Capítulo 1

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Konoha é uma cidade sombria e cheia de velhas lendas.

Conta-se que, há séculos, um clã de vampiros passou a perturbar a paz local, caçando humanos como presas, como se fossem ovelhas prontas para o abate.

Naquela época, um clã humano se rebelou e se juntou para dar fim aos inimigos. Os Senjus, liderados por Hashirama, estudaram e desenvolveram técnicas para matar os "imortais". Descobriram que a madeira da árvore Mokuton, banhada em óleo dos sapos do Monte Myoboku, era capaz de abrir feridas das quais os vampiros não podiam se curar. Somando-se isso à decapitação, seguida da destruição total pelo fogo, era impossível que a criatura das trevas sobrevivesse. Os Senjus dedicaram suas vidas a eliminar esses monstros, mas com o passar dos anos, a lenda foi enfraquecendo e restavam poucos membros dessa família tradicional.

Eles ainda insistiam no perigo dos vampiros, já que, mesmo mais raros, ainda haviam desaparecimentos de pessoas. E, quando encontrados, os cadáveres possuíam a mordida característica no pescoço. O clã Senju ainda tinha um inimigo à espreita e só descansaria quando o liquidasse.


Sakura Haruno completara dezenove anos há dois meses. Estava contente por ter conseguido um emprego na confeitaria.

Graças às lendas malucas, Konoha era um centro turístico dos fãs de terror. Com isso, nunca faltavam clientes para a garota atender.

É claro que ela jamais acreditou nessas histórias seculares. Tinha plena certeza que tudo não passava de invenção do clã Senju para tomar controle daquelas terras. Não é à toa que essa família praticamente é dona de Konoha.

Para Sakura, os desaparecimentos são obras de pessoas malignas. Afinal, o ser humano é capaz de tudo. E é claro que o assassino, ou assassinos, se aproveita da lenda local para sair impune nas investigações da polícia.

Com a chegada do outono, a cidade ficava mais sinistra, atraindo ainda mais gente para visitar a macabra Konoha e o antigo castelo abandonado do clã de vampiros, fundado pelo famoso Madara Uchiha, derrotado pelo próprio Hashirama Senju há cerca de trezentos anos, como diz a lenda. O castelo em si não tem nada de especial, mas é uma imponente construção antiga e isso por si só já o tornaria um ponto turístico.

Enquanto muitos eram fascinados por esse monte de bobagens, o sonho de Sakura era dar o fora de Konoha.

"Tóquio seria legal." Pensando nisso, ela procurou emprego para juntar grana o suficiente para se mudar, afinal seus pais não queriam abandonar a cidade na qual passaram a vida toda.

Depois de uma cansativa tarde no último verão, ela acabou conhecendo uma velhinha, proprietária da confeitaria. Dona Chiyo achou que ela seria um ótimo atrativo, já que a moça tinha um cabelo extravagante. Contratou Sakura e, desde então, ela tem se dedicado ao trabalho. Só não gostava muito de ter que atender os clientes com aquele uniforme de maid tão rosa quanto seu cabelo. Ficava parecendo um desenho animado.

A Confeitaria da Vovó era um verdadeiro contraste com o resto da cidade. Tudo ali era rosa e fofinho e isso atraia gente de todo tipo. Fora que os bolos e doces da velha eram deliciosos.

— Obrigada, senhor, volte sempre. — Sakura sorriu para mais um cliente ao lhe entregar o pedido para viagem.

— Ei, gracinha, me traz mais café — gritou um homem de meia idade.

— Sim, senhor. Já estou indo. — Curvou-se com doçura. A verdade é que cuspiria no café desse imbecil. "Todo dia ele vem aqui e fica olhando para minhas pernas. Velho esquisito!", pensava irritada, de costas para o balcão, enquanto preparava a bebida quente. Fez um belo desenho da folha, símbolo da cidade, com leite. Era assim que aquele cliente costumava pedir.

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