5. Invasão

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Finalmente a aula havia acabado, não estava mais suportando aquilo. Estive ao ponto de pensar que poderia enlouquecer se ficasse mais um segundo ali, com ele me olhando e eles fofocando sobre mim. Quando sai da classe pude ouvir algumas garotas contando para outras salas o que havia acontecido.

No corredor, indo para a saída da escola, o vi com a irmã. Ele ainda me observava, e agora todos estavam vendo que o que andam cochichando nos últimos minutos era verdade. Acho que, de todas as fofocas já contadas, essa foi a que se espalhou mais rápido. Deveria estar no livro dos recordes.

Senti uma mão tocar meu ombro antes de chegar à porta. Era Roger. Um infeliz sonhador. Ele vinha tentando namorar comigo desde sempre. Mas eu nunca dei muita bola. Ele até que era bonitinho, mas era tão... insuportável. E mais uma vez ele dava provas disso.

– Vocês estão namorando? – ele perguntou meio nervoso.

– Vocês quem? – estava tão atordoada com os últimos acontecimentos que nem liguei os pontos.

– Você e o aluno novo, o Devón. – ele ainda estava nervoso.

– NÃO! – fiz uma cara de brava e sai. Ele veio atrás e continuou

– Mas ele falou com você hoje.

– Sim, acho que todos já sabem. – agora eu quem estava ficando nervosa.

– Mas por que ele falou só com você? – ele veio para minha frente.

– Oras, como vou saber! – essa história já estava me irritando.

– Não gostei disso! – ele tentou me parar.

– Então vá a merda, Roger! – tirei a mão dele do meu ombro – Que saber, vão todos a merda!

Quando sai da escola, segui para o pátio. Precisava ficar sozinha um pouco. Passei pelo estacionamento e o vi com a irmã, que tinha acabado de bater à porta do carro. Ele me viu e veio para minha direção, calmo e sereno. Mesmo estando furiosa com o pandemônio que minha vida estava se tornando por causa dele, não consegui ficar nervosa ao vê-lo se aproximando.

– Oi, de novo! – ele falava como se nada estivesse acontecendo.

– Oi – respondi dando um sorriso tosco.

– Desculpe a confusão que acabei criando. – disse enquanto passava a mão sobre a nuca.

– Que povo louco, não é? – tentei não dizer o que realmente estava pensando – Fica fazendo de uma simples conversa um espetáculo de circo. – continuei com o sorriso tosco.

– Que bom que não está com raiva de mim! – ele ficou mais animado.

– De você? Não tenho motivos para ficar com raiva de você – mas acho que estava – Os outros que exageraram! – isso era verdade.

– Será que posso te dar uma carona? – perguntou apontando para o carro – Quer dizer... não eu. Mas a Amanda não vai se importar.

– Vamos evitar mais comentários e deixar essa carona para próxima? Depois que a poeira abaixar, quem sabe? – tentei não ser grossa. Acredito que não consegui. Mas eu realmente não precisava de mais chuva nessa tempestade toda.

Acenei para ele e ele fez um sinal positivo com o dedo. Sua expressão era de quem havia acabado de dar a maior mancada, mas não parecia chateado por eu ter recusado a carona.

Quando fui para quadra, vi que as meninas estavam me espionando. Até minhas melhores amigas estavam tirando o dia para me aporrinhar com esse assunto! Segui em direção a elas já fazendo minha cara de quem estava com "as macacas".

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