01 | O fim da fatídica temporada

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Noah

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

Desde pequeno, eu sempre soube o que queria ser. Qual rumo seguir. Desde pequeno, sempre soube que queria pilotar um carro em alta velocidade como profissão, deixar que a adrenalina e o frio na barriga – enquanto os ponteiros do carro chegavam a mais de 300km/h – fossem as minhas melhores companhias.

Mas não queria ser qualquer piloto, queria ser o melhor. Ser aquele que conquistaria dezenas de títulos, subiria no lugar mais alto do pódio incontáveis vezes, pilotaria pela melhor equipe do grid, pela equipe que tinha mais história e peso em todas as suas conquistas.

Minha mãe dizia que nunca me viu tão determinado a alcançar algo, como estava em alcançar aquele sonho. E apesar de Melina Lambertini ser um tanto quanto contra isso no início – devido aos riscos –, ela via o quanto aquilo me fazia bem. Meu pai, por outro lado, sempre foi meu maior apoiador. Ele esteve ao meu lado em todos os momentos, e sabia que mesmo agora, quando Vincent Lambertini não fazia mais parte daquele plano, ele ainda estava comigo a cada curva e volta que dava em uma pista de corrida.

Lembro-me da primeira vez que entrei em um carro de corrida, eu tinha um pouco mais de sete anos. Foi a minha primeira competição no kart, que não chegava nem aos 70km/h. Mesmo assim, foi um dos melhores dias da minha vida. Eu era tão novo e já sabia o que queria.

Não foi um caminho fácil para chegar até a categoria mais alta do automobilismo, meus pais batalharam muito para proporcionar a mim a possibilidade de realizar um sonho – não só a mim, mas aos meus irmãos também, apesar de Fleur e Lucca terem seguido por outro caminho, "um mais seguro", como diria nossa mãe. Anos depois daquela primeira corrida em um kart, eu havia conseguido... Cheguei à Fórmula 1 com muito esforço e força de vontade, mas não apenas cheguei à categoria, também alcancei a vaga mais concorrida de todo o grid. Consegui um lugar na Scuderia Mancini em minha primeira temporada na Fórmula 1, e a escuderia de Portofino era o sonho de qualquer piloto, por sua história, influência e principalmente, por seu alto e impecável desempenho em todos os anos desde a sua fundação.

A Mancini era a equipe mais prestigiada de todo grid e do automobilismo. E também a mais concorrida. As vagas para sentar atrás de um dos volantes deles eram raras, pois além do prestígio que ela recebia há mais de 65 anos, era uma equipe muito tradicional, que preferia manter seus pilotos dentro e pilotando para eles por muitos e muitos anos. Era raro acontecer as trocas, como ocorriam com frequência em outras equipes. Portanto, quando a Mancini decidia que era a hora de trocar um ou os dois pilotos, todos os olhares voltavam-se para ela.

Não existia uma pessoa no mundo que não saberia quem eram os Mancini – mesmo que essa pessoa não entendesse nada sobre carros. O peso histórico daquela escuderia era enorme e se tornava maior ainda quando as coisas não iam bem para eles.

Como era o caso dos últimos dois anos...

Não terminar nos três primeiros lugares na tabela do campeonato mundial não estava em meus planos quando a minha quarta temporada com a Scuderia Mancini na Fórmula 1 começou. Os planos eram bem diferentes, mas vinham mudando há cerca de dois anos.

Assim, como também não estava em meus planos ter um carro que sofria com tantos problemas pela segunda temporada consecutiva. Não importava o que fizessem esses problemas não pareciam se resolver. Pelo contrário, eles estavam piores a cada final de semana. E o sonho de um campeonato mundial se tornava cada vez mais distante pra mim.

Eu sempre tentava mostrar o bom otimismo, e acreditar que as coisas poderiam melhorar...

Elas não melhoraram. Como também não demonstravam que iriam em um futuro próximo.

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