Feliz natal, bebês!
— Ei, Hazz, me passa o secador!
Estavam juntos no banheiro, se arrumando. Sairiam em um encontro naquele dia, em poucos minutos. Para Draco, não passava de um encontro normal onde comeriam e trocariam carícias, mas para Harry, aquele seria um dos dias mais importantes da sua vida.
O seu estômago revirava apenas de pensar em ter que se ajoelhar diante do mais velho e propor algo tão sério como casamento. O medo dele não aceitar, dele achar ser muito cedo e cair fora assombrava o seu coração, mas ele se convencia de que Draco o amava tanto que jamais consideraria outra resposta que não fosse um "sim" agitado. Sirius e Remus confirmaram a hipótese.
— Pra onde nós vamos? — Draco questionou, terminando de arrumar as suas vestes.
— Um restaurante italiano. A comida é muito elogiada. Tudo bem por você, bebê? — Potter o encarou, com seus olhinhos mansos.
— Claro que sim. — Ele selou a bochecha do mais novo.
Harry sorriu, verdadeiramente feliz com aquele toque. Terminaram de se arrumar juntos, trocando alguns gestos bobos que tranquilizaram o tumulto dentro do peito do mais novo entre os dois.
Quando o relógio indicou que era quase sete da noite, eles foram até o carro para chegarem a tempo de não perderem a reserva. A cada curva que Draco induzia o carro a fazer, uma ponta de nervosismo crescente nascia em Harry. Ele podia sentir o suor frio em suas bochechas quentes, o tremor insistente em suas mãos e o impulso de batucar os pés contra o chão do carro. Malfoy o olhava de lado, atento aos sinais de ansiedade que o rapaz demonstrava, mas preferiu fingir que não estava vendo nada. Se ele não disse o motivo de estar eufórico daquela maneira, ele não queria que Draco soubesse.
Assim que o letreiro dourado e delicado do restaurante alcançou a sua vista, Harry respirou fundo antes de deixar os seus pés o guiarem até fora do carro, onde ele esperou pacientemente por seu namorado, que procurava uma vaga no estacionamento lotado. O céu estava bonito, lotado por estrelas que tinham seu brilho ofuscado pelas luzes radiantes dos estabelecimentos.
De mãos dadas, eles entraram dentro do lugar. Estava cheio como de costume, casais e colegas de trabalho sempre estavam ali, não havia um dia em que o estabelecimento não estivesse muito movimentado. Falaram com um rapaz de aparência jovial, que os indicou a mesa reservada; ela ficava só lado de uma grande janela de vidro.
O restaurante ficava no topo de uma coluna, possibilitando assim que eles admirassem a cidade inteira que parecia uma casinha de bonecas quando vista do alto. Mas, sem dúvidas, a visão era digna de um batimento cardiaco acelerado: os grandes prédios se tornavam minúsculos, mas ainda grandes se comparados às casinhas que só podiam ser vistas graças à presença de luzes. E, ah, as luzes... quando vistas de tão alto, podiam ser comparadas a grande estrelas que caíram do céu.
— Aqui é perfeito, Hazz. — Draco sorriu, e Harry se pegou admirando as estrelas.
Não eram as estrelas dos céus, tampouco as que supostamente caíram no chão. Eram as estrelas dos olhos azulados de Draco, que lembravam um céu em dia de verão.
— É realmente perfeito...
Draco sorriu mais uma vez, tornando a admirar a paisagem lá fora. O ambiente era confortável, uma música calma soava dos auto falantes, com uma voz feminina sobressaindo ao toque do provável ukulele. Um garçom viera anotar os seus pedidos; demoraram um pouco para escolherem, mas como Draco ficou em dúvida entre Ossobuco com polenta cremosa e Bisteca Fiorentina, cada um deles pegou um para que ele pudesse comer dos dois.
Comeram juntos, tirando várias fotos daquele momento que ficaria gravado para sempre na memória dos dois. Fosse positivamente, ou não - caso desse tudo errado, é claro, ainda era uma possibilidade. Risadas foram trocadas, a cada sorriso genuíno, toques singelos e beijos molhados, o coração de Harry se acalmava ainda mais. Eles eram feitos um para o outro, não tinha a chance de não ficarem juntos durante o resto das suas vidas.
