Feliz ou infelizmente o mês de janeiro havia acabado. Foi rápido e tedioso, talvez um dos meses mais solitários de toda minha vida. Eu já estava farta de ficar sem fazer nada. Absolutamente nada.
Pela primeira vez estava feliz em acordar para ir à escola. Pelo menos lá eu encontraria os meus amigos, teria algo o que fazer e não ficaria o dia inteiro dormindo e assistindo televisão.
Fui tomar meu banho, como todos os dias. Às vezes achava que minha vida era um eterno loop, sempre se repetindo.
Quando desci para tomar café, não senti o cheiro de pão e café fresco de sempre. Olhei a cozinha, estava vazia e intacta. Subi correndo pelas escadas e fui direto para o quarto da minha mãe.
Ela ainda estava deitada, mas não estava dormindo.
– Mãe, o que aconteceu? – perguntei.
– Não acordei bem hoje, me desculpe. Eu não pude preparar seu café!
Coloquei a mão em sua testa, estava quente.
– Mãe você está com febre! Até parece que eu vou deixar você descer nessas condições. Pode deixar que eu me viro. Já tomou algum remédio? – perguntei quase sem respirar.
– Já sim! Seu pai me deu o remédio que o meu médico sempre indica em casos como esse!
– E onde está ele agora? – perguntei nervosa.
– Ele foi à padaria. Disse que iria comprar pão, mas que não iria demorar.
– Tudo bem, mas nem pense em se levantar da cama. Vou preparar algo para você!
Sai do quarto e deixei a porta encostada. Enquanto descia as escadas, ouvi um barulho de porta abrindo. Era o papai!
– Alice, acordou?! Comprei pão! – meu pai foi colocando os pães em cima da mesa e continuou – Acho que já deve ter visto a sua mãe.
– Ela está com febre, mas já vou preparar o café dela!
– Não precisa. Você vai acabar se atrasando para escola. Hoje não é o primeiro dia de aula? – nesse momento papai pegava algumas frutas.
– Sim, mas eu não vou deixar a mamãe assim. Hoje eu não vou! – respondi furiosa pelo papai achar que eu era tão insensível assim.
– Mas filha, não precisa! Eu vou ficar cuidando da sua mãe, pode ir!
– Hum, vai cuidar bem dela? – perguntei brincando.
– Claro que vou, eu cuido da sua mãe desde antes de você nascer. Apesar de que ela é quem tem talento para cuidar das pessoas. Confesso que ela cuida muito mais de mim do que eu dela! – Ele riu e eu o acompanhei.
– Tudo bem, mas só se a mamãe achar que não vai precisar de mim!
Subi e fui olhar a mamãe de novo. A febre ainda estava alta, mas não muito. Acho que o papai daria conta de cuidar dela sozinho.
Eu sabia que a mamãe iria me mandar para escola, mas perguntei mesmo assim:
– Mãe, você acha que pode ficar sozinha com o papai ou prefere que eu fique?
– Claro que eu posso ficar sozinha com seu pai! Já fiquei sozinha com ele tantas vezes, o que de ruim poderia acontecer? Pode ir filha, eu vou ficar bem! – Ela sorria, mas sua voz já não era tão angelical como costuma ser. Sua voz estava triste.
– Sério, não vai mesmo precisar de mim?
– Já disse, pode ir!
– Então está bom, eu vou! – Me despedi dela, dei um beijo e sai. Antes de fechar a porta, coloquei o rosto entre a abertura da porta e perguntei, só de brincadeira:
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Terra dos Anjos
RomantikTudo estava indo bem na pacata vida de Alice. Seus irmãos mais velhos tinham se mudado, sua melhor amiga tinha voltado de viagem e as férias escolares ainda não tinham acabado. Parecia que nada de novo iria acontecer naquele ano até a chegada de uma...