Capítulo 1

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Willy olhou para o relógio de bolso que deixava sobre a mesa, ainda tinha tempo de sobra, mas isto não queria dizer que sairia no horário para chegar no horário, pois isto, quem fazia, não era ele e sim aquele professorzinho mixuruca que dava aula de literatura. - Puff, pensou com desgosto, quem, em sã consciência, virava professor de literatura? Era preciso muito mau senso para isto, não? - Willy sempre chegaria mais cedo, tendo o prazer de ver o colega chegando apressado.

Tranquilamente, o moreno, quase ruivo, deixou a xícara de chocolate quente sobre a mesa e suspirou. Pela janela de seu apartamento, ele podia ver o nascer do sol e o jardim dos fundos que havia no prédio e quase nunca era usado. O lugar não era muito grande, tinha um quarto com banheiro, um segundo banheiro, um segundo quarto, que Willy havia quebrado a parede para estender sua cozinha, uma mini varandinha. Era um bom lugar, mas não pelo lugar em si e sim pela tranquilidade que havia alí.

Wonka saiu da cadeira, escovou seus dentes pela segunda vez naquela manhã, encarou o jardim mais uma vez. "Hoje será um bom dia," sussurrou à neve que brilhava contra o fraco sol de inverno.


Eu tento, mas nunca me lembro; Do que eu era antes de você 

Charlie estranhou o tempo que estava na cama e a claridade que surgia pela janela aberta. Como ia dormir tarde corrigindo as intermináveis provas e trabalhos, ele normalmente acordava cansado então, bom, por que se sentia tão descansado?

"Ah não!" Gritou enquanto rolava na larga cama em busca de seu celular. Ele, sem dúvida alguma, tinha se atrasado.

De novo!

Os dias úteis na vida de Charlie era um ótimo exemplo de efeito dominó. Ele não colocava o celular para carregar, acordava assustado com o atraso, girava na cama para ver as horas no aparelho e caía do colchão alto que havia comprado. Uma pequena coisa levava a uma sucessão de coisas desastrosas. Havia um eterno hematoma em seu braço e na lateral da nádega direita, a dor já nem lhe incomodava. Ele gemia, esperava uns segundos para se recuperar do tombo e sentava no chão. Pegava o celular que estava adormecido ao seu lado direito, o lado da cama que nunca conseguia usar, e o colocava para carregar.

Tomava um banho correndo, enfiava uma banana goela abaixo, saía de casa. Voltava para pegar o celular e a pasta com as provas corrigidas que ele tinha esquecido, corria para o carro. Ele sempre chegava faltando cinco minutos para as aulas começarem e agradecia, mentalmente, que sala dos professores sempre tinha pão e manteiga, pois era ali que ele tomava o café da manhã.

"Se atrasou um minuto, Bucket."

Charlie olhou para o relógio de pulso. "Seu relógio está adiantado Wonka, faltam quatro minutos para o início das aulas."

Willy Wonka sorriu de forma maliciosa, alertando que via Charlie como um reles ratinho que o gato brinca antes de matar. "Quem liga para isto? Estou falando do seu horário habitual."

Charlie terminou de mastigar seu pãozinho duro salvador de todos os dias, os olhos claros analisando o sorriso venenoso que o professor de economia doméstica - que era basicamente como aprender a cozinhar e sobreviver caso seus pais morram em um trágico acidente - esculpia com tamanho fervor.

"Está dizendo, então, que acompanha minha rotina diária?"

Willy mudou de expressão, o sorriso teve uma repuxada no lábio superior e então foi morrendo em algo azedo. "Devo dizer, meu caro, que sua rotina infantil não precisa de muito para ser decorada."

O sinal do início das aulas soou como um gongo, pausando aquela briga matinal para que os dois lutadores pudessem se reerguer, preparar novas ferramentas e então se atacarem durante o almoço. Pois, por mais que o casal adorasse alfinetar uns aos outros, eles nunca deixariam suas obrigações para segundo plano. Primeiro, educariam crianças para que elas se tornassem adultos competentes, depois, atacariam um velho inimigo.

O monstro em mim (Fanfic U.A.)Where stories live. Discover now