Culpa

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Bom dia Culpa,

          Estou entrando em contato para pontuarmos algumas coisas neste momento. Sei que você não existe, então acho que estou fazendo um monólogo aqui. Você aparece nessas estruturas sociais que criamos, e só cabe a nós mesmos nos libertarmos delas, da maneira que for possível. Estou percebendo que este não é um trabalho tão fácil.

          Deixei você permanecer por perto, por muito tempo, e aos poucos estou conseguindo liberar você. Ainda assim, não está sendo tão simples. Nós, seres humanos, somos complexos, perspicazes, o melhor e o pior possível. Agora vejo que você está intimamente ligada com o poder, e todas as estruturas que ele envolve. Odeio terem te nomeado no feminino, mas, infelizmente, neste mundo, faz sentido.

          Estou tentando te desfazer, das minhas memórias, dos meus desejos e impulsos, estou tentando te colocar para fora. Então acho que isso que escrevo é um lembrete, de que sou eu quem te deixo entrar, então posso te pedir para sair. Não tenho mais uma relação de apego com você, quando perceber que está por perto, vou tentar te mandar embora. Não vou pedir desculpas por isso. Acredito que agora você está funcionando para mim como um aviso, para rever meus conceitos.

          Dito isso, não venha para ficar. Movimentarei o que for necessário, mesmo sendo doloroso, mas não pretendo ficar muito tempo no mesmo lugar. Já assumi muitas dores pelas minhas escolhas, agora falta eu assumir as delícias de ser quem eu sou. Não é fácil fazer isso neste mundo, neste momento, mas você não estava me ajudando. Acho que você só ajuda se for breve. Então, acho que já me demorei demais.

Adeus.

Eu.

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