A ESTRADA

Capitulo 4

Essa primeira noite foi a pior de todas. A febre de Severo parecia não querer ceder e Hermione travou uma batalha árdua contra o próprio Snape que se debatia na cama envolto em pesadelos. Precisava evitar que ele se machucasse ainda mais então utilizava o peso do seu corpo para mante-lo quieto mas era difícil. 
Todo o tempo ela conversava com ele, dizia que se acalmasse que ela estava ali e que ele não estava só. Certas horas ele parecia escuta-la mas em outras sua fúria era tanta que por duas vezes Hermione foi derrubada de cima da cama.

Quando a madrugada veio chegando ela estava tão cansada que acabou adormecendo sentada no chão com a cabeça apoiada na cama. Sua mão segurava a dele todo o tempo.

***

Severo abriu os olhos mas não enxergou nada.
Estranhou a ausência da dor que antes o acompanhava. Não estava mais aprisionado, isso ele sabia. Lembrava-se de algumas coisas, vozes, gritos, um toque macio em seu rosto que pareceu uma ilha de serenidade em meio a loucura que o envolvia. Lembrava-se de uma voz delicada que lhe falava com carinho e que o impedia de mergulhar nos baços dos demônios que povoavam seus pesadelos, que o puxava de volta quando o desespero ameaçava levar-lhe. Sentia muito sono mas não queria ficar inconsciente novamente. Sentiu que alguém segurava sua mão.

-Onde eu estou? –Ele conseguiu dizer apesar da garganta estar seca e dolorida.

Hermione levantou a cabeça rapidamente. Demorou alguns segundos para acordar direito. Ele estava consciente. A mão que segurava a sua apertava-a com força.

-Está a salvo, não se preocupe. –Ela levantou-se e tocou no rosto dele com carinho falando devagar.

-Não posso enxergar!

-Foi em conseqüência dos traumas e feitiços que te lançaram, mas não se preocupe, sua visão voltará .

-quem é você? Nos conhecemos?

Ela ficou em silencio um tempo e então se decidiu.

-Sou Alguém que se importa com você! –Dizendo isso ela o beijou de leve nos lábios. Sentiu o rosto esquentar. 

Não era uma virgem mas estava parecendo uma agora. Porque cada toque ali importava. Antes nunca significava nada. Era só uma tentativa de preencher um vazio que nunca acabava. Até encontrar as anotações e ter a ideia de vir para onde estava agora. Nada nunca pareceu tão certo.

-Não pode ser... - ele respirou fundo - você... estou tonto...

-Shhh, descanse, quando acordar estará melhor...

-Você... - Severo respirou fundo novamente. Estava difícil se manter consciente mas queria continuar ali.

-Vou ficar bem aqui ao seu lado, descanse... – Ela acariciou a face dele suavemente e Snape voltou a adormecer.

***

De tempos em tempos Hermione preparava uma poção trabalhosa e fortificante que fazia com que ele tomasse com paciência. Era uma poção antiga e poderosa, mas ela era ou não era a melhor aluna de poção de Severo Snape, apesar dele sempre ter se recusado a admitir isso. Era isso que ela fazia nesse momento na cozinha, mexia o pequeno caldeirão que fervia devagar, enquanto a manhã se descortinava pela pequena janela frente a ela.

Lá fora, tudo o que era verde parecia respirar luz. Os pássaros saudavam o dia que chegava com uma algazarra melodiosa. As gotas do orvalho da madrugada pareciam absorver os primeiros raios do sol que aparecia por entre as folhas das árvores da mata cerrada.