Capítulo 15

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Tudo planejado. Willy Wonka, quando mais novo, tinha grande parte da vida planejada. Ele cresceria, faria cursos para ser o melhor confeiteiro do mundo e abriria sua própria loja um dia, do mesmo jeito que a confeitaria do senhor Cherry, que ficava na esquina leste da rua Cherry, onde Willy Wonka sempre ia com a mãe comer bolos e tortas de queijo.

"Hm," disse a senhora Wonka depois que Charlie se juntou a eles na mesa, "um cheesecake de limão, neste calor, é uma ótima pedida."

As bochechas de Charlie Bucket ficaram vermelhas com o elogio, ainda mais por ele saber que, para Bianca Wonka, doces eram uma coisa séria demais para se escolher erroneamente.

Willy Wonka, tinha a vida na ponta da língua, do jeito que cada coisa coisa iria acontecer, mas ele não tinha, em momento algum, pensado que o amor aconteceria no meio destes planos. O amor, para Willy, funcionou com aquelas trombadas clichês em filmes, onde a menina anda apressada e o menino anda apressado e eles se encontram de frente na esquina de um corredor vazio. Os papeis com os planos para a vida de Willy Wonka havia voado e ele não conseguiu recolhê-los, pois Charlie Bucket era algo muito mais agradável de se olhar.

"Eu gosto de coisas com limão," Charlie comentou, a voz fraca e os olhos azuis fixos no doce.

"Eu prefiro chocolate," Willy comentou.

"Mas não se pode comer chocolate o tempo todo," Bianca pensou um pouco.

"Há muitos tipos de chocolate, mamãe..." Willy começou a se defender.

"Mas o chocolate exige habilidade." Charlie interviu. "É fácil errar a receita."

Willy cortou um pedaço de sua tortinha. "Acho que aquilo ao qual não se trata com respeito, desanda. As pessoas precisam respeitar o chocolate, só isto."

Os planos de vida, que Willy Wonka tinha feito, ficaram no chão por muito tempo. Se sujaram, se desintegraram, foram pisoteados. Mas ele não conseguiu deixar de olhar Charlie Bucket, fosse com amor, fosse com ódio, fosse com saudade.

O seu pai me odeia


Charlie Bucket acionou o alarme do carro e arrumou a gola da camisa. Tinha saído absurdamente rápido de casa e nem tinha visto que a gola estava meio dobrada. O sono tinha lhe dado leves olheiras e isto o fez suspirar - ignorando, claro, que ele estava com hematomas das brigas em que tinha se enfiado em tão pouco tempo.

"Você deveria ter optado por tomar banho primeiro," Wonka comentou enquanto esperava ele terminasse de se ajeitar.

"Quando você apanhar enésimas vezes, quase que em sequência, vai entender o motivo de eu ter escolhido dormir uns minutos a mais."

Um sorriso surgiu no rosto de Wonka, mas se tornou riso quando o olhar de Charlie se tornou uma ameaça nada velada. "Sinto-me um tanto vingado, confesso," Wonka adicionou quando o amante passou por ele em fúria plena. "Vamos lá Bucket, você acabou com meus planos de abrir a maior fábrica de chocolate do mundo todo."

O silêncio de Charlie era o protesto dele e Willy sabia disto assim como sabia que o ocorrido anos antes, ainda corroía o garoto. Bom, pelo menos foi o que descobriu muito recentemente, vendo como ele estava destruído por dentro - e agora por fora, mas a destruição externa não era, essencialmente, pelo mesmo motivo.

"Idiota," murmurou Charlie.

Willy deixou que mais um riso curto e suave escapasse de seu corpo. A nuca de Charlie estava quase que completamente à mostra, o cabelo perfeitamente aparado naquele ponto, mas se revoltando no topo, onde estava crescendo para todos os lados. No pescoço era possível ver um pouco da marca dos dedos do senhor Lim, o vermelho vivo que se tornaria roxo e então esverdearia para sumir dias depois. Willy Wonka queria cobrir aquelas marcas por outras mais belas.

O monstro em mim (Fanfic U.A.)Where stories live. Discover now