1-Unica Cura

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Diario da Shuhua 📔 22/06/2020

Depois de muito pensar, finalmente decidi voltar a escrever no meu diário. Eu nunca tive amigos para conversar, nunca tive alguém na família que tentasse puxar algum tipo de assunto, portanto criei este diário como uma forma de me abrir, e contar como eu me sinto.

Fui a escola, aquele lugar que antes era um pesadelo para mim e começou a se tornar menos pior, por sua culpa, Seo Soojin.

Desde quando você chegou na escola e me defendeu dos meninos que faziam bullying comigo, desde quando você se ofereceu para limpar os meus machucados quando alguns adolescentes decidiram bater em mim, desde quando você apareceu na minha vida, tudo ficou melhor.

Hoje eu sei, hoje eu sinto que você foi a melhor coisa que me aconteceu. E a partir do dia que eu te vi pela primeira vez, eu soube que tudo ficaria melhor.

Infelizmente fui covarde demais para falar com você, ou tentar criar uma amizade. Mas eu não estava acostumada com as pessoas me tratando tão bem assim. Normalmente elas ririam e apoiariam os bullies, mas você me defendeu.

Infelizmente o bullying não parou, eles não pararam de me ofender e soltar palavras ruins contra a minha pessoa. Contudo eu não ligava mais, pois eu tinha você, não é?

Hoje você estava linda, como sempre. Entrou na sala com o seu grupo de amigas, Yuqi, Miyeon, Soyeon e Minnie.

Você conversava animadamente com suas amigas enquanto arrumava os seus materiais na sua mesa, por que tão linda?

Eu queria falar com você, eu queria te dizer o quão linda era e o quão linda ficava sorrindo, mas eu era tímida demais para cumprir tal ato.

Ao decorrer da aula ouvi a professora me chamar, eu nem se quer prestei atenção no que ela falava anteriormente pois a minha atenção estava apenas em você. Você prendia a minha atenção de uma maneira surpreendente. Eu passaria meses com os meus olhos focados em você.

-Sim? -perguntei

-Pode se levantar e dar um exemplo no quadro do que eu acabei de explicar para a turma?

Droga Shuhua.

Levantei nervosamente do meu assento, sentindo aqueles olhares em mim. Entretanto nenhum deles importava, já que Soojin olhava para mim.

Eu odiava os momentos em que era o centro, odiava os momentos em que eu chamava a atenção de todos e odiava ainda mais quando Soojin me olhava.

Eu tinha vergonha de mim mesma, tinha vergonha da pessoa que eu era, eu me odiava. Eu odiava a minha voz, o meu corpo, o meu jeito de andar...eu odiava tudo em mim, e Soojin não merecia isso.

Ela merecia olhar e apreciar pessoas que eram bonitas, inteligentes, luxuosas, que realmente se amavam. Ela não merecia olhar para mim...

Por que eu era um simples, ninguém.

Eu olhei para o quadro e dei uma breve lida. Fiz um cálculo ali com base no que eu tinha lido. Assim que acabei escutei a professora bater palmas no fundo e quando me virei de  frente para todos, ela opinou.

-Deveria se sentar na frente e falar mais nas aulas Yeh Shuhua, você é uma ótima aluna, tenho certeza que as suas opniões ajudariam a turma. - Sorriu largamente

-Professora, não de ideia para ela! Eu não quero ver essa feiosa se sentar na frente, quero ver pessoas bonitas como a Miyeon. -Escutei um dos garotos que fazia bullying comigo falar, fazendo com que o sorriso da professora se desmanchasse

-Você esta aqui para estudar e não para reparar nas meninas! Deveria aprender mais com Yeh Shuhua, ja que as notas dela são as melhores da turma. - Estava acontecendo de novo...tudo de novo....

-Posso ir ao banheiro? -Perguntei baixo

-Claro Yeh.

Sai rapidamente da sala e fui em direção ao banheiro tentando controlar a batida acelerada do meu coração. Eu respirava profundamente me lembrando das diversas vezes em que estive em situações como aquela. Em diversas situações que eu sofri bullying.

Os bullies ainda me afetavam de certa forma, eles foram e sempre serão um trauma para mim. Eles me perseguem desde pequena, e fazem parte da maioria dos meus pesadelos e das minhas noites mal dormidas.

Normalmente eu lidava com eles chorando quando chegava em casa, mas, eu descobri uma coisa que me aliviava muito mais que chorar, a dor física. Então passei a me cortar, quase morrendo algumas vezes por ir fundo demais.

E naquela manhã não foi diferente, eu estava no banheiro me cortando. Porém dessa vez o fazia nas coxas, pois meu braço já estava muito sacrificado com os cortes.

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