes do hospital. Se quiser saber sobre algum procedimento, é com ela mesma.
- Sim, enfermeira Jéssica. - digo solícita.
- O Doutor Andrew está solicitando sua presença na ala VIP.
- Mas eu não faço parte do quadro de funcionário da ala VIP, e o Dr. Andrew é neurocirurgião e sou uma residente da cárdio. - digo confusa. Só os melhores atendem os VIP'S, pois a responsabilidade de atender pessoas com alto poder aquisitivo é enorme e as consequências de um erro poderia afetar seriamente o hospital.
- Eu também não entedi querida, mas é melhor verificar. O Dr. Andrew sabe o que faz. Quarto 1105.- diz e sai andando na frente.
Mesmo confusa sigo rumo ao andar da ala VIP. O Dr. Andrew é um dos melhores neurocirurgiões do país, e é filho do presidente do hospital, Michael San Peter. Apesar de estar no hospital a algum tempo, poucas vezes cruzei com o Dr. Andrew, porque nossos departamentos são diferentes.
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Alcanço a maçaneta do quarto, mas antes dou duas batidas, e aguardo a permissão para entrar.
Educação Melissa, que orgulho!
- Pode entrar!
Assim que entro oito pares de olhos me encaram, fico sem jeito.
- Boa tarde! - saúdo os presentes.
- Boa tarde Doutora Melissa - diz Dr. Andrew e Dr. Mathias, chefe dos cardiologistas.
Encaro a todos mais uma vez e meus olhos param em um rosto conhecido. Ryan!
Desvio o olhar para não ficar com cara de songamonga.- Enfim, nós estamos aqui com o melhor que o nosso hospital tem a oferecer. Essa é a Doutora Melissa Kim, residente de cardiologia, uma das melhores que o nossa instituição já teve. Os demais já foram apresentados. Faremos o possível para cuidar do Senhor.
Nesse momento encaro o paciente na cama, um senhor na casa dos 50 anos, bem conservado, mas com o semblante abatido.
- Eu quero o impossível! - diz uma senhora bonita que estava ao lado da cama.
- Senhora Valerie, nós vemos o impossível todos os dias, mas não podemos oferece-lô aos nossos pacientes. Mas faremos o melhor, isso eu posso garantir. - diz Dr. Lewis, diretor do hospital.
Me recuperando do choque inicial, observo que além dos doutores Andrew, Mathias e Lewis, haviam também a Doutora Sarah, uma médica vascular excepcional e a Enfermeira Cassandra, tão experiente quanto a enfermeira Jéssica.
- Bom, passaremos a tarde em reunião, discutindo o quadro do senhor San Peter e traremos notícias assim que a reunião se encerrar. - conclui Dr. Lewis.
Todos se despedem, e eu ainda voada apenas sigo os médicos para fora do quarto.
- Tenho uma consulta de rotina da ala VIP agora, mas dentro de 40 minutos começaremos a reunião. - decreta Dr. Andrew.
Os médicos e enfermeira se dispersão, e eu fico parada no corredor tentando entender o que aconteceu. Aquele era Michael San Peter, o presidente do hospital e sua esposa e... Meu Deus! Estou pior que cego em tiroteio. E pra piorar, tchau tchau fim de plantão, e olá hora extra.
Aqui minha filha, é rindo para não chorar.
- Melissa? - ouço alguém me chamando. É Ryan.
- Oi! - digo sorrindo.
- Não sabia que era médica e nem que trabalhava aqui. - diz simpático, mas com o semblante cansado.
- Bem, nós não dissemos muito depois do atropelamento. - digo fazendo graça, e suspiro em alívio, quando o vejo sorrir.
- É verdade. - diz divertido, coçando a cabeça.
Um silêncio constrangedor se instala e fico perdidinha, encarando o monumento na minha frente.
- Você é parente do paciente?
- Ele é meu pai. - diz sem graça.
- Uhm? Mas o sobrenome...
- Cox é o sobrenome por parte de mãe. - diz sem me olhar nos olhos.
- Legal... Bom, eu preciso ir. Tenho uma ronda para fazer. E preciso tentar comer alguma coisa.
- Tudo bem, também preciso voltar. - diz sem jeito
- Tchau!
- Até mais, Doutora Melissa. - diz com um brilho nos olhos que não consigo distinguir.
Enquanto caminho até o elevador fico pensando que o mundo é um ovo de codorna. Quem diria que encontraria Ryan aqui? Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho do meu estômago.
Preciso comer!
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Já estamos em reunião à duas horas e muita coisa foi discutida. O Sr. San Peter teve um infarto, mas existem outros problemas de saúde que precisam ser tratados, e por isso estamos à DUAS HORAS sentados nessa sala. Minha bunda já perdeu a forma e meu estômago já está de malas prontas.
Abuso de menores de estatura! Mamãe...
TOC... TOC... TOC...
Meus pensamentos são interrompidos pela porta sendo aberta, por um Ryan cheio de sacolas entrando.
- Olá! Sei que estão a horas aqui, por isso resolvi trazer uns lanches. - diz olhando para mim.
- Muito obrigado! - todos falam juntos.
Todos atacam as socolas parecendo um bando de esfomeados, inclusive eu, porque eu não sou obrigada, né?
Nem ligo para a educação, meu estômago tem a prioridade.
- Você estava faminta, hein? - diz Ryan com um sorrisinho irritante.
Eu apenas sorrio, pois minha boca está mais cheia que ônibus na hora do rush. Avaliando, esse gatão, é tudo de bom, e ainda trás um lanchinho 'totosinho'.
Depois de engolir, viro para ele e sorrio, claro de boca fechada, vai que tem comida no meu dente, né? Não estou podendo dar margem para o azar.- Obrigada Sr. Ryan, pelo lanche.
- Me agradeça jantando comigo essa noite. - diz galante.
- Não!
- Não? - diz surpreso.
- Não, está noite. Estou morta, isso que você vê é apenas meu espírito, meu corpo está na enfermaria. - digo dramática.
- Entendo. Que tal essa sexta? - diz incistente.
- Acho... Que tudo bem. - digo um pouco, bastantão, afetada pelo sorriso dele.
- Então, está marcado. Te pego às 20 horas na sua casa. - diz e sai em direção ao Dr. Andrew.
O que acabou de acontecer produção? E... Peraí, como ele sabe onde eu moro?
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UM NOVO COMEÇO PARA MIM
ChickLitMelissa Kim é uma médica excelente, amada por seus colegas e pacientes, apesar da pouca estatura tem um coração enorme e como diz: certificado em maluquice. Nunca conheceu o pai e após um terrível acidente perde sua mãe, aos seis anos. Aos sete é a...