A insegurança ainda existia, lógico. Ele sentia o medo correr pelo seu corpo, dominando cada centímetro seu, mas ele ignorava a tentativa descarada do seu pavor tentar fazê-lo voltar atrás naquela decisão tão importante. No fundo, a única certeza que ele tinha era que tudo que ele mais queria era passar o resto da sua vida ao seu lado.
Quando a hora da sobremesa finalmente chegou, Harry trocou um olhar cúmplice com um dos garçons, que já sabia da sua ideia, pois já tinham conversado antes. Minutos depois, quando o souflê de chocolate chegou coberto por um objeto meia lua de prata, Potter soube que era o momento.
Quando o objeto fora retirado de cima do prato, Draco ofegou assustado. O sorriso de seus lábios diminuíram gradativamente ao ver o anel dourado em cima do doce, acompanhado pela frase "Quer casar comigo?" escrita por chocolate e coberta por granulados coloridos.
Ele ficou calado por alguns minutos, de cabeça baixa, estático, observando o prato. Harry se lamentava internamente, aceitando sua cruel derrota e se prendendo para não derramar as lágrimas grossas que se acumulavam em seus olhos, refletindo os sentimentos dolorosos que o invadiram. Quando a primeira lágrima desceu, seguida de uma fungada mal contida, Draco pareceu voltar a realidade. Os seus olhos buscaram a imensidão azul tomada por lágrimas de desespero e ele se levantou, sem dizer uma única palavra. Quando Harry pensou que ele iria embora, ele se jogou em seus braços. Seu impulso foi segurá-lo firmemente.
Os soluços do mais velho ecoavam pelo seu ouvido, o toque firme das suas mãos rodeando o seu pescoço, as lágrimas molhando o seu ombro, o choro baixo refletindo no seu. Os outros clientes observavam a cena sem descrição, parecendo interessados em saber o que acontecera para deixá-los naquele estado no meio do restaurante.
Aos poucos, o seu choro parou. Ele se afastou, a ponta do narizinho avermelhada, combinando com as suas bochechas e olhos. Harry sentiu o coração apertar e deslizou a mão pelo seu rosto molhado, selando os seus lábios em um selinho calmo. Àquela altura, ele já sabia que aquilo definitivamente não era um "não".
— Você quer casar comigo, Dray? — As palavras deslizaram para fora da sua boca sem que ele tivesse real controle sobre elas.
Malfoy, desta vez, não se engatou em um choro profundo. As lágrimas em seus olhos continuaram ali, e os tornaram ainda mais brilhantes do que já eram. O sorriso largo preencheu o seu rosto e incentivou o sorriso bobo de Harry, que crescia a medida que o loiro em sua frente balançava a cabeça freneticamente.
— Eu não podia ter outra resposta. É claro que eu quero, Hazz, eu quero muito! — Ele segurou o seu rosto em suas mãos trêmulas, colando as suas bocas em um beijo.
O restaurante se encheu de palmas e soluços comovidos de alguns clientes. As bochechas rosadas indicavam o constrangimento dos dois, mas jamais poderia indicar qualquer resquício de arrependimento. O anel dourado cintilava no dedo de Draco, que se pegou o admirando várias vezes.
Pingos grossos caíram do céu na hora que eles pisaram para fora do estabelecimento. O impulso de colarem os lábios embaixo da chuva veio de Harry, mas foi mais que bem recebido por Malfoy. Despreocupados, então, eles depositaram cada partícula de amor que sentiam.
Naquele dia, eles entraram no restaurante como namorados, mas saíram como noivos. Ali, se iniciava uma vida a dois.
O começo de tudo.
🦁+🐍
© daeggucci
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When I Was Your Man - dra.rry
FanfictionQuando Harry e Draco deixaram de esbanjar amor, como faziam? Será que foi quando Malfoy deixou de surpreendê-lo com flores a cada fim de expediente? Quando priorizou seu trabalho, invés do homem que amava? Quando desmarcava compromissos dez minutos...