Capitulo 1

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Hermione abriu os olhos devagar sem reconhecer a colina onde estava. Também pudera. No futuro ali não era mais uma colina deserta com uma floresta se iniciando ao longe. Era uma rodovia movimentada que era usada pelos trouxas para transporte através do país. Respirou fundo e colocou a corrente que ainda segurava para dentro do suéter preto que vestia. Que importava o que os trouxas iam fazer com aquele lugar? Precisava se concentrar! Estava ali para fazer a coisa mais importante da sua vida e não podia deixar que coisinhas idiotas como aquelas lhe distraíssem.

Enrolou os cabelos cheios e cacheados, agora mais compridos do que usava na época do colégio, no alto da cabeça e prendeu-os com um pauzinho. A ultima moda ditava que os cabelos devia ser costados na altura do queixo,mas ela nunca foi de ligar para isso mesmo. Cuidava de seus cabelos que andavam sempre bonitos e macios, mas os queria grandes, por queria que ele... Não! Não era nem hora nem local para aquilo. Ajeitou a mochila que trazia nas costas, checou o bolso lateral da calça Jeans, também preta, para ver se sua varinha estava ali e ao constatar que tudo estava como deveria estar começou a caminhar.

Desceu o declive do terreno e seguiu para o lado direito, na direção da floresta. Não precisava de feitiço dos quatro pontos para se orientar, sabia o caminho de cor e salteado. Tudo o que estava fazendo ali já havia sido feito e refeito várias vezes, com o tempo sendo milimétricamente contado e recontado.
Só que era outro tempo, outra época. Antes era só um treinamento para a coisa que faria naquela noite. A coisa tão importante, para a qual havia se preparado durante anos e que iria mudar, se tudo desse certo, a sua vida para sempre.

Entrou por entre as moitas e caminhou até achar um grande carvalho. Dali ela virou para a esquerda e caminhou durante meia hora, sempre em frente. O suor escorria das sua testa mas era um mero incomodo que ela se livrava com as costas das mãos. Chegou então ao riacho como sabia que seria. Continuou seguindo sua margem e, quando ele se alargou ela entrou nas águas e atravessou para o outro lado.

Encontrou uma certa dificuldade para subir a margem mas no fim conseguiu. Examinou a mochila e ela continuava seca. Claro, ela havia enfeitiçado, não tinha como sair errado. O sorriso morreu-lhe nos lábios quando notou uma coisa escura e viçosa grudada em seu pulso. Sabia o que era. Que bruxo não reconhecia um sanguessuga quando via um? Só que eles eram bem úteis mortos e em poções, não colados em seu corpo.

Tirou a criatura com uma careta e depois sentiu um incomodo no pescoço. Já imaginando o que iria encontrar levou a mão ao local e retirou de lá uma outra dessas criaturas repulsivas. Sentiu um arrepio de nojo pelo corpo e rapidamente se livrou do suéter molhado, da camisa branca que usava por baixo, havia vários deles colados em seu braço. Com um gemido de raiva ela se livrou da calça, das botas e das peças intimas, retirando os últimos sanguessugas colados ao longo de suas pernas.

Se alguém, em especial um homem, passasse por ali naquele momento não poderia evitar de parar e apreciar a cena. Uma bela mulher de vinte e cinco anos, com o corpo cheio de curvas, seios fartos e molhada, a beira de um lago, sobre a pouca luz do dia que escurecia. Pensaria provavelmente que os céus o estavam agraciando com uma visão.

Hermione nem pensava nessa possibilidade. Só queria se livrar dos intrusos nojentos e voltar para o plano original. Já estava perdendo muito tempo com esse imprevisto inesperado. Quando acabou de esmagar com o calcanhar o ultimo bicho inconveniente ela secou as roupas com a varinha, aproveitando para fazer uma inspeção nelas procurando algum sobrevivente. Depois de vestida, ajeitou novamente os cabelos que haviam se desenrolado do alto da cabeça, e colocou a mochila nos ombros.

Seguiu por uma trilha quase inexistente e chegou então ao seu destino final. A floresta. Que desse lado se encerrava em um barranco razoavelmente alto. Dali de cima se avistava um casebre de aparência miserável. Sentiu um aperto no peito. Não pode evitar, apesar de ter se preparado para isso durante muito tempo. Estava vendo o local onde o haviam aprisionado durante semanas. Torturando-o da pior forma possível.

Severo Snape. Seu ex professor de poções e o homem que amou, que ainda amava, mesmo após ele ter morrido.

O professor Snape, ex comensal da morte e fiel aliado de Dumbledore na luta contra as trevas havia sido aprisionado pouco depois da guerra ter terminado. Após muitas lutas e sangue derramado as trevas e Voldemort haviam sido derrotados. Harry Potter, muito sofrido com tudo o que houve em sua vida pegou sua filha e sumiu pelo mundo.

Harry havia se casado com Cho Chang. Foi um casamento meio corrido afinal a moça apareceu grávida e o sr. Chang foi bater as portas de Hogwarts exigindo uma reparação que foi feita prontamente. Um ano depois a pequena Jezebel nasceu. Era linda! Tinha as feições orientais da mãe, mas quando a menina abriu os olhos a surpresa foi o verde, os mesmo verde dos olhos de Harry.

Hermione retirou a mochila dos ombros e se agachou no barranco. Era impressionante como o passado se repetia. Os comensais havia invadido a casa de Harry e Cho, pra defender a filha, se sacrificou escondendo a menina adormecida no sótão e correndo para fora atraindo a atenção dos invasores. Ela foi morta naquela noite. Harry quase morreu de tristeza. Após a guerra terminada ele pegou a filha e sumiu. Aos amigos, Ela e Rony, ele apenas disse que estava cansado de tudo aquilo. Que queria normalidade para ele e sua filha. Foi a ultima vez que ela o viu.

Só que os comensais que não foram mortos se juntaram para vingar-se daquele que destruiu o seu mestre. Planejavam seqüestrar ela ou Rony e descobrir o paradeiro de Potter a qualquer custo. Ronald Weasley não era um alvo muito fácil pois trabalhava no departamento de execução de leis mágicas. Hermione seria um alvo muito mais acessível pois era apenas uma garota de dezenove anos, fugindo de um amor proibido, sem se preocupar com muitas coisas. Ela só descobriu que Snape havia sido capturado em seu lugar depois da sua morte. Ele havia se entregado ao comensais.

Enxugou duas lágrimas que teimaram em escorrer. Não era hora para chorar! Tinha uma chance mas para isso precisava se concentrar. Agir como havia planejado durante anos. Desde o dia em que viu Severo Snape, seu grande amor morrer segurando suas mãos.

Um grito ecoou pela noite que chegava gelando o sangue dela.
-Severo...
Ele iam pagar. Todos eles. Ela ia cuidar disso pessoalmente. Tinha voltado ao passado justamente para isso. Mas não podia se precipitar. Abriu a mochila e começou a tirar o que iria precisar. Madeira primeiro.

Arrumou as toras de madeira em uma pequena fogueira. O tamanho não era importante. Só precisaria do fogo para ter acesso a casa rapidamente. Voltou a mexer na sacola e retirou de lá um tecido dobrado. Na verdade um tapete. Um tapete voador. Bateu nele com a varinha e o tecido pareceu ganhar vida e ficou espichado na grama como se esperasse algo. Por ultimo tirou um frasquinho de vidro com um pó azulado dentro. Pó de Flú, modificado por ela depois de muito tempo de pesquisa, para funcionar em qualquer tipo de chama, não apenas em lareiras.. Nem havia sido registrado no Departamento de Novas Descobertas da Magia.

Depois de tudo pronto ela pegou sua varinha. Estava na hora de começar. A noite havia caído completamente e os grilos davam ao ar uma sonoridade tranqüilizante.

-Suavis Bruma!

Uma neblina começou a sair da ponta da varinha da moça como fumaça de gelo seco. A principio a fumaça espessa se concentrou em volta de suas pernas. Depois suavemente ela foi se espalhando pelo ar e formando uma espécie de cortina diáfana que começou a seguir na direção da casa. Em poucos minutos era praticamente impossível de se enxergar o casebre.

Hermione sorriu. Próximo passo...

-Venti Glacien!



Você não sabe o quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri minhas e milhas antes de dormir

Eu não cochilei

Os mais belos montes escalei

Nas noites escuras de frio chorei

Continua...

A ESTRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora