IX: Bilhetes de amor

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Há um gramado atrás do refeitório que somente os veteranos tem acesso. Eu nunca tinha ido lá, até Jimin decidir me levar. Acho que estou começando a gostar desse tal de terceirão. Não sei exatamente o que nós somos no momento, mas eu gosto de como as coisas estão indo e não me importo em seguir nosso próprio tempo.

Na verdade, eu ainda não acredito que existe realmente um nós.

Jimin diz que eu penso demais e acho que ele está certo.

Ele está deitado sobre mim ao lado de uma amoreira. Seus dedos brincam com os meus e eu aproveito a posição para beijar seu pescoço.

— O que você mais gostou em mim? — Jimin diz.

— Tudo.

— Não. — Ele riu. — O que fez você gostar de mim, de verdade?

Eu penso um pouco.

— Quando nós fizemos o trabalho juntos eu acho. — Ele se virou o suficiente para olhar nos meus olhos, mas sem sair dos meus braços.

— Eu também. — Ele sorriu e me deu um beijo carinhoso com os olhos fechados.

— Falando sobre isso... Você não contou o que aconteceu depois, sabe? O porquê de você ter viajado de repente.

— Ah. — Seu sorriso se desfez. — É verdade.

— Não tem que contar se não quiser, tá tudo bem. Eu só fiquei preocupado.

— Eu quero contar. — Ele diz, de modo súbito, ficando de frente para mim. — Mas você não pode dizer a ninguém, nem à Jennie.

— Tá bom. Eu prometo.

— O meu pai quer que eu vá morar com ele ano que vem. Ele até se ofereceu pra pagar a minha faculdade lá.

— Ji, mas isso é ótimo. Estudar em outro país deve ser incrível. — Eu digo, sem entender o motivo da confusão.

— Você ouviu o que eu disse? O meu pai, o qual eu não tenho contato nenhum, quer me tirar do país e dos meus amigos. Até a minha mãe quer isso, acho que ela não gosta mais de mim.

— Deixa de ser bobo. — Eu rio, não dele, mas do jeito que ele diz. Se o meu erro é pensar demais, o dele é sentir além do necessário. — Acho que o seu pai quer recuperar o tempo perdido com você e é uma atitude interessante. Você tem que dar uma chance.

— Uma chance. — Seus olhos reviram. — Ninguém me deu a chance de escolher o que quero.

— E o que você quer?

— Eu quero ficar com você. Eu não quero ir a lugar nenhum. — Ele diz com o cenho franzido.

— Eu estou aqui. — Seguro as suas mãos. — E é isso que importa. Vamos fazer isso durar o máximo que puder, mas eu não posso deixar você abrir mão de uma oportunidade assim por mim.

— Mas, Tae — Ele choraminga. — Eu nem sei falar inglês.

— Eu vou te ajudar. Eu aprendi sozinho, você consegue também.

— Você aprendeu sozinho porque é inteligente. Eu sou um tonto.

— Ficou louco? — Eu o puxo, trazendo ele ao meu colo. Seus braços envolvem os meus ombros. — Você é bom em tudo. Não é justo.

— Você acha?

— Uhum. — Beijo o seu queixo e distribuo beijos por todo o seu rosto.

— Você vai me visitar quando eu estiver na Califórnia?

Seventeen | VminOnde histórias criam vida. Descubra agora