A ESTRADA

Capitulo 3

A  cabana da velha bruxa era uma casa bem afastada do centro de um povoado não muito longe dali.

O Local havia ganhado esse nome dos habitantes locais porque ali morava, em outros tempos, uma senhora sozinha, com seu gato preto. Ela quase nunca era vista, raramente ia a cidade ou falava com alguém.
Pelo seu comportamento estranho ganhou o apelido de Velha Bruxa.

Mesmo sem saber o pessoal dali havia acertado. A velha senhora, Barthira Wooden, era esse o seu nome, era mesmo uma bruxa. E a população raramente a via porque ela raramente estava em casa, apesar de parecer o contrario pois as luzes se acendiam e sempre havia fumaça saindo pela chaminé. Barthira havia sido, em outros tempos, secretaria do ministro do transporte bruxo, e sempre estava em viagens por conseqüência disso. Sua verdadeira casa era em outro lugar. Aquela cabana simples era usada quando ela precisava manter contato com algum trouxa que, por motivos óbvios, não podiam conhecer sua real residência.

Barthira já havia morrido a algum tempo e agora sua cabana estava abandonada. Ela não tinha parentes, e mesmo que tivesse, era muito pouco provável que alguém se interessasse pelo local.

Mas Hermione se interessou. Enquanto planejava o resgate de Severo, havia ido até o povoado em uma das suas muitas caminhadas de reconhecimento. Quando descobriu a casa o povoado já havia crescido e se tornado uma cidadezinha agradável, mas a velha cabana continuava ali. Quando ficou sabendo da casa ela fez uma rápida pesquisa no cartório local e descobriu que na época da captura de Snape ela já se encontrava desabitada. Lugar mais perfeito para esconder-se não havia.
Ninguém no mundo mágico parecia saber, ou dar importância para sua existência, e os habitantes locais... eram muito supersticiosos para irem até lá.

A Cabana era construída com grandes toras de madeira cortadas. Atualmente Trepadeiras floridas cresciam pelo lado de fora da chaminé de pedra, espalhando-se pelo telhado, e o terreno que devia ter sido limpo na época que a proprietária era viva, agora exibia uma densa floresta renovada. Isso dava a cabana isolada a aparência de algo saído do meio de um conto de fadas. Uma pequena casa de madeira, situada no meio de um bosque impenetrável.

Perfeito.

***

Ela pousou com o tapete em uma clareira em frente a casa, uma das poucas áreas ainda não tomadas pela vegetação.

Tocou a testa dele com uma das mãos. Muito quente, mau sinal. Precisavam entrar logo. Lá dentro tinha tudo o que precisava para cuidar dele, para salva-lo. Devia isso a si mesma, devia isso ao amor que ele lhe dedicou e o gesto que fez para salvá-la de um destino semelhante e que ela só soube quando era tarde demais.

Levantou-se e puxou a varinha. Com um feitiço fez o corpo dele levitar suavemente. Seguiu então para dentro da cabana. Assim que ela atravessou pela soleira da porta as luzes de candeeiros acenderam-se e a lareira se iluminou. A cabana tinha quatro aposentos. Um quarto e uma cozinha, que eram praticamente parte da sala e um minúsculo banheiro separado por um corredorzinho escuro. Ela havia "chegado" ali um dia antes e preparado tudo. 
Havia lençóis e fronhas limpos na cama de casal, que antiga, mas de uma boa madeira que devia ter sido enfeitiçada para espantar  os cupins. Na cozinha já estavam algumas ervas que ela precisaria para preparar uma poção, ou duas, para ele.
Ajudava muito ter vindo do futuro  e saber o que poderia ocorrer com ele. Dessa vez a morte não levaria a melhor. Colocou-o na cama e antes de iniciar os cuidados com ele foi ate a janela e agitou a varinha.

-Tenebris!

A noite, que já havia caído com toda a sua intensidade no bosque em volta da casa, pereceu escurecer ainda mais. Até o brilho das estrelas pareceu se tornar menos luminoso. Quem por um acaso passasse por ali, não enxergaria muita coisa, correria o risco de perder-se no escuro. A casa estava em sem segurança, oculta pelas trevas dos olhares curiosos.