Nosso Mundo

37

Bruna

Termino de arrumar o último sapatinho da Ágatha. Os meus sogros trouxeram presentes e meus pais também, eles estão tão felizes.

—Amor, tu não pode ficar em pé por tanto tempo.—Fala bolado, levanto minhas mãos em rendição e me sento na poltrona.

—Foi mal.—Rio fraco sentindo dor nas costas.

Aliso minha barrigona, ai como eu to ansiosa. Lennon nem se fala, ele até fica falando com a minha barriga pedindo para que a Ágatha nasça logo.

—Terminei outro som.—Fala se escorando na parede.

—Ta brabo?—Falo em tom de brincadeira e ele ri assenindo.

Vem até mim, puxa meu cabelo levemente pra trás, me da um beijo na testa e logo um selinho demorado.

—Tem pizza.—Fala após separar o beijo.

—Só me avisa agora?—Falo rindo de canto.

Segura na minha mão me ajudando a levantar. Caralho, nem andar direito eu consigo.

As vezes eu acho que to gravida de um elefante. Mas eu lembro que zoofilia é crime. CHEGA.

Sinto meus pés molharem. Da onde que veio essa água e por que meu vestido ta molhado? Ai meu Deus.

—Amor.—Falo assustada e ele me olha mais assustado ainda.—A bolsa estourou.

—Que bolsa?—Olho pra ele puta.

—A do teu cu, arrombado!—Perco minha paciência.—A Ágatha vai nascer, cacete!—Grito e ele arregala os olhos.

{...}

Agora estamos dentro do carro em direção do hospital. Tu acredita que o filho da puta ta mais nervoso que eu, chega a soar.

—Olha aqui, Lennon...—Ele me olha rapidamente, solto um gemido baixo sentindo a dor da contração.—Eu que to parindo, sendo arrombada, tu para de viadagem!—Falo apontando pra sua cara.

—Porra, tu ta parindo ai, como que eu não vou ficar nervoso?!—Fala estacionando o carro no estacionamento do hospital.

—Olha aqui, se tu desmaiar eu te desmaio na porrada.—Me olha estranho saindo do carro.

Faz a volta pela frente do carro e abre minha porta, chama as enfermeiras que logo se aproximam com uma cadeira de rodas. Me ajudam a sentar nela.

Ai senhor meu coração ta disparado eu acho que vou ter um infarto. Meu Deus eu não posso infartar, quem vai cuidar do Lorenzo e da Ágatha? O Lennon não tem capacidade pra isso.

...

Depois de muito tempo de dor e sofrimento, ela nasceu. Seu chorinho agudo ecoou pelo quarto me fazendo sorrir em meio as lágrimas de dor que caiam.

Depois dessa linda poesia, volto pro agora, risos.

Eu to deitada na maca,esperando a enfermeira trazer a minha menina, mas o que me resta é olhar pra cara do meu namorado.

—Tu parece um palhaço.—Fala e eu o encaro com tédio.

—Passa a minha bolsa.—Falo séria,ele ri debochado e pega a bolsa.

—Me dá um beijinho.—Fala fazendo biquinho.

—Jamais.—Puxo a bolsa da sua mão.

—Malvada.—Rio de canto.

Pego meu espelho. Ai que linda com o rímel tudo escorrido, parece até o capeta.

Pego um lenço umedecido e limpo em baixo dos meus olhos. Suspiro satisfeita. Devolvo a bolsa pra ele que tava de cara fechada.

Quando eu ia pedir o motivo dele estar bravo, a enfermeira entra com a Ágatha em um bercinho.

—Posso pegar ele no colo?—Faço beicinho olhando pra enfermeira. Ela ri e assente, pega minha filha no colo e trás até mim.

—Aqui está.—Pego ela meio sem jeito.

Ela me ensina como segurar ela direitinho, do jeito que eu sou tem chance de eu matar a criança.

—Se precisar de algo estou a disposição.—Ela fala dando um sorriso, assinto e ela se retira.

MEU DEUS QUE CARINHA DE JOELHO LINDA.

Passo meu polegar pela sua bochecha gordinha, ela boceja e começa a chorar. Ai que lindo.

Cadê a mãe dessa criança?AH É SOU EU.

Tiro meu peito e dou pra ele mamar. Senhor que porra mais agoniante é essa?

—Nunca quis tanto ser um bebê.—Fala Lennon e eu o olho arqueando uma sombrancelha.

—Gosta de leitinho.—Falo com uma voz ridícula e ele ri.

Ficamos em silêncio olhando nossa filha mamar. É tão pequenina, nem parece que é saudável.

—Cara, que coisinha linda.—Fala olhando pro Quinzinho encantado.—Agora que caiu a ficha que eu sou pai, de novo.

—Nem dá pra acreditar.—Dou um sorriso enorme.

Cara, como que pode eu já amar minah filha de um jeito tão intenso?