Capítulo 1

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Capítulo 1

Pov's Lua

— Por favor, Lua! — exclamou Ga-Eun, minha amiga e colega de trabalho.

— Ga-Eun, já falei que não gosto de sair com estranhos, você sabe! — retruquei enquanto terminava de passar o relatório de um paciente para o sistema.

— Eu juro que vai ser legal, e ainda prometo que se não for, vou comprar jantar para você durante um mês!. — me encara com os olhos pidões, que ela sempre usa quando quer que eu faça algo. Suspirei me dando por vencida, desviando o olhar do seu. Ouvi sua comemoração contida e revirei os olhos, ela sempre consegue. — Não fique assim, Luazinha. Eu apenas quero que você aproveite mais o tempo que lhe resta aqui! — apertou minhas bochechas fazendo com que se formasse um bico.

Sei, que seja... — retirei suas mãos de meu rosto, a dispensando com a mão, fazendo-a rir. Revirei os olhos e organizei meus cachos, voltando minha atenção a tela do computador.Depois que terminei de passar o relatório para o sistema do hospital, anexei também aos meus arquivos de estudos. Logo desligando o computador, retirei meus óculos guardando-os em sua capa de proteção e colocando dentro de minha bolsa. Retirei meu jaleco segurando-o no meu antebraço após vestir meu casaco grosso.

Fui até a mesa de Ga-Eun e cutuquei seu braço, o que acabou a assustando pois estava concentrada no computador.

Ai que susto, Lua! — teatralmente colocando a mão no coração, dramática.

— Acho que você deveria ter feito artes cênicas na faculdade, não enfermagem. — ri quando ela fechou a cara. — Estou indo para casa, que horas é o karaokê? — o desgosto em minha voz poderia ser identificado a quilômetros de distância.

— 21:30h, se você não aparecer, eu vou aparecer lá na sua casa. — ameaçou-me sorrindo como a psicopata que eu desconfio que ela seja. Revirei os olhos.

— Certo, terrorista. — lhe cutuquei mais uma vez, porque sei que ela não gosta. — Pare de tentar me aterrorizar. — ela ri enquanto aceno saindo da sala que dividimos com outros profissionais do hospital também.

Saio do hospital, indo em direção ao ponto de ônibus. Eram 18:45 agora, então teria de esperar 15 minutos pelo ônibus que me deixaria no bairro onde eu moro. Sentei-me no ponto colocando a bolsa e o jaleco que trouxe para lavar, no colo. Peguei meu celular, mandando uma mensagem para minha mãe perguntando como estão as coisas por lá. Nesse horário ela provavelmente já teria acordado, já que saia para trabalhar 7 horas da manhã. Respondendo alguns amigos que também moram no Brasil, fechei o aplicativo e abri o jogo no qual estou viciada: palavras cruzadas.

Jogo durante todo o tempo em que espero meu ônibus, bloqueando o celular para entrar no mesmo. Agradeço aos céus por o transporte público aqui ser de qualidade e ser pontual, pois eu não tenho carteira de motorista nem dirijo. Sim, eu morro de medo.

Exatamente 30 minutos depois, já estava de frente ao bairro onde moro, subindo a ladeira da rua que dá no pequeno prédio onde moro. Cumprimentei o senhor Kim, porteiro do nosso prédio. Subi as escadas com rapidez até a casa que seria minha por apenas mais 3 meses. Digitei a senha na tranca eletrônica e tirei meus sapatos. Hábito oriental que levarei para toda minha vida, pois não trago sujeira da rua para meu ambiente pessoal.

Ligo as luzes deixando minha bolsa no aparador, sigo até a pequena área de serviço que abriga minha lava e seca, colocando meu jaleco para lavar.

Fui em direção a cozinha separando os ingredientes para fazer um pão de queijo de frigideira, que eu estava com vontade de comer desde o meio da tarde. O preparo não leva muito tempo e logo eu já estava sentada na sala vendo o episódio semanal do dorama que venho acompanhando.

Speechless - Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora