Capítulo 7

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Sakura foi trabalhar distraída. Não conseguia parar de pensar naqueles dois e na encrenca em que se metera.

"Será que o Itachi tem razão? Eu realmente senti alguma coisa pelo Obito?" Fechou os olhos se lembrando do último encontro com o mascarado. "Ele ia me beijar... eu acho. E eu... queria. Oh, vida!"

— O que te aflige, menina?

— Nem eu sei explicar, dona Chiyo.

— Ora, tente.

— A senhora já se sentiu atraída por duas pessoas ao mesmo tempo?

— Ah, a juventude... — Sorriu nostálgica. — Eu já amei e fui amada. O coração é terra de ninguém, não há como prever ou entender certos sentimentos.

— E o que eu faço? Eu... não posso escolher.

— Não seja tão fatalista. Conheça-os. Viva cada momento.

— Não acho que seja tão simples.

— Nunca é... Mas você é jovem. Curta sua vida.

— A senhora é bem... moderninha.

— Eu já fui jovem, não vou fingir que era uma santa. — Deu uma risadinha. — Aproveite, Sakura.

— E se todos sairmos dessa... machucados?

— Não há como saber. Porém, acho que o pior dos arrependimentos sempre será a dúvida. Não saber o que teria sido... Vá por mim, eu já vivi bastante, sei do que estou falando.

— Se arrepende de alguma coisa?

— Me arrependo de não ter aceitado fugir com um rapaz. Sempre fico imaginando como teria sido. Ele era um desses artistas itinerantes. Viajaríamos o país. Mas eu tive medo. Escolhi ficar aqui mesmo. Talvez eu me arrependesse se tivesse ido, mas eu queria muito saber... como teria sido. Ah, menina, essa vida é muito confusa. Nossas escolhas, nossos desejos. Faça o que sentir vontade, mas... nunca se arrependa.

— Parece difícil não se arrepender — comentou amargurada.

— Acho que o segredo é não pensar muito. Ou no fim, apenas aceitar as escolhas que fez. Viva sua vida, menina. Ame, seja amada.

— Não sei. Não sei o que eu quero. Queria fugir, isso sim.

— Por acaso, um desses rapazes... é o Senju?

Ela arregalou os olhos. Era óbvio que seria perceptível, já que ela o via todos os dias. Quem mais poderia ser?

— É.

— O herdeiro da máscara não pode... se relacionar. Sinto muito, minha querida.

— Eu sei. Mas... sinto que temos... algo.

— Tenha cuidado. Não conte a mais ninguém sobre isso. O clã Senju é bem rigoroso.

— Estou muito ferrada, não é?

— Bom, você está vivendo uma paixão proibida. Não vou negar que estou com uma certa inveja. — Fungou uma risada.

— Não fique. A coisa toda é uma loucura.

— E o outro rapaz? É o turista?

— Ele mesmo. — Suspirou.

— Curta a emoção, Sakura. Aproveita a sua juventude.

— Ah, Chiyo... isso é tão complicado.

— Que nada! Se joga. Mas, por enquanto, atenda o casal que acabou de entrar. Vou assar uma fornada de biscoitos amanteigados.

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