04 | A garota de Vernazza

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Noah

Vernazza, Itália

Vernazza era uma pequena comuna italiana, localizada na região da Ligúria, na província de Spezia, mais ao norte da Itália. Fazia parte Cinque Terre, um conjunto de cinco vilarejos cravados na costa da Riviera Italiana: Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Monterosso e, claro, Vernazza.

Para chegar até lá era necessário pegar um trem de Milão até o centro urbano mais próximo das Cinque Terre, que estava localizado na cidade de La Spezia, de lá a melhor opção era alugar um carro e dirigir por algumas horas até a cidade na encosta. Apesar disso, era um percurso calmo e com uma paisagem muito bonita para ser apreciada.

Segundo as pesquisas de Lucca – meu irmão mais novo – enquanto eu fazia a mala, o pequeno vilarejo composto por um punhado de casas coloridas e espremidas entre o mar e as montanhas, tinha cerca de mil habitantes e era um lugar bem tranquilo naquela época do ano. Então, as chances de ter algo ou alguém me perturbando pelo próximo mês eram mínimas, sendo exatamente aquilo que precisava no momento.

Aquelas poderiam ser as minhas férias perfeitas... Se elas não tivessem começado da maneira errada.

Outro fato sobre a região das Cinque Terre, o sinal de celular ali no meio das montanhas era péssimo.

Na verdade, quase não havia sinal de celular.

Então, você apenas precisava torcer para que o seu carro não desse algum problema no meio do caminho...

O que não foi o meu caso.

O GPS mostrava que faltavam alguns quilômetros para a entrada do vilarejo, quando o carro resolveu simplesmente parar. E apesar de eu trabalhar pilotando carros, a parte mecânica não era realmente comigo. Conhecia o básico, mas não o suficiente para saber qual peça havia quebrado, até porque, uma equipe de mecânicos e engenheiros estava à minha disposição quando o carro de Fórmula 1 apresentava algum erro.

No momento, eu não tinha ninguém. Apenas a imensidão verde das montanhas ao meu redor, e o azul do mar cristalino abaixo na encosta.

Ma che cazzo, Howie! – Xinguei em italiano meu empresário, apoiando a mão no capô do carro que estava aberto, não tendo ideia do que deveria fazer. — Estou começando a achar que essas férias foram uma péssima ideia. — Balbuciei ao vento.

Apertei novamente o botão inicial do celular, torcendo para que apenas uma barrinha de sinal aparecesse na tela, para ligar para alguém me socorrer, mas o sinal continuava zerado.

— Que pesadelo. — Murmurei para mim mesmo.

Era tarde demais ter desejado não ter saído da Irlanda em primeiro lugar?

Deveria ter ficado em casa, algo desde o começo me dizia para não aceitar aquela proposta.

Apertei os lábios em uma linha reta, tentando achar alguma solução para o meu problema, qualquer que ela fosse.

— Você está precisando de ajuda? — Disse uma voz em um sotaque italiano perfeito e apesar do tom suave, dei um sobressalto sentindo meu coração disparar e quase sair pela boca.

Uma garota de cabelos castanhos claros e longos, que deveria ter mais ou menos a minha idade, parou ao meu lado com um sorriso bonito emoldurando seus lábios tingidos de batom vermelho.

Dio Mio! — Exclamei, colocando a mão no peito. — De onde você surgiu?

A garota soltou uma risada contida apontando para o automóvel parado atrás do meu, ao proferir:

L'Armonia PerfettaOnde histórias criam vida. Descubra agora