Nosso Mundo

03

Saio do elevador e vejo o mesmo cara do mercado e o garotinho saindo do apartamento ao lado do meu. Arqueio as sombrancelhas.

-Conhecidencia.-Falo.

-Infelizmente.-Rola os olhos.

-Incenssivel.-Murmuro.

-Branquela!-Fala a menininho apontando pra mim.

Rio fraco.

-Lorenzo!-Repreende ele.

-Deixa ele, uma gracinha.-Sinto seu olhar de raiva.

Lanço um sorriso provocador, me abaixo pra ficar da altura da criança.

-Quer ir na casa da tia assistir desenho?-Ele asseni animada.

-Quero!-Olho para o pai dele.

-Ele pode?-Bufa.

-Claro, se eu for junto.-Olho pra ele com tédio.

-Eba!!!-Lorenzo comemora.

Me levanto e vou abrindo a porta, Lennon permanece no celular.

Coloco as compras na cozinha e volto a sala aonde os dois estavam parados.

Deixo eles avontade, ligo a tv no Discovery Kids e ela se senta no sofá, enquanto o bonitinho tava em pé.

-Senta, o preço é o mesmo.-Arqueia uma sombrancelha.

-To bem assim.-Dá um sorriso falso.

Garoto chato.

-Quem quer sorvete?-Sorrio para o pequeno.

Ela levanta a mão sorrindo.

-Nada disso, ele tem intolerância a lactose.-Fala sério.

Me sento desanimada.

Eu entendo, meu irmão tem isso, é ruim demais não poder comer o que gosta, só se for zero lactose. Chato demais.

Fernanda, minha irmã mais velha, tem intolerância a glúten, outra chatice.

Resolvo puxar assunto com o bonitinho, ele deve ser interessante.

-O que faz da vida?-Pergunto interessada.

-Musico.-Arqueio as sombrancelhas.

-Sou modelo, na verdade, eu vou começar a modelar segunda.-Faz cara mais forçada de todas.-Ele tem mãe?

Seu semblante fecha completamente, junto as sombrancelhas.

-Sim.-Responde apenas.

Certeza que deve ser divorciado, a mulher não deve ser uma boa pessoa. Eu fico triste em saber que uma criança tão dócil como ele, tem que ficar divido.

Fiquei olhando para a tv durante um tempo. Quero muito conversar com ele, mas sua tenho medo de parecer evasiva ou algo do tipo.

Ele parece ser uma pessoa boa, talvez esteja apenas protegendo sua masculinidade.

Homem viril demais pra isso.

Que que eu to falando?

Ouço a campainha tocar, me levanto e vou abrir a porta. Dou de cara com uma menina de dreads, parecia desesperada.

-Ta tudo bem?-Pergunto.

-Você viu se o cara que mora aqui do lado ta em casa?-Parecia desesperada.

-O Lennon?-Junta as sombrancelhas.

Me empurra e entra.

Ai porra, pra que isso vei?

-Por que tu ta aqui com a meu filho?!-Grita.

-Por que tu ta aqui?! O fim de semana é meu, esqueceu?-Se exalta.

Lorenzo começa a chorar, com medo. Imgina quantas brigas ela já não viu deles. Ignoro os dois e vou até o pequeno, pego no colo e vou pra sacada, na tentativa de acalma-la.

Seu choro vai parando, deita a cabeça no meu ombro e eu fico ali admirando a vista.

Eles ainda brigavam, o indignante é que estão no meu apartamento, tipo fodase né.

Sinto a respiração dele ficar pesada, a mimiu.

-Parem de gritar!-Falo autoritária.-Saiam do meu apartamento, agora!-Aponto pra porta.

-Dá meu filho.-Ele inciste se aproximando.

Me nego indo para trás.

-Vocês vão resolver os problemas, depois venham buscar ele.-Bufa.

Os dois saem do meu ap, sorrio satisfeita ao ver a porta fechar.

Eles são irresponsáveis, estão deixando o filho com uma completa desconhecida, meu Deus. Não se fazem mais pais como antigamente.

Deito ele na minha cama mesmo, coloco almofadas em volta, vai que cai.

Volto a cozinha e guardo minhas compras. Ai caras, eu só comprei porcaria, meu Deus.

Pelo menos eu não engordo, to com Cinquenta quilos desde meus quinze anos e olha que eu só como porcaria.

Ai, espero que se resolvam logo, eu tenhi medo dessa criança cair e se machucar.

Jubileu está biruta hoje.