Capítulo 13

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Leva-se apenas dois segundos para tudo sair do eixo, mas precisa-se de muito tempo para colocar as coisas em ordem. Charlie contornou a borda da caneca com o indicador e viu Willy cutucando a caneca dele com os polegares. O relógio analógico de madeira tiquetaqueava tranquilamente enquanto os dois ficavam quietos, apenas pensando em sabe-se-lá o que.

"Está melhor?" Willy perguntou. Os bolinhos, que ele havia feito, mal foram tocados.

"Tem algo que preciso fazer e é impossível fazer agora," Charlie sussurrou. "Aí vou ficar bem." Eu espero, adicionou em pensamento.

"Não creio que sua mãe vai ficar brava se você ligar para ela agora."

Charlie soltou um riso suave e breve, "quem disse que eu estava falando do que houve hoje?"

O celular do professor de literatura começou a vibrar antes que Willy pudesse digerir o que acabara de escutar. A vibração ruiu de forma alta, forte, potencializada pela tela que estava beijando a madeira da mesa de centro. Charlie Bucket pegou o celular e atendeu com as sobrancelhas franzidas enquanto via o rosto de Arthur Slugworth em sua tela. "Bucket", atendeu.

"Wonka está com você?" A voz de Arthur vinhada bem longe, mas audível. Havia um tic tec que denunciava a seta do carro piscando e, por mais que o Bucket pudesse querer saber como o diretor parecia saber da presença de Willy, o tom de urgência o deixou em alerta para o que poderia causar aquela sensação tensa na ligação.

"Sim?" Charlie olhou para Willy.

"Bucket!" Slugworth gritou.

"Sim!" Respondeu contra o ladrar de Slugworth. Algo urgente estava acontecendo, pois Arthur, por mais ranzinza e fechado que fosse, nunca gritava.

"Vá para a escola. Os dois. Reunião de emergência."

A ligação caiu deixando Charlie atônito por um segundo. "O que houve?" Willy perguntou de forma tensa e baixa, lendo o corpo de Charlie e se preparando para uma resposta ruim.

"Algo ruim."


Eu sei


Sara Lim gostava de correr. Tá, ela não gostava verdadeiramente de correr, mas gostava de ter este tempo só para ela e seus pensamentos. E desde que Charlie Bucket a enxergou, que lhe deu uma pequena chama de esperança sobre poder, um dia, ser quem deseja, ela sentiu uma energia nova em todo seu corpo e precisou correr.

Vinha correndo depois das aulas todos os dias e só parava quando tropeçava ou ficava tão cansada que mal se mantinha em pé. Aí acabou chamando a atenção de Violet Beauregard que, como sempre, adorava um aluno que se exercitava. O único problema em chamar atenção da professora Beauregard era que nada, absolutamente nada, escapava da mulher. Então, quando ela surgiu para lhe ajudar com as câimbras malucas que atacaram sua perna, Sara Lim soube que estava sob a mira da loira.

"Onde já vi esta mulherzinha?" A senhora Lim perguntou frisando o asco que sentia. Os lábios sempre crispados em asco.

"É a professora Beauregard, mamãe." Sara se encolheu um pouco mais, o medo escapando por cada mísero poro de seu corpo. "Eu juro".

A senhora Lim mexeu os dedos contra o celular da garota. "Então todos os professores daquela escola são depravados!"

Sara gemeu. "Não. Eu só falava com ela sobre corrida, mamãe. É uma ótima forma de ganhar pontos para a faculdade." Sara viu o rosto da mãe perder um pouco, quase nada, de tensão e assim soube que tinha optado pela melhor mentira.

O monstro em mim (Fanfic U.A.)Where stories live. Discover now