Capitulo 5

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Mais um dia se passou.

Hermione preparou uma poção de ervas e colocou o caldeirão para ferver perto da cama. Os vapores liberados por essa poção eram curativos e fortificantes e devolveram um pouco mais de cor ao rosto pálido dele.
Ele não acordou mais, mas ela sabia que era só uma questão de tempo. O pior já havia passado e o corpo dele reagia bem aos medicamentos.

A noite havia chegado mais cedo. O céu estava escuro e pesado, parecendo tocar o topo das árvores ao redor da casa. Uma chuva se anunciava com o som de trovões vindos de longe, mas que se aproximavam a medida que o tempo passava. A temperatura começava a cair levemente e o som do vento assoviando por entre as janelas era agradável de se ouvir.

Hermione ajeitou o xale, cor de rosa-antigo, com detalhes vermelhos , que usava nos ombros. Estava sentada no chão em frente a lareira. Havia tomado um banho quente e demorado. Estava mesmo precisando.

Lavou a cabeça e sentiu que havia tirado quilos de sujeira do corpo.

Havia vestido uma calça comprida de lã vermelha e uma blusa sem mangas branca com rendas delicadas nas alças e no decote. Os cabelos estavam soltos, terminando de secar formando cachos grandes e fofos. Se sentiu estupida arrumando-se um pouco e pensando que caso ele abrisse os olhos queria estar pelo menos agradável e não com a cara de quem correu 200 quilômetros como tinha estado.

Bebeu um pouco do chá de macela que esfriava em uma caneca ao seu lado e deu um suspiro olhando para o livro que tentava ler. Fechou-o com um gesto de enfado. Não estava com cabeça para leituras. Seus pensamentos iam e vinham do futuro para o passado, que agora era presente, mas que podia deixar de ser e...

Nossa, que confusão...

-O que está acontecendo aqui... Hermione? - uma voz grave ecoou pela sala. - Acho que tenho o direito de saber.

A caneca que ela segurava deu um pulo de suas mãos e se espatifou em frente ao fogo molhando parcialmente o livro fechado em seu percurso. Respirando fundo ela pegou sua varinha e consertou o estrago feito devagar. Só depois, com o coração voltando com certa dificuldade ao ritmo normal, foi que ela se voltou na direção do dono da voz que a havia assustado.

Ele estava de pé em frente a porta do quarto.

Seu coração voltou a bater rápido. Os cabelos negros dele, estavam molhados, na altura do queixo e ele estava descalço. Provavelmente havia se lavado antes de vestir-se. Ela havia deixado uma pequena bacia de lousa, que achou em um dos armários, com água no quarto junto com as roupas limpas que havia conseguido. Uma calça comprida preta e uma camisa branca de mangas compridas, simples mas confortável.

-O que gostaria de saber? - ela conseguiu desengasgar - Pode perguntar, mas antes deveria sentar-se. Não sei se já...

-Quer parar de usar esse tom de voz doutoral comigo moça? Não vai conseguir fugir da verdade assim.

Hermione desviou o olhar do rosto serio dele. Havia esquecido  o quanto ele era perspicaz. Respirou fundo pedindo coragem a Deus. A hora havia chegado!

Severo Snape atravessou a sala, mancando um pouco por causa do ferimento na coxa. Estava quase totalmente cicatrizado mas ainda incomodava na hora de pisar. Sentou-se no chão ao lado dela mas arrependeu-se disso ao sentir o cheiro que vinha dos cabelos recém lavados. Maçã e canela.
Se pegou imaginando se a pele dela teria o mesmo cheiro e desviou os pensamentos desse caminho. Não era hora nem lugar para devaneios tolos ele sabia, mas não conseguia esquecer da voz suave dela ecoando em seus ouvidos nos momentos que lutava contra a dor e a escuridão, do seu toque, do seu... gosto. Queria ter certeza de que foi tudo um delírio por causa da febre, que estava apenas imaginando o sabor dela...

A ESTRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora